Conselho do Flamengo aprova academia e reduz espaço do Museu: o que muda agora
O Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou, na noite desta segunda-feira (24), o aditivo contratual que autoriza a instalação de uma unidade de academia no espaço originalmente reservado à expansão do Museu do Flamengo. A votação foi conduzida presencialmente e fechou em 347 votos a favor, 243 contrários e 12 abstenções. A decisão modifica a concepção idealizada desde a inauguração do museu, abre caminho para a entrada da academia no segundo piso do prédio e reduz, na prática, mil metros quadrados do projeto inicial.
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A discussão começou semanas antes, quando conselheiros e torcedores passaram a se mobilizar após a divulgação das primeiras informações sobre o aditivo. Desde então, a pauta avançou em ritmo acelerado dentro do clube. O ponto central do debate era simples: o espaço destinado à memória rubro-negra seria compartilhado, e diminuído, para dar lugar a uma operação comercial de longo prazo. O contrato prevê dez anos de permanência da rede de ginástica e estipula uma receita mensal de R$ 150 mil. Ao mesmo tempo, impõe ao Flamengo uma indenização temporária de R$ 300 mil mensais enquanto o museu estiver fechado para obras, além de gastos com desmontagem, armazenagem, remontagem, ajustes estruturais e nova ambientação.
O projeto original, aprovado em diferentes gestões, previa um museu com 2.116 m². Com o aditivo, o espaço efetivo cai pela metade. A direção afirma que há previsão de ampliar novamente o museu no primeiro piso, até 500 m², sem obrigação contratual para que isso ocorra. A expansão futura, portanto, é possível, mas não garantida.
A votação desta segunda-feira expôs uma divisão clara dentro do Conselho. Parte dos conselheiros defendia a preservação integral do espaço por entender que o museu representa um dos pilares simbólicos do clube e atrai público crescente. O museu soma mais de 150 mil visitantes desde sua inauguração, marca próxima à de instituições de clubes estrangeiros que contam com a vantagem de estar instaladas em seus próprios estádios.
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A ala favorável ao aditivo argumentou que a academia atende à segunda maior demanda dos sócios, atrás apenas das piscinas, e que a modernização da Gávea exige novos serviços e novas fontes de receita. A diretoria também reiterou que parte do acervo poderá ser exibida no futuro Museu do Maracanã e que o clube pretende disponibilizar visitas ao Ninho do Urubu em dias livres de atividades profissionais, abrindo outro ponto de contato com o patrimônio esportivo.
Embora a decisão seja soberana, restaram questionamentos. A crítica mais recorrente é sobre a condução do processo: a ausência de garantias formais para a expansão, lacunas no planejamento e o impacto direto sobre uma área sensível da instituição. Outro ponto discutido foi o tratamento dado a conselheiros durante as sessões prévias, que gerou desconforto entre alguns participantes.
A votação encerra uma etapa, mas não encerra a discussão. O museu ficará fechado por aproximadamente cinco meses e, durante esse período, o clube terá de gerenciar indenizações, realocação do acervo e ajustes estruturais. O Conselho terá a tarefa de acompanhar o cumprimento das promessas e de cobrar que a expansão planejada no primeiro piso, embora não obrigatória, seja executada.
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Por ora, o resultado está dado: a academia ocupará o segundo pavimento, e o museu perderá metade do espaço previsto no projeto original. O que o Flamengo fará a partir daqui é o que definirá se a decisão será lembrada como uma adequação circunstancial ou como um retrocesso na proteção da própria memória.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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