Esse texto foi publicado um dia após a eliminação na primeira fase da Libertadores de 2014 (Até quando?), na partida para o Leon. O Flamengo perdeu por 3×2 no Maracanã. Tirando alguns personagens e acontecimentos, o panorama é o mesmo. Quase que sem tirar e nem por. Quase tudo igual! O que mudou no futebol? Até quando? Reproduzo aqui, o texto na íntegra de três anos atrás.
Torcer é uma das mais nobres artes que existe no mundo. Todo mundo torce por um time ou alguma coisa. O torcedor segundo o próprio torcedor deve saber a hora de apoiar mesmo após levar um gol, à hora de vaiar e de criticar. Nem sempre as coisas ocorrem nesta ordem ou com doses de razão. O torcedor na maioria das vezes anda longe da racionalidade. É possível que o que sintam por um Clube seja fé. Pelo menos com o Flamengo sou assim. Acredito que quase todos são.
O Flamengo é aquela coisa de nos levar do céu ao inferno em segundos ou vice-versa. Quantas decepções, quantas dores, tristezas, alegrias, celebrações?… Não há manual de instruções que defina o torcedor padrão ou a maneira correta de torcer. Cada um o faz a sua maneira. A única coisa que afirmo é que há uma grande diferença entre torcer e assistir. Falo no caso dos que vão ao estádio.
O jogo de ontem só escancarou o que estava acontecendo há tempos, mas sem que ninguém admitisse por ambos os lados. O primeiro lado é o da diretoria que desde o ano passado mostra que no departamento de futebol há muitos erros e equívocos. O título da Copa do Brasil só mascarou que temos um Vice-Presidente ainda inexperiente na pasta e um diretor de futebol de trabalhos medíocres por onde passou. O título fez com que a diretoria achasse que tínhamos time para disputar a Libertadores, manteve a base e foi passiva ao não repor a altura duas grandes perdas que foram fundamentais no ano anterior. Faltou plano B para as ausências de Luiz Antonio e Elias. O segundo lado é a torcida. O próprio Clube está ajudando a mudar o perfil dos torcedores que estão freqüentando os estádios. Não estou dizendo que não saibam torcer, mas em questão de experiência, do timing time/torcida, sou mais o Moraes do que a mim. Tempo de arquibancada conta como mostrou o jogo de ontem.
Procuro ao máximo fazer a minha parte. Estou lá, presente, apoiando, mas eu, mero torcedor, não contrato jogador, não faço marketing, não faço planejamento, não faço precificação de ingressos, não escalo e nem sou médico para dizer se esse ou aquele jogador tem condições de jogo. Não! A culpa não é das vaias ao Elano! A culpa não é dos imberbes torcedores que estão na cadeira retrátil e confortável do novo Maracanã, pois o que sobrou de motivação na arquibancada, faltou em campo e falta a quem comanda toda engrenagem do Clube.
Quem tiver culhão, irá admitir a sua culpa a si mesmo. Que seja! Mas isso nem é o mais importante nesse momento. O momento é ver onde está o erro e buscar soluções. O nosso Vice-Presidente de Marketing prometeu no lançamento de sua chapa ainda em 2012 que o Flamengo não mais passaria vergonha como a eliminação na primeira fase da Libertadores daquele ano. E convenhamos que mais uma vez, demos vexame e com um time ridículo na competição que é a menina dos olhos da diretoria e torcida. Até quando a sujeira será empurrada para debaixo do tapete?
E cá estamos nós, a embarcar sempre de que agora em diante será diferente, a bancar toda festa sem ao menos ter nenhum tipo de reconhecimento para no fim nos tornamos responsáveis por coisas impossíveis de alcançarmos. Torcer é uma nobre arte que requer amor, paixão e irracionalidade, pois quem deve andar de mãos dadas com a razão é a diretoria, nós somos passionais e nosso dever é o de fazer a diferença sempre na arquibancada enquanto nossos dirigentes que muito falam e pouco fazem, deviam fazer a diferença em suas ações que se mostram pouco produtivas com os resultados apresentados.
Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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