Somos todos subversivos

 O Campeonato Carioca vem protagonizando para além das fronteiras cariocas! A FERJ conseguiu com que o campeonato fosse parar em todas as mídias e virar tema de debate de todas as mesas redondas nacionais. Quem dera que fosse de forma positiva e elogiosa, mas os motivos dessa exposição estão pra lá de boa ao Campeonato, a Federação e aos Clubes.

Os Estaduais e não só o Carioca são hoje competições falidas, de pouca importância e sem nenhuma expressão esportiva. Claro que isso vale para Clubes com o Flamengo já que para os times médios e pequenos, o protagonismo num Estadual tem um valor inestimável. O valor do ingresso está longe de ser o problema, pois fica claro que cobrar caro num campeonato como esse, afasta o público. Mas temos a questão do horário das partidas, jogos em sua maioria televisionados e de pouca atratividade para o público! No mundo do futebol profissional e globalizado não temos espaço para Estaduais! Essa é a realidade!

Agora vamos à polêmica: A FERJ estipulou aos Clubes os valores a serem cobrados nos jogos entre R$ 5 para os jogos entre pequenos e R$ 50 para clássicos e a tal da meia-entrada universal. Alguma novidade nisso? Não! Ano passado a FERJ também definiu os preços dos jogos, mas agradava aos interesses do Fluminense que não precisava se preocupar em arrecadar com bilheteria e ao Flamengo que na época chegou a cobrar R$ 100 num Fla x Flu. Hoje os interesses são distintos de ambos os Clubes.

Hoje, a dupla Fla x Flu junto com o Consórcio Maracanã, a terceira parte interessada, lutam contra tais medidas. Primeiro divulgaram uma nota formal e o Presidente da FERJ se manifestou contrário, mas marcou uma reunião para rediscutir o assunto. O Fluminense teve a sua partida de estreia remanejada para o Raulino de Oliveira e lançou uma nota irônica, ressentida e debochada, e ainda parafraseando um dos seus ídolos, Chico Buarque com a música “Apesar de você” que junto com “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré foi um dos hinos contra a Ditadura Militar. O Fluminense chegou a falar em Ditatura e citou até o Ato Institucional número 5, o famoso AI-5 que dava poderes plenos ao Presidente da República, o pior momento da Ditatura Militar no Brasil.

Em tom irônico, o Fluminense diz que não quer ser subversivo, mas eu digo que junto com o Flamengo devem sim, incorporar o adjetivo e lutar por seus direitos. Tanto Flamengo como Fluminense tem sim suas razões na questão. Não sei quais os valores que pensam cobrar Flamengo e Fluminense para seus jogos. O assunto já entra em outro ângulo.

Não será cobrando R$ 5 e nem R$ 100 que vão atrair o público para os jogos! A Federação também devia ajudar em ações para transformar seu estadual mais atrativo. Jogos às 22 horas da noite ou às 16 horas em Moça Bonita não atrai ninguém. Os interesses de quem deveriam ser respeitados e não são é o do torcedor. Respeitam os interesses próprios, os interesses dos patrocinadores, os interesses do dono dos direitos de transmissão, mas a razão de ser e a essência do futebol ficam sempre em último lugar, o espectador do espetáculo! E somos nós que mais estamos sendo prejudicados pela falta de profissionalismo, insensibilidade e bom senso dos nossos homens de terno. E o Governo do Rio é o responsável mor por tudo isso.

O Fluminense se juntou ao Flamengo agora, mas deveria ter feito isso quando ainda negociava com o Consórcio Maracanã o seu contrato lá em 2013. Peter era pra ter batido na Gávea e adentrado a sala do Bandeira para juntos pressionarem o Consórcio para uma taxação de preço de manutenção e operação justa e que trouxesse lucros para ambos. Pena que o Fluminense saiu na frente e fez um contrato que resumindo “não ganha e nem perde” e ainda na época, ironizando o Flamengo. Já o Flamengo fez um contrato que visava arrecadar dinheiro em todas as frentes do estádio e bateu no peito com o “melhor contrato” firmado. Para ambos os casos com o passar do tempo, ficou a sensação de prejuízo, pois só lucram em jogos de grande público.

Que essa união de Flamengo e Fluminense não fique só nesse caso. Que levantem a bola para discussão da importância do Campeonato Estadual, dos motivos que levam hoje os grandes Clubes do Estado a ter o mesmo peso que os Clubes pequenos dentro da política da Federação, que se discutam ações que possam trazer o torcedor de volta, discutir a meia-entrada, o futebol de base, gestão, arbitragem… Como fez o Fluminense, vou lembra Chico: “Está provado, quem espera nunca alcança (…)”. Não há de ficar esperando medidas cairem do céu que façam mudar a condição caótica do nosso futebol. Que a discussão seja levada a nível nacional e entre pelos corredores da CBF. Sejam subversivos nesse sentindo!

Os Clubes não podem ser prejudicados por medidas que beneficiem esse ou aquele dirigente, esse ou aquele Clube. E fico pensando que depois de dias como esse, BAP, o nosso Vice-Presidente de Marketing que afirmou que o Flamengo pode ter um prejuízo de R$ 3 milhões com ingressos no Carioca, deve estar em casa e não só lembrando, mas ouvindo Chico e cantando como se quem cantasse direcionado a nossa Federação: “Arrasa o meu projeto de vida (…)”.

Por dias melhores ao nosso futebol!

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Tulio Rodrigues

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