AUTOCRACATA! Leila Pereira quer poder absoluto no futebol e faz do Flamengo seu inimigo preferido

A empresária e presidente do Palmeiras, Leila Pereira, vem se movimentando nos bastidores do futebol brasileiro com um objetivo que já não parece mais disfarçado: tornar-se a dirigente mais influente do país, seja à frente de uma futura liga de clubes, seja até na CBF. Enquanto costura apoios e tenta moldar sua imagem pública como símbolo de força e modernidade, Leila tem adotado uma estratégia recorrente: usar o Flamengo como antagonista e vitrine.
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A tática ficou evidente nas últimas semanas. Desde a repercussão da entrevista prometida pela Record e jamais exibida na íntegra, até as declarações polêmicas contra o clube carioca, Leila tem buscado o confronto com o maior gerador de audiência do país. O jornalista Cosme Rímoli, em coluna no R7, escreveu que a mandatária “trabalha para ser a dirigente mais importante do futebol do Brasil”. Nos bastidores, a movimentação é clara: ocupar o espaço de liderança deixado vago por figuras tradicionais e transformar capital financeiro em poder político.
O método e o perfil
O perfil traçado por Danilo Lavieri, do UOL, ajuda a entender o estilo de gestão de Leila Pereira. A presidente do Palmeiras chegou ao topo do futebol brasileiro não por acaso, nem por representatividade feminina. Chegou pelo poder econômico que acumulou à frente da Crefisa e da Faculdade das Américas. Seu ingresso no futebol foi sustentado por investimentos pessoais que remodelaram o Palmeiras e a colocaram numa posição de influência.
Mas o mesmo perfil aponta contradições. Lavieri mostrou que, entre 159 diretores escolhidos por ela, apenas 13 eram mulheres. Nenhuma ocupava cargos decisivos. As duas vice-presidentes, Maria Teresa Belangeiro e Neivade, teriam funções meramente decorativas. “As decisões são tomadas por Leila e pelos executivos contratados”, descreveu o jornalista.
Mesmo em temas sensíveis, como o episódio em que o técnico Abel Ferreira destratou a repórter Aline Fanelli, Leila optou por proteger o treinador. “Não achei que ele foi machista”, disse na época, defendendo o português. O discurso do empoderamento feminino, portanto, aparece mais como ferramenta de imagem do que como causa efetiva.
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Política, negócios e o uso do Flamengo
O discurso de união entre clubes, pregado pela presidente, também parece ter outro sentido. Leila se aproximou da CBF, apoiando pautas que fortalecem a entidade, como o fair play financeiro e a padronização dos gramados, temas que poderiam estar sob responsabilidade da futura liga. A articulação, segundo dirigentes que acompanham o processo, enfraquece o poder dos clubes e dá protagonismo ao presidente Samir Xaud.
A dirigente do Palmeiras, no entanto, mantém discurso público favorável à criação de uma liga única. Para ela, os clubes precisam de “mais força nas negociações”, especialmente em direitos de transmissão. Na prática, porém, suas ações apontam na direção contrária: impedir que a liga avance e preservar o poder centralizado da CBF.
No meio disso tudo, o Flamengo surge como peça central da narrativa. Desde que o clube judicializou o impasse na Libra, Leila adotou um tom de confronto direto. Acusou o Rubro-Negro de “autoritarismo” e de tentar asfixiar os demais clubes. Para analistas, a postura tem função política: a presidente se beneficia ao confrontar o clube de maior alcance midiático do país.
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Conflitos de interesse e contradições
Outro ponto que levanta suspeitas é a relação da Crefisa, empresa de Leila, com o Vasco da Gama. O banco emprestou dinheiro à SAF cruzmaltina, operação juridicamente legal, mas eticamente questionável, já que a presidente da empresa é também mandatária de um clube rival e envolvida em negociações políticas no futebol.
Além disso, Leila comprou um avião particular para transportar o elenco palmeirense, mantém domínio sobre a Arena Barueri e concentrou decisões internas a ponto de “extinguir a oposição” no Conselho do clube, como descreveu Cosme Rímoli.
A combinação de poder financeiro, centralização e discurso de protagonismo feminino a coloca numa posição de destaque, mas também de controvérsia. Seus críticos enxergam autoritarismo e personalismo; seus apoiadores veem eficiência e coragem.
A estratégia da mídia e o projeto de poder
Leila aprendeu que o embate público dá resultado. Usar o Flamengo como contraponto, mesmo em temas em que os clubes poderiam ter convergência, projeta seu nome e cria a imagem de liderança firme, uma construção que se encaixa no plano de galgar espaços maiores.
Dentro do Palmeiras, há quem diga que o projeto vai além do clube. O mandato de Leila termina em 2027, e fontes próximas garantem que ela pretende disputar a presidência de uma eventual liga, ou até postular cargo na CBF. A movimentação política nas reuniões entre Libra, CBF e clubes médios reforça essa leitura.
O movimento segue um roteiro conhecido no futebol brasileiro: transformar poder econômico em capital político. A diferença é que, desta vez, a protagonista é uma mulher que usa o clube mais popular do país como espelho, e escudo, de seu projeto de poder.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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