Legado de pai para filho

Legado de pai para filho

A minha família é composta, em sua maioria, por flamenguistas. Há vascaínos e tricolores, mas, se há botafoguenses, desconheço. Meu pai, José Henrique Souza da Costa, é um vascaíno doente! Sim, meu pai é vascaíno!

Apesar disso, ele foi uma das pessoas que despertaram em mim o amor e a paixão pelo Flamengo e pelo futebol. Lembro-me de um domingo em 1993, quando meu pai vibrava e torcia como nunca após o gol de Romário contra o Uruguai, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994. Nunca o tinha visto tão feliz. Na época, eu tinha nove anos.

Uma vez, meu pai levou meu irmão, que também é vascaíno, e eu para andarmos de barca pela primeira vez. Saímos de Niterói e, ao chegar à Praça XV, olhei maravilhado para uma banca de jornal que vendia fotos dos cartões postais do Rio de Janeiro. No entanto, nada me chamava mais a atenção do que as fotos de Zico e Júnior em ação pelo Flamengo, além de uma com o time pentacampeão Brasileiro de 1992. Meu pai comprou todas e ainda adquiriu fotos de Roberto Dinamite e outras do Vasco para o meu irmão, Igor, que nem sabe hoje o nome do seu atual goleiro.

Além de ser vascaíno, meu pai é, acima de tudo, um apaixonado por futebol. Ele me contava histórias fascinantes sobre o esporte. O que mais me encantava era saber que ele decorava o grande time do Flamengo campeão mundial de 1981 e os detalhes de jogos que só um flamenguista poderia conhecer. Ele não percebia que, a cada história contada, alimentava em mim uma chama rubro-negra, um amor que até hoje não se explica e não se mede.

Meu pai também me incentivava a ser um leitor voraz. Comprava o Jornal dos Sports e O Globo, lendo comigo as páginas esportivas. Incontáveis foram as tardes de domingo em que ele me levava para ver os jogos do Flamengo. Não no Maracanã, mas em um telão perto de casa. Também ouvimos muitos jogos do Flamengo pelo rádio, seja em um rádio de pilha ou em nosso antigo “três em um”.

Em 1994, comemoramos juntos o tetra da Seleção Brasileira, que tinha um baixinho chamado Romário, revelado pelo seu Vasco, mas que era recheado de rubro-negros: Aldair, Jorginho, Leonardo, Bebeto, Zinho e Gilmar. Vimos todos os jogos juntos!

Em 2009, no jogo contra o Grêmio, na última rodada do Brasileiro, em que o Flamengo decidia o título, estávamos juntos mais uma vez. Ele me disse que iria torcer para que o Flamengo fosse campeão. Foi abraçado a ele que chorei após o histórico gol de Ronaldo Angelim. O destino não poderia reservar um momento melhor do que aquele.

Obrigado, pai, por me fazer rubro-negro, pelas histórias mais lindas que ouvi na infância! Obrigado pelas lembranças que jamais se apagarão da minha memória!

Espero um dia passar esse legado de amor que ultrapassa um campo de futebol, um estádio, um jogo e seus noventa minutos, e que se eterniza na alma, valendo mais do que qualquer rivalidade centenária para o meu filho!

Imagine nós três sentados, falando de futebol?

*”E há quem diga que – Futebol é bobagem.

Tulio Rodrigues

*Rica Perrone

Siga-nos no Twitter: @blogserflamengo

Comentários

Descubra mais sobre Ser Flamengo

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Tulio Rodrigues