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4 HINOS? PRIMEIRAS GRAVAÇÕES E CURIOSIDADES – FLAMENGO 130 ANOS

4 HINOS? PRIMEIRAS GRAVAÇÕES E CURIOSIDADES - FLAMENGO 130 ANOS

Para celebrar os 130 anos do Flamengo, estamos fazendo uma série de vídeos com os principais acontecimentos da fundação e da história do Flamengo. Hoje, vamos falar dos hinos do clube.


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Você sabia que o Flamengo tem quatro hinos? Vamos explicar essa história. O primeiro registro é de 1916. Quem noticiou foi a “Gazeta de Notícias”, em 12 de outubro. Música do maestro Francisco de Paula Bastos e letra do poeta Mário Hora. O nome? Hymno do Flamengo, com “Y” e “M” mesmo. Acabou se perdendo no tempo e não foi acolhido pela instituição.

O segundo registro é de 1918. O Hymno do Clube de Regatas do Flamengo, de Humberto Malagutti de Souza, foi divulgado por “O Paiz” em 25 de dezembro. Ambos foram gravados. Segundo Roberto Assaf, em seu livro Seja no Mar, seja na Terra, a canção de Bastos e Hora foi gravada em disco, vendido pelas Casas Matriz, nas lojas das ruas Gonçalves Dias e Quitanda. O disco gravado com a canção de Malagutti foi vendido pela Beethoven, na loja da Rua do Ouvidor.

Ainda em 1918, Paulo Magalhães compõe aquele que é conhecido e registrado no Estatuto como o Hino do Flamengo: “Flamengo! Flamengo! / Tua glória é lutar. / Flamengo! Flamengo! / Campeão de terra e mar!”. A canção foi apresentada aos sócios do clube pela primeira vez em 15 de novembro de 1919, no seu aniversário de 24 anos, na sede da Rua Paysandu, cantada por 400 atletas. Inclusive, essa informação, confirmada pelo compositor em entrevista ao jornal “A Noite”, em 5 de abril de 1956, desmente a informação que rola até hoje como oficial, através de uma anotação numa partitura, dizendo que foi “cantado pela primeira vez em 15 de novembro de 1920”.

Em 1920, o Flamengo foi campeão pela primeira vez de terra e mar na mesma temporada. Porém, quando faz alusão a isso no hino, em 1918, Paulo Magalhães se referia ao fato de o clube já ser consagrado nos dois âmbitos. O “Hino Rubro-Negro”, assim registrado em seu Estatuto, foi aprovado pela Assembleia Geral do clube em 21 de abril de 1921.

Paulo Magalhães era sócio do Flamengo e foi atleta em modalidades distintas do clube, como basquete, hóquei, e chegou a disputar quatro jogos no time profissional de futebol entre os anos de 1918 e 1919. Formado em Direito, sem exercer a profissão, foi fazer sucesso escrevendo peças de teatro e virou um reconhecido autor de comédias.

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Segundo o pesquisador e escritor Paulo Tinoco, o “Hino Rubro-Negro” só foi registrado em disco em 1937, pelo cantor Castro Barbosa, acompanhado pela Orquestra RCA Victor.

No segundo semestre de 1943, para ser atração do programa “Trem da Alegria”, Lamartine Babo, que dividia a apresentação com Héber de Bôscoli e Yara Salles, criou hinos para todos os clubes participantes do Campeonato Carioca daquele ano. O hino do Flamengo foi apresentado ao público em janeiro de 1944. Com o sucesso da canção, ganhou sua primeira gravação em disco ainda em dezembro, pelo grupo 4 Azes e um Coringa, sob o nome “Sempre Flamengo”, e lançado em janeiro de 1945.

Em 1950, com a Copa do Mundo no Brasil, um box com seis discos (uma música por lado) foi lançado com os hinos dos clubes do Carioca de 1943, e o hino do Flamengo ganhou regravação feita pelo grupo Trio Melodia, nomeado como “Marcha do Flamengo”. No box, ainda foi incluído o Hino do Scratch Brasileiro e a Marcha do Olaria, não participante do campeonato de 43, também composição de Lamartine, incluída para preencher espaço. Em 1956, em nova regravação pelo cantor Gilberto Alves, é que foi grafado como Hino do Flamengo.

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Uma curiosidade interessante é que a frase de abertura do hino composto por Lamartine Babo, “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”, foi criada em 1919 por Júlio Silva. Ele foi atleta e dirigente do clube. Além disso, tem uma importância ímpar para a cultura do Carnaval do Rio, criando o “Bloco do Eu Sozinho” em 1919, que desfilou em 53 carnavais com sua famosa camisa listrada, calça de cetim e estandarte, que às vezes ganhava uma flâmula do Rubro-Negro. Em 1970, foi enredo da Banda de Ipanema. Em 2022, foi lembrado no enredo da Viradouro.

Como dizia Mário Filho, todo grande clube tem que ter legenda. No caso do Flamengo, falava que a frase “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo” era um slogan, que foi oficialmente adotado pela instituição em seu Estatuto de 1935. No Estatuto de 1980, ainda passou a obrigar que todo papel de expediente do clube contivesse a impressão da frase, algo reafirmado no Estatuto de 1992 e feito até hoje.

A canção de Lamartine Babo foi incluída no Estatuto do Flamengo pela primeira vez em 1992 como “Marcha do Flamengo”.

Agradecimento especial a Paulo Tinoco, que pode ser encontrado no perfil @Flamusica nas redes sociais e que vai lançar, em 2026, o livro FlaMÚSICA – Memória musical Rubro-Negra, Volume I (de 1895 a 1960). Em breve também estará com seu canal no YouTube.

Texto/Roteiro/Edição: Tulio Rodrigues

Fontes de pesquisa:
Livros:
Seja no Mar, Seja na Terra  – Roberto Assaf – Link para comprar

Publicações oficiais do Flamengo:
Estatutos de 1935, 1980 e 1992

Sites:

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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