CONFIRA: APRESENTAÇÃO DO FLAMENGO DESMONTA CADA PONTO DA NOTA DA LIBRA E REVELA ILEGALIDADES GRAVES

O Flamengo e a Libra voltaram ao centro do debate. De um lado, a associação que reúne parte dos principais times do país divulgou uma nota oficial com seis pontos defendendo suas posições na última semana. De outro, o clube da Gávea respondeu ponto a ponto, alegando distorções, omissões e contradições em apresentação ao seu Conselho Deliberativo. O embate ganhou força após o Rubro-Negro ingressar com uma liminar na Justiça, suspendendo o repasse de receitas da Globo.
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A nota da Libra, assinada coletivamente por seus integrantes, foi divulgada no fim de setembro. O primeiro ponto afirmava ser “falso dizer que o Flamengo deseja o diálogo”. Segundo o texto, o clube teria “interrompido as conversas ao recorrer à Justiça, obstruindo o fluxo de caixa dos demais e pressionando economicamente os parceiros”. A resposta veio na voz de Marcelo Campos Pinto, executivo que representa o Flamengo nas negociações. Ele afirmou que o clube “sempre esteve e continua à disposição para sentar à mesa e buscar uma solução consensual”, ressaltando que o objetivo é apenas garantir “que, nos 30% da remuneração variável, seja reconhecido o real valor que cada equipe agrega às receitas”.
O presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, também se manifestou, destacando que o Rubro-Negro tentou negociar dentro da Libra por quase um ano. “Buscamos o acordo durante dez meses. Não foi possível, mas seguimos abertos. O Flamengo quer olhar pra frente. Depende dos outros clubes”, declarou, em entrevista à Flamengo TV. Segundo Bap, o clube ainda acredita em uma “liga sólida para o futuro”, desde que o modelo seja justo e equilibrado.
O segundo ponto da nota da Libra negava que o estatuto fosse omisso sobre os critérios de distribuição de receitas de audiência. A associação alegou que as regras estão descritas e foram aprovadas em assembleia “por unanimidade, inclusive pelo próprio Flamengo”. Marcelo Campos Pinto, contudo, rebateu. Ele explicou que, embora o documento cite as fórmulas de cálculo, o contrato de direitos de transmissão firmado com a Globo não discrimina quanto cada plataforma: TV aberta, fechada ou pay-per-view é fatiado. “Portanto, como aplicar uma fórmula incompleta? Só existe um modo: complementá-la”, questionou. O dirigente mostrou que, sem essa informação, não há como ponderar a audiência de forma precisa. “As informações inexistem, porque a Globo pagou um preço fechado por todos os direitos. Não há detalhamento por plataforma”, completou.
No terceiro item, a Libra acusou o Flamengo de tentar mudar o critério de “audiência” para “cadastro de torcedores”, algo rejeitado pelos demais clubes em assembleia. “Cadastro não é audiência”, dizia a nota, acrescentando que o clube buscava “reverter a decisão colegiada na Justiça”. O Flamengo respondeu que não ingressou contra a votação em si, mas por outras irregularidades, entre elas, aprovações feitas sem unanimidade. Marcelo Campos Pinto contestou ainda a lógica do argumento. “Se dizem que o pay-per-view não é critério de audiência, por que o utilizam nas próprias simulações? É contraditório. O PPV é o mais antigo e confiável indicador de público desde 1997. Representamos 37,8% das vendas, enquanto o Corinthians tem 13%”, comparou.
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O quarto ponto da Libra dizia ser “falso afirmar que o estatuto garante valor mínimo ao Flamengo”. Segundo o texto, tal cláusula só seria válida se a liga já existisse como organizadora do campeonato, o que não ocorre, pois a Série A continua sob gestão da CBF. O Flamengo, no entanto, apresentou trechos de reuniões internas que mostram que a discussão sobre um fundo de compensação foi levantada oficialmente em assembleia de maio. Bap explicou que o período de transição de cinco anos, com garantia de receitas corrigidas pelo IPCA, nunca implementado. “Isso asseguraria ao Flamengo cerca de R$ 321 milhões em 2025. Como o clube não fez valer esse direito, perdemos essa possibilidade”, afirmou.
Marcelo Campos Pinto reforçou que o pedido do Flamengo era justamente para incluir o mecanismo de compensação e garantir previsibilidade financeira durante a fase inicial da liga. “Nós discutimos essa fórmula incompleta e também pedimos que, naquela pauta, fosse incluído o fundo de transição. Ele não foi adotado”, disse.
A divergência entre as versões escancara a fragilidade política do movimento que pretendia profissionalizar a organização do futebol brasileiro. A Libra nasceu em 2022, capitaneada por Flamengo, Corinthians, Palmeiras e outros clubes, com a promessa de criar uma liga nos moldes europeus. No entanto, desacordos sobre critérios de divisão de receitas, governança e poder de voto acabaram fragmentando o grupo e dividindo o bloco em dois, quando a LFU foi criada.
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Hoje, o impasse está judicializado e a proposta de uma liga unificada, com Libra e Forte Futebol, segue distante. O Flamengo insiste que luta por um modelo “justo, transparente e meritocrático”, enquanto a Libra acusa o clube de tentar “impor sua vontade pela via judicial”. O fato é que, passados quase três anos desde o primeiro anúncio de união, o futebol brasileiro segue sem uma liga.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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