Ícone do site Ser Flamengo

TRISTE! Flamengo mais próximo de trocar o museu por academia

Enquanto planeja academia, Flamengo mantém museu sem curador há mais de um ano

Foto: Mariana Menezes/Travel Tips Brasil

O Flamengo deu um passo concreto para ceder parte da área originalmente destinada à expansão do Museu Flamengo, na Gávea, à rede Smart Fit. A minuta do contrato, enviada ao Conselho Deliberativo e assinada pela diretoria dos conselhos, foi encaminhada para análise antes da Assembleia marcada para o dia 24 de novembro. O acordo, ainda em fase provisória, prevê o pagamento mensal de cerca de R$ 150 mil pela utilização do espaço de 800 m² no segundo andar da sede social, que desde a inauguração do museu em 2023 permanece sem uso.


Ouça nossas análises e entrevistas sobre a eleição do Flamengo no seu agregador de podcast preferido: SpotifyDeezerAmazoniTunesYoutube MusicCastbox e Anchor.


O projeto inicial do museu, lançado em 2023, previa dois andares e uma área total de dois mil metros quadrados, mas apenas a primeira etapa, cerca de 1.200 m², foi concluída e aberta ao público. O espaço rapidamente se consolidou como uma das principais atrações históricas do clube, recebendo o título de ponto turístico oficial do Rio de Janeiro em abril de 2024. O segundo piso, contudo, permaneceu vazio desde então, à espera de definições sobre sua utilização.

A proposta de instalar uma academia no local provocou reações divergentes. Parte dos conselheiros e sócios defende que o espaço seja integralmente destinado à conclusão da área. Outros grupos, no entanto, enxergam na cessão uma forma de gerar receita em uma área ociosa da sede social.

A polêmica ganhou força também por conta do perfil do atual vice-presidente de Patrimônio Histórico, José Antônio Rosa. Empresário do setor de academias, fundador da Boritech e ex-sócio da Smart Fit, negou qualquer envolvimento direto nas negociações, alegando que apenas intermediou conversas. Ainda assim, conselheiros apontam possível conflito de interesse, argumentando que um dirigente ligado ao ramo se envolva justamente na cessão de um espaço de museu a uma rede privada de academias.

O debate ocorre em meio às comemorações dos 130 anos do Flamengo, celebrados este mês com o lançamento de uma websérie com apoio do patrimônio histórico e com o anúncio de novas ações de valorização da memória do clube. A coincidência das datas acentuou o contraste entre o discurso institucional de preservação e a possibilidade de transformar parte do museu em espaço comercial.

A iniciativa desvaloriza o patrimônio histórico em um momento em que o Flamengo deveria reafirmar sua identidade. É simbólico e triste ver isso acontecer justamente quando o clube celebra sua história. Não faz sentido reduzir o espaço de um museu recém-inaugurado para dar lugar a uma academia.

A discussão também expõe um dilema recorrente no Flamengo contemporâneo: o equilíbrio entre o caráter empresarial da gestão e o compromisso com as raízes culturais e sociais do clube. Durante a campanha eleitoral, o atual presidente Luiz Eduardo Baptista havia prometido fortalecer o Museu Flamengo e transformá-lo em referência nacional. Agora, enfrenta a tarefa de conciliar os interesses financeiros e a preservação da memória rubro-negra, um tema que, para muitos, é parte essencial da própria identidade do clube.

VEJA MAIS:

CASO PREFIRA OUVIR:

Enquanto a proposta avança para deliberação, vozes internas pedem cautela. Para esses sócios, o museu é mais do que um espaço físico: é um símbolo de pertencimento, resultado de décadas de luta de pesquisadores, torcedores e dirigentes comprometidos com a história do Flamengo. A decisão do Conselho Deliberativo deve definir não apenas o destino de um segundo andar, mas o rumo simbólico que o clube escolherá seguir entre a preservação de sua memória e a expansão de seu modelo de negócios.

Enquanto planeja academia, Flamengo mantém museu sem curador há mais de um ano

Veja outros vídeos sobre as notícias do Flamengo:

Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

+ Siga o Blog Ser Flamengo no Twitter, no Instagram, no Facebook e no Youtube.

Comentários
Sair da versão mobile