A verdade sobre Leila Pereira e o “terraflamismo”: como ela usa o Flamengo para ganhar mídia

A verdade sobre Leila Pereira e o “terraflamismo”: como ela usa o Flamengo para ganhar mídia
Imagem: Reprodução/GE TV

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, voltou a atacar o Flamengo em entrevista concedida nesta semana à jornalista Mariana Spinelli, da GE TV, afirmando que o clube carioca age de forma “egocêntrica” nas discussões da Libra e que vive um “terraflamismo”, expressão usada para ironizar o suposto comportamento de quem acredita que o futebol brasileiro gira em torno do rubro-negro. O embate se acentuou após a decisão judicial que bloqueou valores da liga a pedido do Flamengo, medida que escancarou a ruptura entre os dois clubes mais poderosos do país e reacendeu a disputa pela condução do projeto de liga nacional.


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A tensão começou ainda em 2022, quando Flamengo e Palmeiras, que se uniram na fundação da Libra, começaram a divergir sobre diversos pontos. Desde então, as reuniões que buscavam consenso se transformaram em arenas de desconfiança. Nos bastidores, dirigentes relatam que a relação entre as partes azedou de vez quando a Libra aprovou, sem unanimidade, um detalhamento de rateio considerado pelo Flamengo como ilegal segundo o próprio estatuto da associação.

A decisão de recorrer à Justiça foi o ponto de não retorno. Em setembro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedeu liminar favorável ao Flamengo, bloqueando parte dos repasses da liga até que o caso fosse reavaliado. A atitude provocou reação imediata de Leila, que acusou o rival de prejudicar os demais clubes e prometeu buscar indenização pelos supostos danos. “O Flamengo está causando prejuízos ao Palmeiras e à Libra. Vamos acionar judicialmente”, declarou.

O Flamengo, por sua vez, sustenta que apenas defende o cumprimento das regras. Alega que a aprovação de critérios sem a concordância de todos fere o estatuto da Libra, que exige unanimidade para alterações estruturais. O clube também argumenta que tentou discutir internamente as propostas antes de recorrer à Justiça, mas não encontrou abertura para negociação.

A retórica de Leila, entretanto, tem se distanciado do campo jurídico e migrado para o simbólico. Ao cunhar o termo “terraflamismo”, a presidente palmeirense transformou um debate técnico em disputa de narrativas. A ideia, repetida em entrevistas à Globo, à Record e a outros veículos, ganhou tração entre torcedores rivais e comentaristas que veem no Flamengo uma postura centralizadora. “Ninguém é maior que ninguém. Todos precisamos uns dos outros. Se o Flamengo acha que o futebol gira em torno dele, que jogue sozinho”, disse Leila, em tom provocativo.

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A fala gerou reações imediatas. Nas redes, flamenguistas ironizaram a obsessão da dirigente pelo clube, lembrando que ela menciona o nome “Flamengo” com frequência em entrevistas. Analistas também observaram que, ao invés de responder aos questionamentos jurídicos, Leila preferiu recorrer a slogans e frases de efeito.

O episódio expôs um traço recorrente na condução da Libra: a ausência de mediação institucional. Desde que a associação foi criada, em maio de 2022, o projeto de uma liga unificada se fragmentou em blocos de interesse — de um lado, a Libra, liderada por  Flamengo, Palmeiras, Corinthians e São Paulo; de outro, o grupo Forte Futebol, onde estão Atlético, Internacional, Botafogo e outros médios.

A disputa recente também reacende outra frente de crítica: a influência de Leila Pereira sobre decisões que envolvem o Allianz Parque, estádio administrado pela WTorre e com gramado sintético, ponto que divide opiniões no meio do futebol. Em reuniões da própria Libra, Leila se opôs a discutir a uniformização dos gramados, sob o argumento de que o tema foge à competência da liga. Para adversários, a resistência tem motivação contratual e empresarial.

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No fundo, a guerra entre Flamengo e Palmeiras ultrapassa o campo econômico. É uma disputa de hegemonia simbólica. Ambos representam modelos antagônicos de poder no futebol brasileiro: o Flamengo de Bap, baseado na força de mercado e na internacionalização da marca, e o Palmeiras de Leila, sustentado por uma gestão empresarial verticalizada, em que o patrocínio e a presidência sempre confundiram.

Enquanto isso, a Libra segue paralisada entre liminares, vaidades e promessas de união que nunca se concretizam. O termo “terraflamismo”, nascido como uma ironia, acaba servindo de retrato de um futebol que ainda não aprendeu a discutir com serenidade o próprio futuro, e onde o debate jurídico cede lugar à retórica do palco.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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