O Flamengo apresentou, na mais recente exposição institucional conduzida por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, um panorama que conecta infraestrutura, gestão esportiva e sustentabilidade financeira. No centro da atualização esteve o avanço do miniestádio no Centro de Treinamento George Helal, projeto que caminha para a fase final e simboliza uma mudança estrutural na forma como o clube pensa preparação, base e geração de ativos. Ao mesmo tempo, o Maracanã apareceu como pilar econômico já consolidado, enquanto o planejamento do futuro estádio próprio ganhou contornos mais realistas.
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O ponto de partida da fala passou, inevitavelmente, pelo Maracanã. O estádio, administrado pelo Flamengo em conjunto com o Fluminense, foi descrito como o mais rentável do país. Os números ajudam a explicar. Após a reforma para a Copa do Mundo, o Rubro-Negro alcançou a maior ocupação média de sua história, com cerca de 70 mil torcedores por jogo. Em 2025, o Maracanã faturou aproximadamente R$ 120 milhões com partidas de futebol. A projeção apresentada aponta para algo próximo de R$ 192 milhões no próximo ciclo, sem recorrer a shows e sem a adoção de gramado sintético.
Nesse contexto, a discussão sobre gramados ganhou um tom mais técnico. Antes de assumir protagonismo na crítica aos campos artificiais, o clube decidiu olhar para dentro. Uma consultoria internacional indicada pela FIFA avaliou o piso do Maracanã e atribuiu nota 3, considerada alta dentro da realidade brasileira. Apenas o campo da Neo Química Arena recebeu avaliação superior, com nota 4. Segundo o especialista, são os dois únicos estádios do país atualmente aptos a atender aos padrões exigidos para o Mundial feminino de 2027. A meta rubro-negra é clara: alcançar nível 4 até o fim de 2026 e chegar ao nível máximo, o 5, em 2027. Para isso, uma nova máquina específica para manutenção do gramado já foi aprovada e encomendada.
A mensagem central foi didática. O debate não se resume a gramado sintético “bom” contra gramado natural “ruim”. A defesa é por padronização e qualidade mínima, respeitando diferenças climáticas regionais, mas sem abrir mão de parâmetros técnicos claros. O Flamengo, nesse ponto, buscou legitimidade ao apresentar resultados concretos antes de propor mudanças no cenário nacional.
É nesse ambiente de profissionalização que surge o miniestádio do CT. O clube confirmou que a primeira fase do projeto está concluída. O campo principal já está pronto, com gramado finalizado e condições para receber jogos. A segunda etapa teve início e envolve a construção de vestiários, áreas de apoio, cabines de rádio, estrutura de transmissão e serviços complementares. Com capacidade prevista para cerca de 4.500 pessoas, o espaço nasce com vocação múltipla: partidas da base, do futebol feminino, treinos abertos e até eventos institucionais.
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Internamente, a avaliação é de que o projeto já se encontra nos momentos finais de implantação. Vídeos e layouts do miniestádio foram apresentados, reforçando a ideia de que não se trata de um conceito abstrato, mas de uma obra em estágio avançado. Paralelamente, o clube iniciou a construção do campo 12, mais um campo oficial dentro do CT, em uma área já adquirida anteriormente. Também está previsto o início das obras de duas quadras de futsal, integrando o futebol de salão ao processo formativo da base, especialmente nas categorias até 11 e 12 anos.
A apresentação avançou, então, para o tema do estádio próprio. A diretoria ressaltou o apoio formal da prefeitura, com prazos estendidos e compromissos agora documentados. O terreno segue sob estudos da Fundação Getulio Vargas, que ajustou não apenas o projeto arquitetônico, mas também os custos associados. A estratégia definida é conservadora: criar uma poupança prévia antes de qualquer decisão definitiva. Essa reserva deve começar a ser formada em janeiro de 2026, funcionando como colchão financeiro para o futuro empreendimento.
Há, ainda, etapas sensíveis pela frente, como a saída da Naturgy que ocupa atualmente o terreno, processo que pode levar até quatro anos, e a descontaminação da área, parte dela possível já no curto prazo, outra dependente de acordos mais amplos com o poder público. O discurso, nesse ponto, evitou promessas vazias e reforçou a noção de planejamento em bases sólidas.
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No fechamento, a diretoria voltou a tratar da diversificação de receitas. Os direitos de transmissão, historicamente apontados como principal fonte de renda do Flamengo, vêm perdendo protagonismo relativo. Em 2025, houve queda de cerca de 27% nessa linha, com arrecadação próxima de R$ 235 milhões. A projeção para 2026 é de recuperação, alcançando algo em torno de R$ 265 milhões. Ainda assim, o clube deixou claro que outras frentes, como matchday, licenciamento, comunicação e ativos próprios, tendem a superar a TV nos próximos anos.
Ao somar Maracanã rentável, CT ampliado, miniestádio em fase final e planejamento cauteloso para um estádio próprio, o Flamengo apresentou mais do que números. Exibiu uma linha de continuidade entre discurso e execução, reforçando a ideia de independência financeira construída passo a passo, sem atalhos e sem improviso.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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