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Asfixia? A quem interessa tirar o Flamengo da Libra? Saída pode causar prejuízo milionário a clubes

Asfixia? A quem interessa tirar o Flamengo da Libra? Saída pode causar prejuízo milionário a clubes

O debate sobre a crise entre o Flamengo e a Libra ganhou novos contornos nos últimos dias. Em meio às disputas judiciais e divergências sobre a divisão das cotas de audiência, surgiram informações apontando que alguns dirigentes da associação estariam articulando uma possível expulsão do clube rubro-negro. A hipótese provocou reação imediata dentro e fora da Gávea. A ideia, segundo relatos, teria ganhado força internamente na entidade, embora o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, tenha afirmado que apenas reproduziu conversas ouvidas nos bastidores, sem endossar qualquer movimento.


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A discussão, além de soar improvável do ponto de vista jurídico, traz implicações financeiras severas. De acordo com documentos obtidos pelo jornalista Rodrigo Mattos, a exclusão do Flamengo reduziria o valor do contrato da Libra com a Globo em cerca de R$ 277 milhões. O impacto direto seria uma queda de 21% no total da receita, já que cada clube retirado representa 11% de redução, e a ausência de Flamengo, Palmeiras ou São Paulo adiciona mais 10% de perda. A equação revela o tamanho da influência rubro-negra na estrutura econômica da liga. Mesmo quem não concorda com a postura do clube reconhece que sua saída traria prejuízos coletivos.

O contrato, firmado entre a Libra e a Globo para o período até 2029, tem valor bruto estimado em R$ 1,7 bilhão, abrangendo direitos de TV aberta, fechada e pay-per-view. Segundo o texto da cláusula 12.1, mesmo que um clube deixe de integrar a associação, o vínculo com a emissora permanece válido, dada a cessão irrevogável dos direitos. O caso do Vitória é um exemplo: mesmo após formalizar sua saída, o clube baiano continua atrelado ao contrato até o fim da vigência. Isso significa que uma eventual expulsão do Flamengo teria efeito mais político do que prático, além de acirrar uma disputa já marcada por rupturas e ressentimentos.

A origem da crise está na contestação do Flamengo aos critérios de rateio dos 30% das cotas de audiência. O clube acusa a Libra de alterar unilateralmente regras de apuração e de adotar decisões sem aprovação unânime dos filiados, o que violaria o estatuto da associação. Em março de 2024, quando o contrato com a Globo foi aprovado, o Corinthians ainda fazia parte da Libra, sua posterior adesão à LFF, já havia reduzido em 10% o valor global. Agora, a ameaça de uma nova saída reacende o temor de um desmonte financeiro e institucional.

Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo, reforçou durante reunião no clube que não há qualquer intenção de abandonar a Libra, mas sim de exigir transparência e critérios auditáveis. A posição foi endossada oficialmente pelos presidentes de todos os poderes do clube, entre eles Sérgio Veiga Brito, presidente do Conselho de Grande Benemérito, e Ricardo Lomba, do Conselho Deliberativo, que enviaram carta de apoio à diretoria, ressaltando a importância da postura firme diante do que consideram “abusos e distorções” da entidade.

A LIVE COMPLETA:

Na contramão dos rumores, o Flamengo tem procurado reforçar seu discurso de união institucional. Nos últimos dias, tanto grupos de situação quanto de oposição dentro do clube indicaram apoio à diretoria na disputa com a Libra. É uma das raras ocasiões em que as correntes políticas da Gávea se alinham.

O episódio, contudo, expõe mais uma vez a fragilidade da tentativa de unificação do futebol brasileiro. Criada para profissionalizar a gestão e melhorar a distribuição das receitas, a Libra segue dividida entre interesses divergentes e disputas de poder. A ironia é que, em nome de um suposto equilíbrio, discute-se punir justamente o clube que mais contribui para o valor do contrato. Em números frios, a ideia de expulsar o Flamengo é um tiro no pé: significaria perder mais do que o montante que o clube reivindica por justiça nas cotas.

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CASO PREFIRA OUVIR:

A crise segue sem desfecho. O processo judicial movido pelo Flamengo ainda tramita, e a Libra não apresentou resposta formal às acusações feitas na última reunião do Conselho Deliberativo. Enquanto isso, cresce a percepção de que o debate deixou de ser apenas técnico para se tornar político e, em alguns momentos, pessoal.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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