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Flamengo asfixia os clubes? Advogado revela por que Bap pediu bloqueio da verba da Libra

Flamengo asfixia os clubes? Advogado revela por que Bap pediu bloqueio da verba da Libra

Foto: Paula Reis/Flamengo

Em entrevista exclusiva, o advogado Pablo Malheiros, fez duras críticas à Libra, grupo de clubes que hoje negocia os direitos de transmissão com a Rede Globo. A conversa ocorreu em meio à disputa entre o Flamengo e a entidade, após o clube rubro-negro ingressar na Justiça para bloquear parte dos repasses financeiros que considera indevidos.


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Segundo Pablo o bloqueio de 30% da cota de audiência determinado pela Justiça não configura asfixia financeira da Libra, como sugeriram alguns analistas. O advogado sustenta que o clube agiu de forma cautelosa e responsável. “O Flamengo bloqueou apenas o terço do contrato que diz respeito à audiência. Os 40% da divisão igual e os 30% de performance continuam sendo pagos normalmente. Se o clube não tivesse tomado essa medida, o Bap poderia até ser responsabilizado pessoalmente por prejuízos ao patrimônio do Flamengo”, explicou.

O impasse tem origem no modelo de distribuição das receitas firmado pela Libra com a Globo. O Flamengo contesta os critérios usados para calcular os valores de audiência e afirma que está sendo lesado desde julho. De acordo com o advogado, o clube tentou negociar durante meses antes de recorrer à Justiça. “O Bap entrou no clube em janeiro. O processo só foi ajuizado em setembro. Nesse período, houve várias tentativas de diálogo, mas os clubes não quiseram conversar enquanto continuavam recebendo. O Flamengo só foi à Justiça para estancar a sangria”, afirmou.

O advogado ainda rebateu a tese levantada pelo comentarista PVC de que seria possível ajustar o fluxo financeiro futuramente para corrigir eventuais distorções. “Se deixamos o erro acontecer e apenas compensamos depois, estamos ampliando o dano. E cada mês que passa, o prejuízo cresce. O bloqueio é uma medida para evitar que isso continue”, disse.

A discussão ganhou força à medida que outros clubes manifestaram desconforto com a condução da Libra. Santos, Grêmio e Vitória estariam entre os que cogitam deixar o bloco. Pablo vê o grupo enfraquecido e acredita que a tendência é o esvaziamento. “A Libra está praticamente desidratada. O contrato vai até 2029, mas há o risco de que, quando a arbitragem for concluída, a própria Libra nem exista mais”, avaliou.

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O advogado também criticou a forma como o Flamengo conduziu a negociação original. Segundo ele, o clube aceitou um valor muito abaixo do que merecia. “O Flamengo deveria receber algo próximo a 800 milhões, considerando sua audiência e alcance. Reduziu para 200 milhões. Mesmo num cenário conservador, o clube deveria estar em torno de 400 ou 420. Foi uma negociação ruim”, afirmou.

Ele aponta ainda que o problema não está apenas no valor, mas também na fórmula usada para calcular a audiência. “O critério divide 50% da audiência de cada jogo entre os dois clubes, independentemente de quem atrai mais público. Se Flamengo e Botafogo jogam, cada um leva metade. Isso distorce completamente a realidade. O Landim assinou esse modelo, e agora é tarde para discutir juridicamente. Mesmo vencendo, o Flamengo sairá perdendo”, disse.

O advogado lembra que o Conselho Deliberativo do clube havia aprovado a adesão à Libra com duas condições: a criação de um fundo de reserva e o direito de veto. “O veto foi implementado, mas o fundo, que deveria garantir a correção monetária dos valores enquanto o critério de audiência não fosse definido, nunca foi criado. O Flamengo perdeu dinheiro por isso também”, observou.

Rodrigo Rollemberg trouxe outro ponto delicado: a recuperação judicial de clubes como Vasco e Botafogo. O advogado relatou casos de ex-jogadores que ficaram anos sem receber e acabaram com perdas de até 90% dos valores devidos. “Eu defendo o Castilho, ex-goleiro do Botafogo. Ele tem direito a uma quantia substancial há mais de uma década. O clube entrou em recuperação e vai pagar só 10% daqui a vários anos. Isso é um absurdo. O Judiciário homologou uma RJ que fere a própria lei de recuperação”, criticou.

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Pablo Malheiros mostra o risco de se depender de clubes financeiramente instáveis. “Imagine o Flamengo tendo de ser ressarcido por clubes que podem cair para a Série B ou entrar em recuperação. O Santos, o Vitória, o próprio Grêmio estão sob risco. A cada queda ou problema financeiro, o contrato precisa ser refeito. O prejuízo é certo”, alertou.

A crise expõe não apenas a fragilidade jurídica da Libra, mas também a falta de transparência em suas decisões. Rodrigo afirma que houve manipulação documental dentro da entidade. “Pra mim, a Libra fraudou um documento. Alteraram a ata de uma reunião sem aprovação dos clubes, o que é gravíssimo. Isso mostra que o problema é mais profundo do que a disputa com o Flamengo”, declarou.

A entrevista reforça o clima de desconfiança que hoje cerca a Libra. De um lado, clubes que tentam garantir previsibilidade financeira; de outro, o Flamengo, que busca corrigir o que considera uma distorção grave. No meio disso, um modelo de liga que prometia modernizar o futebol brasileiro, mas que se tornou um campo de disputa política e jurídica.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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