A verdade sobre a Copa União 1987 – Parte 1

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Arte de Bruno Nin
A Verdade sobre a Copa União 1987 –  Confederação falida, Clube na justiça, Inicio do Clube dos 13, Receita recorde com patrocínios, Regulamento sendo decidido com a Copa União já em curso… Entenda como foi todo o imbróglio para o início da Copa União 1987.
O Brasil vivia época de um fervo político e econômico. O povo saiu às ruas pelas Diretas Já e Tancredo Neves é eleito o primeiro presidente após os anos da ditatura militar, porém com sua morte quem assume é José Sarney. A economia prejudicava a todas as camadas, a inflação subia muito e a toda hora durante o dia os produtos nos mercados tinham um preço. Meu pai sempre me contava essa história.

Ainda em 1986 a CBF anuncia que criará a primeira divisão do futebol brasileiro. O Coritiba, campeão de 1985 e eliminado ainda na primeira fase do campeonato brasileiro de 1986, recorre à justiça para estar na primeira divisão de 1987. Alguns Clubes se negavam a jogar o Campeonato brasileiro de 1987 com o Coritiba. Era o inicio de um imbróglio antes mesmo do inicio da competição. Diante de tantos problemas políticos e financeiros, a CBF anuncia que não poderá realizar o Campeonato brasileiro daquele ano.

Diante do problema criado, dirigentes dos principais Clubes do Brasil, entre eles Marcio Braga (Flamengo), Carlos Miguel Aidar (São Paulo), Paulo Odone (Grêmio), Eurico Miranda (Vasco) entre outros se reuniram e criaram o Clube dos 13. Inicialmente eram 12 Clubes: Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional. Em seguida foi convidado o Bahia que integrou o grupo dos grandes Clubes do futebol brasileiro. Como a ideia era fazer um campeonato enxuto, diferente dos outros anos, ainda foram incluídos Coritiba, Santa Cruz e Goiás como convidados. O Campeonato teria no total 16 Clubes que representavam as maiores massas de torcidas do país e com grandes possibilidades de atrair patrocínio, e público. Demais Clubes que ficaram de fora se indignaram.

O problema financeiro para realização da competição foi logo resolvido com o apoio da Rede Globo. Mas antes disso acontecer teve toda uma negociação com a participação de João Henrique Areias que foi um dos responsáveis por negociar o contrato com os ‘mandachuvas’ da Rede Globo Boni, Ricardo Scalamandré e Armando Nogueira. Com uma pedida inicial de US$3.400.000,00 três milhões e quatro centos mil dólares por 42 jogos, a Rede Globo assina do próprio punho do seu presidente, Roberto Marinho, o contrato que viabilizava a realização da Copa União. Mas havia mais um empecilho: A CBF.

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Texto de Juca Kfouri na Revista Placar sobre a Copa União
Quando viu que a Copa União havia se tornado realidade e que os Clubes iriam tocar o campeonato de forma independente, a CBF criou outro módulo também com 16 Clubes que foi chamado de módulo amarelo com os mesmo patrocinadores do grupo do Clube dos 13, o chamado de módulo verde. Porém, começava-se mais um problema por questões de regulamento e transmissão. A proposta aprovada entre o Clube dos 13 e a CBF na questão do regulamento foi a seguinte: 16 clubes divididos em duas chaves de 8 em cada módulo. No primeiro turno, o time de cada grupo jogava entre si e no returno os grupos se cruzariam. Para definir os representantes brasileiros na Libertadores da América, em 1988 os dois primeiros colocados de cada módulo jogariam em um quadrangular. O campeão e o vice representaria o Brasil na competição continental.

Foram criados também os módulos Azul e Branco, uma espécie de série B. E vinha a pergunta: Quem seria o legítimo campeão Brasileiro? Para Eurico Miranda na época, o Brasil teria um campeão do módulo verde, amarelo, azul e branco, ou seja, quatro campeões. Demais dirigentes do Clube dos 13 que organizaram o módulo verde, ignoravam e nem reconheciam os demais módulos. Com o campeonato já em curso, a CBF convida o Clube dos 13 para uma reunião para assinatura do regulamento. Eurico Miranda ficou incumbido de representar o Clube dos 13. Eurico assina o documento que dizia que haveria o cruzamento dos módulos verde com o amarelo para definir o campeão brasileiro. Para Carlos Miguel Aidar, a atitude de Eurico Miranda foi uma traição, o que gerou grande revolta dos demais dirigentes da recém-criada entidade. Segundo o próprio Eurico Miranda, ele tinha poderes para deliberar pelo Clube dos 13, pois era o vice-presidente da entidade e caso não tomasse a decisão de concordar com o cruzamento dos módulos, a Copa União não seguiria até o fim.

Carlos Miguel Aidar, então presidente do São Paulo, afirma que diante da situação foi convocada uma reunião do Clube dos 13 e ficou decidido que o campeão do módulo verde não faria o cruzamento para decidir quem seria o campeão brasileiro. Segundo Paulo Odone, a decisão foi unanime.

Para a Copa União foi assinado o maior contrato de patrocínio esportivo no Brasil. A Coca-Cola, presidida no Brasil na época por Jorge Giganti estamparia a sua marca nos principais Clubes do país, com exceção aos que já tinham o seu patrocínio como o Flamengo, por exemplo. Houve também um pequeno problema por parte de alguns Clubes. O Grêmio não usa nada em vermelho por causa da sua rivalidade com Internacional, coube ao presidente da Coca-Cola autorizar que mudasse a cor a ser estampada, eis que surge algo inusitado que nunca aconteceu antes; a Coca-Cola fica preta na camisa do Grêmio e verde na camisa do Coritiba. Outros Clubes também mudaram a logomarca da multinacional como o Botafogo. Os valores giravam em torno de US$17.500.000,00 dezessete milhões e quinhentos mil dólares que foi divido entre os Clubes.

Depois de tudo isso, a Copa União pôde, enfim seguir seu curso dentro de campo!

Tulio Rodrigues

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Uni%C3%A3o

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