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Flamengo expõe Libra: estatuto descumprido e narrativas contra Bap desmascaradas

Flamengo expõe Libra: estatuto descumprido e narrativas contra Bap desmascaradas

Na última sexta-feira (26), a Libra (Liga do Brasil) divulgou uma nota oficial criticando duramente a atual gestão do Flamengo, presidida por Luiz Eduardo Baptista, o Bap. O comunicado foi uma reação à ação judicial movida pelo clube carioca na Justiça do Rio de Janeiro, que determinou o depósito em juízo de valores referentes às cotas de transmissão do Campeonato Brasileiro. A medida, que paralisa um repasse estimado em R$ 77 milhões, atinge diretamente os cofres de todos os associados da Libra e abriu um novo capítulo de tensão entre as agremiações que discutem a profissionalização do futebol nacional.


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O Flamengo entrou na Justiça contestando o critério de divisão da fatia de 30% do contrato referente à audiência. Para a direção rubro-negra, o modelo atual não reflete de forma justa a participação do clube na geração de receita, em especial no pay-per-view, onde historicamente concentra a maioria dos assinantes. A Libra, em sua resposta, acusou a diretoria flamenguista de agir de forma unilateral e de colocar interesses particulares acima do coletivo, desgastando acordos já pactuados.

O impasse não surgiu de repente. Desde a criação da Libra, em 2021, as divergências sobre o modelo de rateio estiveram na mesa. Inicialmente, a divisão previa 40% em partes iguais, 30% de acordo com a audiência e 30% pelo desempenho esportivo. O Flamengo, ao longo dos últimos meses, insistiu em rever os critérios, alegando que a métrica de audiência não considerava adequadamente o impacto real do clube no mercado. No entanto, em reunião recente, os dirigentes da Libra decidiram adiar qualquer revisão para 2026.

A repercussão foi imediata. Fábio Mota, presidente do Vitória, classificou a ação como prejudicial e alegou que sua equipe poderia perder cerca de R$ 8 milhões anuais caso a tese do Flamengo prevaleça. “Tem repercussão não só para o Vitória, mas para todos os clubes da Libra. A Globo vai depositar em juízo e a gente fica sem o fluxo de caixa necessário para pagar contas e salários”, afirmou em entrevista ao canal oficial do clube.

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Alberto Guerra, presidente do Grêmio, foi além. Em declaração à Rádio Itatiaia, disse que o movimento do Flamengo “atrasava o processo de criação da liga” e representava um passo atrás. Já Bruno Muzzi, CEO do Atlético-MG, classificou a postura da diretoria rubro-negra como “uma afronta a todos os clubes” e descartou qualquer diálogo fora da esfera judicial.

Do outro lado, o Flamengo sustenta que não se trata de um capricho político, mas de um debate jurídico e financeiro. O clube argumenta que a redação do estatuto da Libra dá margem a interpretações e que a contestação visa apenas corrigir distorções que, em sua avaliação, penalizam justamente a instituição que mais gera valor ao produto futebol. Internamente, Bap reforçou que o Rubro-Negro precisa preservar suas receitas em meio ao planejamento bilionário de erguer um estádio próprio, orçado em R$ 2,2 bilhões.

A polêmica expõe novamente a fragilidade dos blocos que dividem o futebol brasileiro. Se a Libra nasceu em 2021 como promessa de união dos principais clubes, logo viu surgir a Liga Forte União, formada após a saída de equipes insatisfeitas com o modelo inicial. O próprio Atlético-MG, hoje um dos principais críticos do Flamengo, chegou a articular a criação da segunda liga antes de retornar à Libra.

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Enquanto a disputa se arrasta, a formação de uma liga profissional de clubes segue distante. Questões estruturais como governança, calendário, arbitragem e qualidade dos estádios continuam sem tratamento concreto, ofuscadas pela batalha em torno do dinheiro da televisão. A ação do Flamengo, por ora, congela valores que fariam diferença sobretudo para clubes de menor orçamento.

Em sua nota, a Libra tentou separar a instituição da torcida rubro-negra, afirmando que a disputa “é direcionada exclusivamente à conduta da atual gestão” e que mantém respeito pela história e pelo público do Flamengo. Já Bap, em conversas recentes, sustentou que a medida é a única saída diante da intransigência dos demais clubes.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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