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Bap detona Libra em defesa do Flamengo, crítica os gramados sintéticos e as falas de Leila Pereira

Bap detona Libra em defesa do Flamengo, crítica os gramados sintéticos e as falas de Leila Pereira

O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, voltou a criticar publicamente a condução da Libra e a defesa insistente dos gramados sintéticos no futebol nacional, tema que costuma ser blindado por dirigentes como Leila Pereira. As declarações ocorreram em entrevista à Band, divulgada em trechos nas redes sociais, na qual Bap explicou por que o rubro-negro judicializou o impasse na liga e reafirmou que o modelo atual concentra poder, ignora debates estruturantes e cria distorções competitivas, dentro e fora de campo.


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A entrevista parte de uma constatação que o Flamengo repete desde fevereiro. Ao assumir o clube, Bap leu o contrato da Libra e identificou que 70% da divisão de receitas já estava prevista. O restante dependeria de negociação. O texto mencionava, de forma explícita, que os critérios dos 30% audiência deveriam ser definidos posteriormente e aprovados por unanimidade. Segundo ele, o chamado “direito de veto” do Flamengo foi colocado justamente para evitar que a liga reproduzisse vícios antigos. Esse ponto é central, pois desmonta a narrativa de que o rubro-negro teria descumprido acordos.

O Flamengo passou sete meses discutindo dentro da Libra antes de recorrer à Justiça. Houve idas e vindas, conversas com dirigentes de Atlético-MG, São Paulo, Santos e outros clubes, além de reuniões formais em que as divergências foram expostas de forma direta. O atrito não surgiu de rompantes, mas do acúmulo de tentativas frustradas de discutir regras fundamentais para o futuro da competição.

Nesse contexto, Leila Pereira se tornou uma das vozes mais resistentes à abertura de debates. Ainda no período da gestão Landim, o Flamengo aceitou ceder parte da receita prevista na Libra para que o grupo avançasse em pautas estruturais. Entre elas, uma das mais importantes: a uniformização dos gramados. O tema nunca saiu do lugar porque, na prática, Leila preferiu levar a regulamentação para a CBF Há também o interesse comercial envolvendo a WTorre, empresa responsável pelo Allianz Parque e cuja operação é moldada para shows e eventos, incompatíveis com a manutenção eficiente da grama natural.

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Esse pano de fundo explica a resistência rubro-negra. Para Bap, a defesa irrestrita dos campos artificiais não se sustenta tecnicamente e sequestra a racionalidade do debate. Ele lembra que a FIFA só homologou o sintético para regiões em que o clima inviabiliza o uso de gramados naturais, como parte do Leste Europeu ou países de inverno rigoroso. Não é o caso brasileiro. As principais ligas do planeta: Premier League, Bundesliga, La Liga, Serie A rejeitam a solução. Mesmo a Argentina, que possui clima mais hostil em algumas regiões, não adotou o sintético de forma sistemática.

O argumento econômico também gera distorção. Bap afirma que o Flamengo gasta cerca de 38 milhões de reais por ano para manter o Maracanã em padrão de elite. O cuidado estende-se a máquinas adquiridas exclusivamente para operar durante a madrugada, garantindo que o campo esteja uniforme para todas as partidas. Nos clubes que optam pelo sintético, o custo cai drasticamente, chegando a menos de um terço desses valores. Além de reduzir a necessidade de manutenção, o modelo permite marcar um grande número de shows sem comprometer o gramado, o que atende ao interesse comercial, não ao esporte.

Essa diferença cria vantagem competitiva: o time que treina e joga constantemente no sintético se adapta a uma dinâmica que os clubes de grama natural não reproduzem. São superfícies distintas, que influenciam velocidade da bola, impacto nas articulações, desgaste físico e padrões táticos. A lógica fica distante de uma liga profissional, onde equilíbrio técnico deveria ser prioridade.

A crítica maior de Bap, no entanto, mira o projeto de liga. Para ele, a Libra nasceu como uma versão embaladora do antigo Clube dos 13: discurso moderno, executivos jovens, termos importados do mercado internacional, mas práticas antigas. Ele chegou a ironizar, tratou o grupo como “Clube dos 13 de peruca loira e bigode”, uma estrutura que tenta parecer nova, mas preserva decisões tomadas por poucos em nome de muitos. A referência tem peso histórico. O Clube dos 13 fracassou nos anos 2000 porque, apesar da ambição, não conseguia unir interesses divergentes e acabou implodido pelas próprias contradições.

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Se o Brasil pretende caminhar para um modelo de liga comparável ao europeu, afirma o presidente, não pode ignorar temas que impactam diretamente o produto final. E nesse ponto, os gramados são apenas um símbolo de problemas maiores: a dificuldade de estabelecer consenso, a incapacidade de discutir regras comuns e a insistência em preservar vantagens individuais mesmo quando o coletivo sai prejudicado.

A entrevista de Bap não encerra o debate. Mas reacende uma discussão essencial: enquanto dirigentes travam disputas políticas e financeiras, o futebol brasileiro tenta se tornar relevante no mercado global usando estruturas frágeis. Sem resolver desalinhamentos básicos, como padronização de estádios, governança e modelo de distribuição de receitas, dificilmente o país produzirá uma liga que se sustente para além do discurso.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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