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Libra em ruínas: BTG sai do projeto e o Flamengo corre risco de isolamento?

Libra em ruínas: BTG sai do projeto e o Flamengo corre risco de isolamento?

Foto: Divulgação/LiBra

A terça-feira foi mais um capítulo do colapso da Libra. O movimento que prometia unificar o futebol brasileiro vive sua pior fase desde a fundação, após perder o Atlético Mineiro e, quase ao mesmo tempo, o apoio do BTG Pactual, até então seu principal braço financeiro. O banco de investimento, que havia sido parceiro estratégico da Libra, migrou para o lado da Liga Forte União (LFU), o que escancarou a fragilidade do grupo. A saída do clube mineiro e a adesão do BTG à LFU deixaram a Libra sem representantes em Minas Gerais, segundo estado mais populoso do país, e sem lastro financeiro num momento decisivo para as negociações sobre o futuro da liga nacional.


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O caso do Atlético sintetiza bem o esvaziamento da Libra. O clube, que já havia trocado de lado duas vezes: primeiro fundador da LFU, depois migrando para a Libra e agora retornando ao bloco original, justificou a decisão com o discurso de “falta de coletividade”. Mas, na prática, o que pesou foi dinheiro. Afundado em dívidas que podem variar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 2,3 bilhões, o Galo enxergou na Liga Forte União a oportunidade de antecipar receitas por meio do acordo com a Sport Media Entertainments, empresa que atua na estrutura financeira montada pela XP Investimentos.

A Libra, por sua vez, perdeu não só o Atlético e o Cruzeiro, que já havia saído antes, mas também o apoio do BTG, que era o responsável por intermediar as tratativas com o fundo soberano Mubadala, dos Emirados Árabes. O fundo pretendia adquirir entre 12,5% e 20% dos direitos comerciais e de mídia da liga por um período de 50 anos, com investimentos de até R$ 4,75 bilhões. O Flamengo foi o primeiro a se posicionar contra o modelo. Gustavo Oliveira, então vice-presidente de comunicação e marketing do clube, afirmou em novembro de 2023 que o prazo de cinco décadas era “inadmissível e arriscado para qualquer clube que se projete no longo prazo”.

A resistência rubro-negra travou o acordo e escancarou uma questão que vai além do dinheiro: a Libra nunca teve unidade. Enquanto a LFU conseguiu amarrar 30 clubes em torno de um pacote comercial estruturado pela XP, a Libra se manteve fragmentada por disputas de protagonismo e pela diferença abissal de receitas entre seus membros. O Flamengo, que sozinho gera mais audiência do que a maioria dos clubes somados, não aceitou um modelo de divisão que diminuísse sua fatia para se equiparar a clubes de alcance regional.

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O movimento do BTG selou o destino do grupo. O banco agora trabalhará com a LFU para tentar atrair novos clubes e viabilizar a sonhada liga unificada. Para a Libra, restou o isolamento. O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, já indicou que o clube deve negociar individualmente seus direitos de mídia a partir de 2030, abrindo margem para que o Rubro-Negro se torne um agente independente nesse mercado.

A debandada ainda tem consequências políticas. Palmeiras e Flamengo, principais forças econômicas do bloco, romperam o diálogo público. Leila Pereira e Bap trocaram farpas sobre o modelo de distribuição de receitas e sobre a condução da liga, com acusações de centralização e “individualismo”. Enquanto isso, clubes medianos da Libra se veem sem apoio financeiro e sem perspectiva de novos contratos. O Vitória, por exemplo, já manifestou o desejo de deixar o grupo ao fim do ciclo atual, em 2029.

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A Libra nasceu como promessa de profissionalização e unidade, mas se tornou um símbolo do contrário: disputas internas, contratos engessados e uma lógica de divisão que ignora as diferenças estruturais entre clubes de massa e clubes locais. A implosão do projeto reflete, no fim das contas, o retrato mais fiel do futebol brasileiro: todos dizem lutar por igualdade, mas ninguém quer abrir mão do seu pedaço de poder.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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