A saúde financeira do Clube

Tulio Rodrigues

Nada divide mais as correntes políticas do Flamengo do que a situação financeira do Clube. Patrícia brada aos quatro cantos que as finanças são um sucesso, mas a oposição diz o contrário. O valor real da dívida do Flamengo ainda é um mistério. José Carlos Dias, ex-vice-presidente de Finanças, afirma que a gestão anterior entregou o Flamengo com uma dívida de R$ 350 milhões, e que em 2010 ela aumentou em R$ 100 milhões. Michel Levy, atual vice-presidente de Finanças, nunca revela o valor real.

Levy afirma que já foram pagas muitas dívidas da gestão anterior que não estavam registradas. Dias contesta e argumenta que os balanços foram aprovados. Mesmo dizendo que os cálculos de Dias sobre o aumento da dívida estão errados, uma fonte do Conselho Fiscal confirma o crescimento mencionado. As contradições e omissões sobre as contas do Flamengo não param por aí.

A lei exige que os balanços dos clubes sejam publicados até o dia 30 de abril, após a aprovação. No entanto, isso não tem acontecido no Flamengo, pois o balanço de 2010 ainda não foi aprovado pelo Conselho Fiscal, gerando grande polêmica. O Conselho Fiscal fez 31 pedidos de informação que não foram respondidos pela diretoria, e decidiu que não dará parecer sobre a aprovação ou reprovação das contas. Segundo Leonardo Ribeiro, isso é inédito na história do Flamengo. O presidente do Conselho Deliberativo diz que o caso pode resultar em um inquérito contra a presidente, o que já está sendo discutido por Delair Dumbrosck.

Delair exige a prestação de contas e questiona a elevada folha salarial do clube. Ele argumenta que, desde outubro do ano passado, não recebe respostas sobre a saúde financeira do Flamengo. O ex-presidente enviou ao Conselho Deliberativo uma notificação pedindo a apresentação das contas de 2010, e o processo pode até resultar em um impeachment da presidente. Delair promete recorrer à justiça caso não obtenha respostas em dez ou quinze dias. Ele também questiona os contratos com a Traffic e com a 9ine.

Outro ponto que gera grande controvérsia é a folha salarial, que gira em torno de R$ 11 milhões para quase 700 funcionários. Na gestão anterior, o número de funcionários girava em torno de 400. O Flamengo tem um mecanismo para evitar atrasos salariais, uma linha de crédito que garante três meses de pagamento. Essa linha foi obtida pela gestão anterior. A manutenção dos salários em dia é o principal argumento de sucesso financeiro da gestão de Patrícia, mas todos sabem que a realidade não é bem essa.

Deivid está há mais de um ano sem receber seus direitos de imagem do clube. Esses direitos não são considerados salário, mas representam a maior parte de sua remuneração. Deivid entrou recentemente na justiça para receber o que lhe é de direito, após tentar negociar de várias formas com a diretoria. As parcelas da dívida com Petkovic também não estão sendo pagas, e o clube corre risco de penhora de receitas novamente. Isso é sucesso de gestão financeira? Tenho certeza que não! Se as receitas estivessem crescendo mais do que as despesas, não haveria motivo para preocupação. Hoje, a preocupação é que a gestão de Patrícia Amorim deixe o Flamengo na mesma situação em que Edmundo dos Santos Silva deixou.

As controvérsias:
O que a oposição diz:
O que a diretoria diz:
O orçamento para investimento em jogadores é zero, mas a diretoria gastou R$ 23 milhões com contratações, sem contar o aumento do salário de Ronaldinho.
Os salários dos jogadores e funcionários estão em dia desde o início da gestão de Patrícia Amorim, exceto pelos direitos de imagem de Deivid, que estão atrasados.
A dívida aumentou R$ 100 milhões em 2010 e deve aumentar outros R$ 100 milhões em 2011, atingindo R$ 500 milhões.
Foi assinado o maior contrato de TV da história do clube.
A receita de bilheteria está comprometida com uma divida desde 2010 até abril deste ano.
Há atrasos de salários de jogadores (Luxemburgo, ao sair, disse que houve duas ameaças de greve).
O orçamento deste ano prevê um superávit primário de R$ 60 milhões.
A diretoria coloca dinheiro do futebol nos esportes olímpicos e na área social.
O superávit pode ser maior, pois o orçamento não prevê receitas de bilheteria, venda de jogadores e o acordo com a Cosan
Falta transparência na gestão financeira (faltam informações aos Conselhos).
A diretoria pagou R$ 10 milhões em dívidas trabalhistas e R$ 5 milhões em dívidas civis não contingenciadas no orçamento.
Os gastos com futebol explodiram em quase 50% em dois anos.
A diretoria herdou o clube com R$ 80 milhões em receitas antecipadas.
Fonte de pesquisa: Jornal O Lance!
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