Zico desmente matéria, critica apuração e diz que CFZ não foi ouvido por jornalista

Zico desmente matéria, critica apuração e diz que CFZ não foi ouvido por jornalista

O desabafo de Zico não surgiu do nada. Ele veio como reação direta a uma matéria que ganhou repercussão nacional ao associar o Centro de Futebol Zico a um cenário descrito como precário, sem que o próprio CFZ tivesse sido ouvido. A fala aconteceu após o Jogo das Estrelas, quando o maior ídolo da história do Flamengo respondeu a uma pergunta do jornalista David Sharp, do canal Antenado na Jogada, e decidiu esclarecer publicamente pontos que, segundo ele, foram distorcidos ou apresentados fora de contexto.


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Zico explicou que tomou a iniciativa de procurar a autora da reportagem ainda em outubro, quando o material foi publicado. Disse ter enviado mensagens e feito contato direto para relatar o que, em sua avaliação, não correspondia à realidade do CFZ. O incômodo central não foi a crítica ao Flamengo nem ao planejamento do futebol feminino, mas o fato de o centro de treinamento ter sido retratado como um local em condições precárias sem qualquer checagem prévia junto à instituição.

Segundo o ex-camisa 10, o CFZ nunca foi concebido para funcionar como sede permanente de um clube profissional. Trata-se de uma escola de futebol, com circulação diária de centenas de crianças e jovens, além de equipes que utilizam o espaço de forma pontual. “Nós não fizemos um centro de treinamento para receber clubes. Fizemos uma escola de futebol”, afirmou. Ainda assim, quando o Flamengo procurou o CFZ em setembro do ano passado, por conta dos problemas no gramado do CFAN, houve um esforço para adaptar o espaço e atender ao pedido de forma emergencial.

A linha do tempo ajuda a entender o episódio. Em setembro passado, ainda na gestão anterior, o Flamengo passou a utilizar o CFZ provisoriamente após dificuldades estruturais no centro da Marinha. O acordo foi tratado como solução temporária, não como projeto definitivo. As jogadoras treinaram em um dos campos do complexo, elogiado pelo próprio Zico pela qualidade do gramado, embora com medidas menores do que as ideais para o alto rendimento. A adaptação envolveu ajustes improvisados, o chamado “jeitinho brasileiro”, nas palavras do ídolo, para que a atividade não fosse interrompida.

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O que gerou maior revolta foi a utilização de imagens específicas, como torneiras com água barrenta e áreas em processo de limpeza, apresentadas como se refletissem a rotina do local. Zico relatou que, naquele dia, houve um problema generalizado no abastecimento de água no Recreio dos Bandeirantes. Ainda assim, as fotos circularam como prova de uma situação permanente.

Outro ponto levantado no desabafo foi a ausência de contraditório. Zico afirmou que a jornalista nunca esteve no CFZ para conhecer a estrutura ou ouvir os responsáveis. O centro, administrado por seu filho, Thiago, não foi procurado para prestar esclarecimentos.

O ex-jogador deixou claro que não discorda da crítica de fundo, que questiona a decisão do Flamengo de colocar uma equipe profissional feminina em um local não projetado para esse fim. Esse debate, segundo ele, é legítimo e necessário. O problema foi a escolha das palavras e a falta de contextualização.

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O episódio escancara um problema recorrente no jornalismo esportivo contemporâneo: a fragmentação da informação. Em vez de uma apuração completa, com todos os envolvidos ouvidos, muitas histórias passam a ser contadas em pedaços, alimentadas por recortes e reações sucessivas. O resultado é um debate raso, que se afasta do essencial. No caso do Flamengo, a discussão deveria girar em torno do projeto para o futebol feminino, da reestruturação anunciada e das escolhas estratégicas feitas pela diretoria. Acabou desviada para imagens descontextualizadas e disputas laterais.

Ao falar, Zico não buscou blindar o Flamengo nem encerrar a discussão sobre a modalidade. O que fez foi defender o nome de uma instituição que carrega sua trajetória e que, segundo ele, foi tratada sem o devido cuidado. Em tempos de cobrança constante por credibilidade, o episódio reforça uma regra básica do ofício: quem acusa precisa sustentar a acusação com apuração ampla, ouvindo todos os lados. Quando isso não acontece, o debate perde qualidade e a confiança, construída ao longo de uma vida, vira alvo fácil.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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