Carioqueta: Será que vale a pena vê-lo definhar?

Para ser sincera com todos, o último Cariocão que me militou realmente, foi o de 2009. O nosso quinto tricampeonato, a hegemonia do Rio. A despedida de um zagueiro que, para muitos, tornou-se ídolo. O sentimento de grupo, à volta por cima. A sorte, a garra e a emoção louca que é se decidir um título nas penalidades máximas. A Nação oprimindo as rivais com a sua onipotência, a sua magia. Realmente, aquele campeonato me marcou, e em conjunto com o Hexa mítico, cheio de heróis improváveis, tornou o ano de 2009 inesquecível.

Depois disso, aquele 2010. Ano de desgosto, em muitos aspectos. Flamengo dando adeus ao Carioca com requinte de pirraça. Depois, virar um saco de pancada no brasileirão. Ser cogitado no Z-4. E, em seguida, o Bonde do Mengão sem freio arrebatando o 32º título estadual e, ao menos para mim, já sem a mesma emoção do ano de 2009, o que é relativamente normal. 2012 e 2013 falam por si só. Não é preciso comentar como foi ressaltada a infeliz perda do charme do Campeonato Carioca. E agora, em 2014, Maraca ridiculamente vazio. Ter que engolir o wallpaper do Mengão campeão da Guanabara com efeitos de imagem para disfarçar a ausência da tão tradicional maior torcida do mundo, me deixou triste, meio nostálgica, e bastante pensativa. Eu que sempre defendi o Carioca como parte tradicional e charmosa, me peguei desejando drásticas mudanças ou o fim da competição. Talvez não dê para atrair um público de mesquinhos 10 mil para ver o Flamengo contra os de menor expressão numa quarta à noite. Talvez os tempos de expectativa na véspera de um Flamengo x América (quando o Mequinha subir) não voltem mais. Se as mudanças ocorreram trazendo uma maior indiferença de boa parte da torcida sobre a competição, que ela seja adaptada de forma que sobreviva com dignidade, ou que se vá. Não dá para ver o Carioqueta definhar. 

Outro dia li no Urublog o texto de um cara que pensava nas possibilidades de se revitalizar o ”estádio” da Gávea. E concordei, esboçando mil e uma imagens satisfatórias sobre a hipótese. Imaginem vocês, jogar a fase modorrenta da competição no nosso seio, em um local onde quaisquer 5 mil fariam uma festa mais calorosa. E de quebra, resgatar o clima retrô. Nada de entradas exorbitantes. Nada da sensação de vazio bem justificada. Maraca utilizado nas finais, abrigando boas rivalidades e a torcida do Mengão agregando valor a tudo isso em peso. Ah, sonhar é bom. Mas realizar o sonho é outra etapa. Mesmo que o caixa ofertasse essa possibilidade, com essa gestão da Ferj, meus queridos, até encontrar hidrogênio em copo d’água fica mais difícil. Ressaltando aqui a minha indignação com a falta de postura de Rubens Lopes, infelizmente reeleito pelos clubes pequenos (Botafogo e Cia). É muita tosquidão para pouco espaço na Terra.

Mas estamos aí, próximos à conquista número 33. Tem gente que acha ridículo ambicionar o Carioca, mas para mim ridículo é o Flamengo não ser competitivo, respeitando sua tradição. Para encerrar, deixo aqui meus votos por dias melhores para o nosso Carioqueta, sejam eles num futuro real, ou com a sua existência apenas na memória. Melhorias ou fim.

Beijo da baiana,

SRN.

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Tulio Rodrigues