O Flamengo segue um caminho inovador no futebol brasileiro ao decidir autofinanciar a construção de seu novo estádio. Diferentemente do Palmeiras, que contou com a parceria da construtora W Torre para viabilizar o Allianz Parque, o clube carioca pretende financiar toda a obra por conta própria, um modelo considerado praticamente inédito no país.
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Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as condições econômicas atuais tornam pouco atrativa a participação de parceiros privados no projeto do Flamengo. Com juros elevados e previsão de retorno do investimento (payback) em cerca de 26 anos, a proposta se mostra financeiramente inviável para qualquer empresa. Para se ter uma ideia, o Valor Presente Líquido (VPL) do projeto é negativo em R$ 628 milhões, o que significa que os fluxos de caixa futuros não cobrem os custos do empreendimento no cenário atual.
No modelo do Palmeiras, a construtora financiou toda a obra em troca da exploração do estádio por 30 anos, com repasses anuais ao clube. O investimento inicial de R$ 630 milhões, corrigido para valores de 2025, seria equivalente a cerca de R$ 1,6 bilhão, ainda abaixo dos R$ 2,2 bilhões estimados para o projeto do Flamengo. Além disso, a taxa interna de retorno anual do Allianz Parque na época era mais atraente, com payback estimado em 12 a 15 anos, permitindo à empresa parceira obter lucro mais rapidamente.
O estudo da FGV detalha três caminhos possíveis para a construção de estádios no Brasil: financiamento via dívidas, parceria privada e autofinanciamento. Para o Flamengo, a opção do autofinanciamento oferece maior controle sobre o projeto, menor risco jurídico e financeiro e liberdade para planejar receitas futuras, mesmo que exija disciplina para gerar caixa suficiente e manter os aportes necessários ao longo do tempo.
O clube pretende utilizar recursos de diversas frentes, como venda de espaços premium, naming rights, sector rights, CEPACs e aportes estratégicos, garantindo que o projeto seja viável sem comprometer a saúde financeira da instituição. A proposta reflete também uma cautela em relação a lições do mercado, como o exemplo do Arsenal, que comprometeu desempenho esportivo ao buscar financiamento inadequado para seu estádio.
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A decisão do Flamengo reforça a estratégia de manter autonomia sobre seus ativos e receitas, evitando amarras contratuais que poderiam reduzir ganhos com eventos, publicidade e matchday. Embora a taxa de retorno do projeto seja baixa no cenário atual, a previsão é que o clube esteja criando uma base juntos aos conselhos internos para que futuras diretorias mantenham o planejamento até a conclusão da obra.
Acompanhar de perto a execução desse projeto será fundamental, assim como fiscalizar os aportes e a geração de caixa, para que o Flamengo consiga cumprir sua meta de construir um estádio moderno, autônomo e sustentável financeiramente.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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