Ícone do site Ser Flamengo

Influenciador Raiam Santos distorce fala de Filipe Luís sobre Meninos do Ninho para atacar o Flamengo

Influenciador Raiam Santos distorce fala de Filipe Luís sobre Meninos do Ninho para atacar o Flamengo

Imagem: Reprodução/Youtube

Um vídeo do influenciador Raiam Santos, publicado neste domingo (30), associou o sucesso recente do Flamengo à tragédia do Ninho do Urubu. A postagem viralizou rapidamente, alcançando milhares de visualizações em poucas horas. A controvérsia se formou quando uma fala de Felipe Luís foi usada para insinuar que as conquistas do clube teriam alguma relação espiritual com as mortes dos garotos em 2019, interpretação que gerou indignação.


Ouça nossas análises e entrevistas sobre a eleição do Flamengo no seu agregador de podcast preferido: SpotifyDeezerAmazoniTunesYoutube MusicCastbox e Anchor.


A declaração de Raiam se apoia num recorte editado da coletiva do treinador, apresentado sem o contexto original. Felipe Luís mencionou os jovens para homenageá-los, seguindo um gesto que repete desde sua chegada ao clube. O influenciador transformou essa reverência em teoria conspiratória, afirmando que “não é coincidência que o Flamengo passou a vencer tanto depois da tragédia”. A frase, além de deturpar o sentido da fala, sugere uma ligação sobrenatural entre as mortes e os títulos posteriores, algo que não encontra base em fatos, cronologia ou lógica.

A reação imediata veio de torcedores que recordaram o histórico de resultados após 2019. O time perdeu o Mundial para o Liverpool, caiu em decisões estaduais para o Fluminense, foi derrotado em finais de Copa do Brasil e ficou atrás do Palmeiras em dois Brasileiros. A lista foi lembrada por perfis distintos justamente para evidenciar o absurdo da correlação proposta. Se houvesse algum tipo de “força” ligada ao episódio, como insinua Raiam, por que o clube teria acumulado tantas frustrações ao longo dos anos? A inconsistência da narrativa é evidente.

Outro ponto crucial é o papel de Felipe Luís nessa história. O ex-lateral chegou ao Flamengo meses depois da tragédia. Não conviveu com os garotos e não participou daquela rotina. Sua lembrança constante é gesto de empatia, cultivado a partir de contato com familiares. Esse respeito foi transformado por Raiam em ferramenta de engajamento, o que explica a revolta entre os torcedores.

A repercussão levou perfis especializados a desmontar a narrativa ponto a ponto. O “Fla Focalizando”, no X – (Antigo Twitter), por exemplo, reuniu dados das temporadas recentes e lembrou que o clube vive um processo de recuperação iniciado em 2013, com reformas financeiras que antecedem qualquer conquista de 2019. Documentários, livros e reportagens já detalharam esse período, que inclui renegociação de dívidas, modernização administrativa, mudanças estruturais em diversos departamentos e investimentos em categorias de base. A ascensão esportiva nasce desse processo, não da tragédia.

LIVE COMPLETA:

Raiam, no entanto, não abordou a trajetória rubro-negra. Preferiu recorrer ao sensacionalismo, alimentando seguidores que já vinham repetindo versões parecidas desde 2019. A estratégia se assemelha à de outros criadores de conteúdo que exploraram o tema no passado. Um dos casos mais lembrados é o de Américo Moura, que publicou vídeo semelhante em 2019 e foi amplamente refutado, a ponto de apagar o conteúdo dias depois. A reincidência desse tipo de narrativa evidencia como o tema é sensível e facilmente manipulado por quem busca viralização rápida.

Os efeitos desse discurso ultrapassam o universo esportivo. Quando uma tragédia com vítimas jovens é transformada em argumento para atacar um clube, o que se rompe é a fronteira mínima de respeito com as famílias. 10 garotos perderam a vida naquele incêndio. Outros sobreviveram, carregando traumas que permanecem vivos até hoje. Usar esse sofrimento para construir teses conspiratórias não apenas revitimiza pais e irmãos, como reabre feridas que, para muitos, nunca cicatrizaram.

Ao analisar a movimentação de Raiam, fica claro como o timing foi decisivo. O Flamengo acabara de conquistar mais uma Libertadores, discussão dominante nas redes sociais, e qualquer conteúdo relacionado ao clube ganharia repercussão. O influenciador escolheu um caminho que sempre gera engajamento: explorar a dor alheia. Para quem acompanha sua trajetória digital, a postura não surpreende. Ele já adotou esse método em outras ocasiões, aproveitando polêmicas alheias para criar narrativas que fogem dos fatos, mas atraem visualizações.

VEJA MAIS:

CASO PREFIRA OUVIR:

Ao final do debate, o que se vê é a repetição de um padrão: tragédias transformadas em ferramenta para disputa digital, influenciadores que negligenciam responsabilidade sobre o que publicam e uma rede de seguidores que muitas vezes consome versões editadas sem buscar a realidade. No caso específico do Ninho, o assunto ainda passa por desdobramentos judiciais, e há familiares que lutam para que o episódio não seja esquecido nem banalizado. Por isso, a reação forte não se deve apenas ao clubismo. Nasce do dever de proteger a memória dos que se foram.

Enquanto alguns escolhem transformar dor em narrativa conveniente, outros ainda lutam para preservar o que restou de humanidade diante de uma perda irreparável. E, nesse terreno, não há espaço para teorias improvisadas, nem para quem tenta lucrar com elas.

Livro sobre o caso Ninho do Urubu ganha o maior prêmio literário do Brasil. MP recorre de sentença

Veja outros vídeos sobre as notícias do Flamengo:

Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

+ Siga o Blog Ser Flamengo no Twitter, no Instagram, no Facebook e no Youtube.

Comentários
Sair da versão mobile