Museu x Academia: as perguntas que o Flamengo precisa responder antes de decidir o futuro na Gávea

Museu x Academia: as perguntas que o Flamengo precisa responder antes de decidir o futuro na Gávea

O Flamengo realizará, no dia 24 de novembro, a reunião que deve decidir o futuro imediato de dois projetos que mobilizam sócios, conselheiros e torcedores: a expansão do Museu do Flamengo e o contrato para instalação de uma academia da Smart Fit no segundo piso da sede da Gávea. O encontro ocorre na própria semana em que circularam, nos grupos internos do clube, mais de vinte perguntas elaboradas por associados preocupados com os rumos do patrimônio histórico e com as consequências estruturais da proposta que será votada. O objetivo das questões é claro: exigir que a diretoria apresente, de forma transparente, o impacto real da escolha e as razões para priorizar um empreendimento comercial no espaço originalmente destinado à ampliação do museu.


Ouça nossas análises e entrevistas sobre a eleição do Flamengo no seu agregador de podcast preferido: SpotifyDeezerAmazoniTunesYoutube MusicCastbox e Anchor.


As perguntas enviadas pelos sócios cobrem três eixos: os efeitos diretos da academia no prédio, o futuro do museu e as conexões entre os dois projetos. No primeiro bloco, a preocupação recorrente é o fluxo diário que a Smart Fit geraria. Quantos alunos seriam esperados? Como isso afetaria o hall de entrada, o estacionamento e a circulação de quem vai ao museu ou à loja? Outro ponto envolve o barulho de pesos e equipamentos, que pode comprometer a experiência de visitantes, especialmente aqueles que participam de excursões turísticas. Há ainda dúvidas sobre a carga estrutural do pavimento. Equipamentos pesados exigem reforços, e os associados querem saber quem pagará por essa obra e se o prédio suporta o uso pretendido.

A escolha da empresa também entrou na pauta. O Flamengo realizou recentemente processos licitatórios para outras áreas, entre eles o novo patrocinador máster e a ocupação das salas do Morro da Viúva, o que levou conselheiros a questionarem por que não houve um procedimento semelhante para selecionar a academia. Outra questão relevante é o uso da marca. O contrato prevê que a Smart Fit utilize o nome Flamengo no letreiro voltado para a Lagoa? Torcedores querem entender se o pagamento de royalties está estabelecido e como esse valor foi calculado, já que a visibilidade externa da sede tem peso considerável.

O segundo conjunto de perguntas se concentra no museu. Há quem questione por que o projeto de expansão perdeu prioridade. Se o clube reconhece que o Museu do Flamengo se tornou um ponto turístico consolidado, gerando receita e valorizando a marca, por qual motivo o espaço reservado para sua ampliação vem sendo reduzido? Os sócios também lembram que em campanha, Bap defendia abertamente o crescimento do museu, como consta em seu Plano de Governo. A mudança de rumo, portanto, exige explicações. Para muitos torcedores e estudiosos da história do clube, restringir o avanço do museu é um retrocesso que fere um trabalho de décadas, construído por pesquisadores, jornalistas e colecionadores que preservaram acervos fundamentais para a memória rubro-negra.

LIVE COMPLETA:

O impacto financeiro também está em jogo. Se as obras da academia exigirem que o museu feche por três a seis meses, o Flamengo terá de indenizar a concessionária responsável pelo espaço? Esse custo, somado à remoção e reinstalação de parte do acervo, pode consumir boa parte do valor pago pela Smart Fit. Da mesma forma, existe o risco de prejuízo para parcerias já firmadas com operadores de turismo e empresas que investiram no museu acreditando em sua expansão.

O terceiro grupo de perguntas trata exatamente da relação entre os dois projetos. A dúvida central é se o Flamengo está colocando o aluguel da academia acima do valor simbólico e financeiro de longo prazo que o museu representa. Há receio de que o movimento intenso de alunos, muitos sem qualquer ligação com o clube, afete a visitação turística, reduza o consumo na loja oficial e comprometa o ambiente de preservação histórica. Outra preocupação é o futuro. Se a academia ocupar o pavimento superior, a expansão do acervo ficará limitada. Quem acompanha museologia sabe que reservar espaço para crescimento é parte estrutural de qualquer projeto de memória.

O ponto comum entre todas essas questões é a cobrança por transparência. Ao longo do ano, a gestão de Bap promoveu reuniões abertas no Conselho Deliberativo para explicar contratos e decisões relevantes. Por isso, os sócios esperam que o mesmo cuidado seja adotado agora, já que o tema envolve a identidade e a história do Flamengo. As perguntas não têm tom de oposição direta à academia. A maioria dos torcedores reconhece a importância de projetos que gerem receita e deem vitalidade à sede. A preocupação é o local escolhido, os impactos práticos e o risco de sacrificar uma área concebida para contar e preservar a memória rubro-negra.

