A discussão começou no rescaldo do tetracampeonato do Flamengo na Libertadores, quando o clima no estúdio da TNT Sports destoava completamente da grandeza do resultado. A transmissão pós-jogo, que deveria analisar a partida e contextualizar a conquista, ganhou tom fúnebre. O desconforto ficou evidente assim que Monique Danello entrou ao vivo, surpresa com a seriedade da mesa e lembrando que o Rubro-Negro acabara de erguer o quarto troféu continental. O comentário deslocado abriu espaço para um episódio que ganharia repercussão nos dias seguintes: um dos apresentadores, palmeirense declarado, usou o momento para atacar Zico de forma gratuita.
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O corte que circulou nas redes mostra o exato instante em que, ao tentar justificar críticas ao Flamengo por um post irônico nas redes, o apresentador recorreu a um episódio da Copa de 1986. Citou o pênalti perdido por Zico no tempo normal diante da França, ignorando completamente o contexto da época, a função dele naquela equipe e o fato de que o camisa 10 converteu sua cobrança na disputa decisiva. O exemplo não tinha relação com o clube da Gávea, não dialogava com o jogo da Libertadores e tampouco estava ancorado em qualquer pauta do programa. Serviu apenas como provocação, daquelas que surgem quando falta argumento sólido.
A tentativa de “apimentar o debate”, como ele viria a dizer depois, acabou atravessando uma fronteira sensível. Zico trabalhou por anos no antigo Esporte Interativo, hoje TNT Sports, mantém boa relação com parte da equipe e é visto internamente com respeito profissional e pessoal. A crítica, por isso, repercutiu mal. Quando o programa seguinte foi ao ar, já havia cobrança do público nos comentários, citando o ataque descabido ao maior ídolo da história do Flamengo.
O próprio apresentador acabou voltando ao assunto. Interrompeu a análise do dia para responder a um torcedor que mencionou Zico e pediu que retomasse o tema. Em tom mais contido, admitiu que o comentário havia sido inadequado. Disse que pretendia apenas estimular a rivalidade esportiva, reconheceu que a comparação não fazia sentido naquele contexto e pediu desculpas diretamente ao ex-jogador. Tentou reforçar que sempre teve boa convivência com o Galinho quando trabalharam juntos e que não havia intenção de ofensa.
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A retratação não apagou o corte, nem o ambiente desconfortável que se instalou depois do episódio. A discussão gerou um ponto de reflexão maior sobre o papel das mesas esportivas em tempos de audiência participativa. Quando o apresentador deixou escapar a crítica aleatória, o público reagiu imediatamente, e a resposta influenciou a forma como a emissora lidou com o problema. O caminho que antes se resolvia nos bastidores hoje passa pela cobrança direta da audiência, que não hesita em confrontar incoerências e exigir postura mais responsável de jornalistas e comentaristas.
A situação também evidenciou um detalhe que passou despercebido no calor da transmissão: ao recorrer ao pênalti de 1986, o apresentador reproduziu exatamente o tipo de argumento usado por torcedores rivais quando não encontram maneira de diminuir a figura de Zico no Flamengo. Uma estratégia antiga, desgastada, repetida por décadas e que raramente se sustenta quando confrontada com o peso histórico do jogador. A escolha diz menos sobre o ídolo e mais sobre quem tenta utilizá-lo como arma circunstancial.
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A reação posterior, mais cuidadosa, mostrou que o apresentador entendeu o erro. Pediu desculpas de maneira direta, sem rodeios, e reconheceu que a fala havia ultrapassado um limite. Mas o episódio deixa um aviso para quem trabalha com opinião esportiva ao vivo: a cobrança por coerência e responsabilidade nunca foi tão imediata. E a audiência, antes espectadora passiva, hoje atua como contraponto crítico, capaz de influenciar não apenas o debate, mas também a conduta dos profissionais à frente das câmeras.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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