Depois de um longo período de silêncio, Rodolfo Landim decidiu se manifestar sobre a disputa entre Flamengo e Libra, tema que vem ganhando novos contornos jurídicos e políticos desde o início de 2025. Em entrevista ao jornalista Diogo Dantas, o ex-presidente rubro-negro esclareceu que, quando assinou o estatuto da entidade, em setembro do ano passado, não havia qualquer negociação de direitos de transmissão em curso. Segundo ele, o objetivo naquele momento era apenas formalizar as bases de uma possível liga unificada com o grupo Liga Forte União (LFU), sem definição sobre divisão de receitas ou critérios de audiência.
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“Ao assinar o estatuto, não havia nenhuma negociação de direitos iniciada. A expectativa era a criação de uma liga única, com a adesão dos demais clubes”, afirmou Landim. A fala do ex-dirigente confronta diretamente a versão sustentada pela Libra, que alega ter havido aprovação dos critérios de rateio de receitas por parte dos associados. O clube carioca, no entanto, nega essa narrativa e sustenta que não existe documento assinado nesse sentido.
O esclarecimento de Landim veio em um momento decisivo do processo judicial que discute a validade do contrato entre Flamengo e Libra, especialmente no que diz respeito à cláusula que determina o rateio de 30% do valor total conforme audiência. O ex-presidente fez questão de destacar que, ainda assim, o Flamengo garantiu no estatuto o direito de veto a futuras alterações, um ponto central na argumentação jurídica do clube. “Era essencial assegurar princípios básicos, como o poder de veto, o que foi feito. Os detalhes dos contratos viriam depois”, explicou.
A assinatura do estatuto da Libra ocorreu em 6 de setembro de 2024 e foi posteriormente ratificada, já sob a presidência de Luiz Eduardo Baptista, em fevereiro deste ano. A entidade alega que a nova assembleia teria confirmado os critérios de divisão, mas o Flamengo contesta essa interpretação, alegando que a suposta “ratificação” não encontra respaldo nos registros oficiais das reuniões.
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A manifestação de Landim também teve implicações políticas. Mesmo afastado da gestão e de um cenário eleitoral já dominado por aliados e adversários, o ex-presidente evitava falar sobre o tema para não reforçar a posição de Bap, hoje seu opositor direto na política rubro-negra. Ainda assim, sua declaração pública acabou corroborando o argumento defendido pelo atual mandatário: o de que o Flamengo jamais aprovou qualquer modelo de distribuição de receitas proposto pela Libra.
O gesto foi visto por muitos conselheiros como um movimento em prol do clube, acima das disputas internas. O silêncio prolongado de Landim vinha sendo questionado por setores da torcida e até por integrantes da administração atual, que viam na ausência de esclarecimento um prejuízo à imagem do Flamengo diante da opinião pública.
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Com a fala, Landim recoloca os fatos no devido lugar e dá respaldo à tese jurídica apresentada pelo clube. Ao reconhecer que o estatuto não previa discussão sobre percentuais de audiência, o ex-presidente reforça a posição de que o Flamengo não aderiu às condições que hoje sustentam a defesa da Libra na Justiça. O episódio, mais do que uma divergência administrativa, expõe como o futebol brasileiro segue refém de disputas políticas e institucionais em torno da criação de uma liga nacional.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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