Bap detalha gestão, explica o “R$ 1 bilhão” e sinaliza que vai tentar reeleição no comando do Flamengo
A entrevista concedida por Luiz Eduardo Baptista ao MengoCast, exibida na Flamengo TV, revelou mais do que um balanço do primeiro ano de mandato. Ao longo de quase 40 minutos de conversa, o presidente do Flamengo explicou decisões administrativas, detalhou números, falou sobre futebol com profundidade técnica e deixou um sinal claro de continuidade. Ao projetar o clube no top 15 do mundo e falar em preparação para o Mundial de 2029, Bap indicou, ainda que de forma indireta, que pretende disputar a reeleição em 2027 para conduzir esse planejamento até o fim.
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O dirigente falou que a temporada atual vai além da conquista de títulos. Segundo ele, os resultados recentes nasceram de uma mudança estrutural baseada em profissionalismo, dados e decisão técnica, não em improviso ou intuição. Bap citou como exemplo o uso de análise de desempenho, scout, fisiologia e medicina esportiva para maximizar rendimento físico, destacando o caso de Arrascaeta. Aos 30 anos, o meia uruguaio vive uma das temporadas mais completas da carreira, com mais minutos disputados do que em 2019, resultado, segundo o presidente, de planejamento científico e controle rigoroso de carga.
Esse modelo, que ele associa à lógica apresentada no filme Moneyball, marca um rompimento com práticas antigas no clube. “Menos achismo, mais evidência”, resumiu ao explicar o conceito. O presidente sustentou que a mudança de filosofia impactou diretamente dentro de campo e citou a importância de profissionais especializados em todas as áreas do futebol, da performance à saúde, como base de um trabalho sustentável.
Ao olhar para trás, Bap traçou uma linha do tempo para contextualizar o momento atual. Lembrou que o verdadeiro ponto de inflexão da história recente ocorreu em dezembro de 2012, com a eleição que iniciou o processo de recuperação financeira e institucional do Flamengo. Para ele, aquele período foi mais transformador do que conquistas esportivas isoladas, pois impôs uma mudança de postura no mercado. Entre 2013 e 2019, o clube pagou um preço alto, conviveu com limitações técnicas e campanhas irregulares, mas construiu credibilidade. “Todo mundo quer ser o Flamengo de hoje, mas ninguém quer passar pelo que a gente passou”, afirmou.
Essa reflexão também serviu como gancho para a discussão sobre SAF. Bap foi direto ao dizer que dinheiro, por si só, não resolve. Citou exemplos recentes do futebol brasileiro e lembrou que o próprio Flamengo já teve temporadas frustrantes mesmo com alto investimento, como em 2023. A tese defendida foi clara: gestão precede capital. Sem organização, planejamento e critérios, o recurso financeiro se esgota e os erros se acumulam.
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No campo econômico, o presidente explicou como o clube sai de um início de ano com caixa apertado para terminar a temporada com o maior faturamento já registrado por um clube da América Latina. Segundo ele, o primeiro trimestre foi especialmente desafiador, com pouco dinheiro disponível para obrigações imediatas. Isso limitou a janela inicial de transferências e obrigou o clube a vender antes de comprar. Ao mesmo tempo, houve queda significativa de receita com direitos de transmissão após o esvaziamento do acordo da Libra.
A virada veio com ações combinadas. O Flamengo renegociou prazos, ampliou margens, revisou o programa de sócio-torcedor, elevou receitas comerciais e se beneficiou de vendas relevantes, como as de Wesley e Gerson. No total, o clube arrecadou cerca de 75 milhões de euros em transferências. A parceria com a Betano praticamente dobrou o valor de patrocínio master, enquanto a operação do Maracanã se transformou em um dos maiores acertos da gestão.
Sobre o estádio, Bap apresentou números contundentes. A margem operacional, que girava entre 28% e 30%, chegou a 70%. A renda média cresceu cerca de 45%. A projeção é que, ao fim de 2026, o resultado do Maracanã seja cinco vezes maior do que o registrado em 2024, com faturamento mais que dobrado. Para ele, isso se deu por um choque de profissionalização, aliado a ações de marketing que fortaleceram a experiência do torcedor, como mosaicos e demais ativações.
Nesse ambiente, o AeroFla ganhou espaço na conversa. O presidente tratou a mobilização como fenômeno espontâneo, não como ação institucional, destacou a repercussão internacional, com menções da FIFA e da UEFA, e ressaltou o impacto emocional no elenco. Segundo ele, jogadores relataram que perder “não era uma opção” depois daquela demonstração de apoio. Ao mesmo tempo, ponderou sobre riscos de segurança e defendeu um equilíbrio que preserve a essência popular sem colocar torcedores em perigo.
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No futebol, Bap também falou sobre planejamento esportivo. Admitiu que o elenco envelheceu nos últimos anos e explicou por que o clube trabalha para reduzir a média de idade, olhando 2026 e 2027 de forma integrada. Contratações, segundo ele, não podem ser pensadas apenas no presente, mas em ciclos, considerando valorização de ativos e revenda. Essa lógica se conecta ao objetivo de competir com SAFs e mecenas sem perder identidade institucional.
Questionado sobre a fala que gerou o debate do “R$ 1 bilhão”, o presidente fez questão de colocar o tema no condicional. Disse que poderia gastar esse valor ao longo de dois anos se fosse necessário para manter competitividade máxima, mas deixou claro que não se trata de promessa nem de orçamento carimbado. “Poder gastar não significa dever gastar”, afirmou, destacando que qualquer decisão precisa ser compatível com capacidade de pagamento e planejamento responsável.
Ao final, revelou a meta mais ambiciosa de sua gestão: colocar o Flamengo entre os 15 maiores clubes do mundo em faturamento e desempenho, com foco na preparação para o Mundial de 2029. Ao falar em horizonte de longo prazo, formação de atletas na base e consolidação internacional, Bap deixou implícito que vê sua administração como um ciclo ainda em andamento. A leitura política é direta: quem projeta 2029 não pensa apenas até dezembro de 2027. A sinalização de reeleição está posta.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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