O museu é mais que um espaço expositivo. É um elo com gerações que construíram o clube, um registro vivo de títulos, personagens e histórias que moldam a forma como o Flamengo se enxerga e é visto. Perder parte desse projeto por falta de planejamento seria, para muitos, desperdiçar uma oportunidade única de consolidar a memória rubro-negra com estrutura adequada, narrativa coerente e espaço para crescimento futuro.

VEJA MAIS:

CASO PREFIRA OUVIR:

A reunião do dia 24 será decisiva. Mais do que aprovar ou rejeitar um contrato, o clube precisará demonstrar que suas escolhas estão sustentadas por informações claras, projeções realistas e respeito ao patrimônio. Em um momento em que o Flamengo discute estádios e novos modelos de negócio, entender como trata sua própria história é um termômetro importante sobre o tipo de instituição que deseja ser.

O acervo do Flamengo não cabe mais na Gávea: por que a expansão do museu travou? Novidades do caso

CONFIRA AS PERGUNTAS QUE CIRCULAM INTERNAMENTE:

Perguntas exclusivamente sobre a academia e contrato com a Smart Fit

  1. Quantas pessoas por dia são esperadas na academia? Qual seria o impacto desse fluxo no hall de entrada do clube e no estacionamento
  2. Quantos alunos a academia precisa ter para viabilizar o valor de aluguel previsto para o Flamengo?
  3. Qual ticket médio por aluno foi estimado para que o aluguel esteja garantido?
  4. O fluxo de pessoas da academia, sem relação direta com o Flamengo, pode prejudicar a visitação ao museu e as vendas da loja oficial?
  5. O barulho e o uso de pesos podem comprometer a experiência dos visitantes no museu?
  6. O peso dos equipamentos e o fluxo intenso no segundo andar podem colocar em risco a estrutura do prédio?
  7. Quanto vai custar a obra e o reforço estrutural necessários para suportar a academia no segundo pavimento?
  8. Houve licitação ou processo competitivo para a escolha da Smart Fit?

Perguntas exclusivamente sobre o Museu, ampliação e operação

  1. Por que o Flamengo não prioriza a ampliação do Museu e prefere instalar uma academia no segundo piso? O clube entende que o aluguel tem mais valor do que um projeto de legado com grande potencial financeiro a médio e longo prazo?
  2. Por que o vice-presidente de Patrimônio Histórico optou por uma solução rápida de aluguel, em vez de buscar alternativas financeiras para expandir o Museu e preservar um legado tão importante?
  3. Em campanha, Bap defendeu a ampliação do Museu. Por que agora a gestão está reduzindo o projeto? Essa é a forma como a direção entende a história do Flamengo?
  4. O Museu é um sonho construído ao longo de décadas, por nomes como Eduardo Vinicius, Bruno Lucena, Roberto Diniz e tantos rubro-negros. Impedir sua expansão para dar lugar a uma academia não representa um retrocesso histórico e institucional?
  5. Caso as obras realmente exijam o fechamento do Museu por três a seis meses, caberá ao Flamengo indenizar o concessionário pelo tempo parado? Esse impacto financeiro corresponde a quanto do valor pago pela Smart Fit?
  6. Se houver obra, o acervo precisará ser removido e parte do Museu desmontada? Quem arca com esses custos — o Flamengo ou a Smart Fit? Esse valor representa quanto do contrato?
  7. O Museu é um ponto turístico da cidade. Interromper seu funcionamento pode prejudicar parcerias com operadores de turismo?
  8. Qual seria o impacto dessa interrupção para os patrocinadores que investiram na construção do Museu e aguardam sua expansão?
  9. O espaço atual do Museu sofrerá alguma redução por causa das obras de reforço estrutural?

Perguntas que conectam os dois temas (Museu e academia)

  1. O dinheiro da Smart Fit é considerado mais importante do que contar e expandir a história do Flamengo?
  2. O fluxo intenso de pessoas na academia pode prejudicar a visitação, o conforto dos turistas e o consumo na loja, impactando diretamente o desempenho do Museu?
  3. O projeto da academia, acima do Museu, afeta o planejamento e o futuro da expansão do acervo e da experiência museológica?

 

Veja outros vídeos sobre as notícias do Flamengo:

Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

+ Siga o Blog Ser Flamengo no Twitter, no Instagram, no Facebook e no Youtube.

Comentários

Descubra mais sobre Ser Flamengo

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Tulio Rodrigues

Deixe uma resposta