Lançamento: livro resgata lado democrático do Flamengo, aborda aproximação com governo Bolsonaro e Tragédia do Ninho

“A democracia começa pelo Flamengo“. Esse foi o mote da campanha para presidente de Márcio Braga em 1976. Na ocasião, Emílio Garrastazu Médici, terceiro presidente da ditadura militar, foi à Gávea votar contra o ex-dirigente. O clube sempre teve torcedores de todas as classes sociais e de diversos espectros políticos, reforçando o seu caráter popular e democrático. É esse registro histórico que o pesquisador Helcio Herbert Neto resgata no livro “Conte comigo – Flamengo e democracia“, em pré-venda na editora Ludopédio.

A obra traz o depoimento de ex-atletas do clube como Fabiana Beltrame e Afonsinho; do músico Ynaiã Benthroldo; da jornalista Hildegard Angel, irmã do ex-remador Stuart Angel, torturado e morto pela Ditadura Militar. Além deles, a cantora Elza Soares, revela que Garrincha realmente era torcedor do Fla e Luyara Franco, filha da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, revela como a paixão pelo Mais Querido a conecta com a mãe. O livro ainda conta com o prefácio do compositor Moacyr Luz, que diz em um trecho: “A ditadura não conseguiu interferir na paixão clubística desse povo consciente. Ser Flamengo é uma questão política“.

“A principal característica dos depoimentos do livro é, por esse motivo, a do confronto. A contraposição ao arbítrio também se deu no interior dessa grande comunidade criada em torno do Flamengo. É interessante pensar para além da esfera da resistência: o comportamento político dos atletas e das arquibancadas não apenas respondeu às investidas autoritárias, apresentou caráter propositivo. Dali surgiram ideias capazes de mobilizar democraticamente o país, graças à abrangência da sua torcida“, diz o escritor Helcio Herbert Neto, que complementa:

“As recordações dos participantes se atêm a acontecimentos de períodos autoritários, pretéritos ou contemporâneos, para tratar com seriedade o modo como esses grandes contingentes populacionais se relacionam com o esporte“.

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A RELAÇÃO DOS DIRIGENTES DO FLAMENGO COM A POLÍTICA NACIONAL AO LONGO DA HISTÓRIA:

O autor lembra ainda como o Flamengo, através de seus dirigentes, se relacionou com a política nacional ao longo da história. Nos anos 30, o presidente José Bastos Padilha era adepto do getulismo. Inclusive, usou e abusou dos símbolos do nacionalismo, muito utilizado pelo governo de Getúlio Vargas, para promover o clube nacionalmente e o futebol. Outro exemplo é o de Veiga Brito. Mandatário do Rubro-Negro de 66 a 69, foi eleito Deputado Federal pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido que dava sustentação política ao regime ditatorial militar no Brasil.

Do outro lado, veio a Frente Ampla pelo Flamengo (FAF), o grupo de Márcio Braga, em 1976, que se posicionava abertamente contra o regime. Helcio também lembra da “Flanistia”, grupo de rubro-negros engajados na luta pela anistia dos presos pela Ditadura Militar, em 1979 e da Fla Diretas, torcida criada em prol da redemocratização, em 1984, que contou com Sérgio Besserman, Bussunda e Cláudio Manoel.

As relações atuais também foram levadas em conta como a aproximação dos dirigentes do Flamengo com o governo Bolsonaro, a pressão pelo retorno do futebol em 2020, quando o Brasil era assolado pela pandemia do Coronavírus e a tragédia do Ninho do Urubu, em 2019: “A aproximação de dirigentes com as intenções mais golpistas e inconsequentes do governo federal torna a publicação ainda mais urgente. A negligência diante da vida humana, a exemplo das mortes de dez meninos nas dependências do Flamengo e da pressão para violar regras sanitárias mínimas durante a pandemia, justificam esse projeto“, diz a sinopse.

O livro está em pré-venda no site da editora Ludopédio com desconto: Conte Comigo: Flamengo e Democracia

Informações técnicas:

Título: Conte Comigo: Flamengo e Democracia
Editora: Ludopédio
Autor: Helcio Herbert Neto
Formato: 14 x 21 cm

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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