Contrato da Libra com a Globo expõe falhas e pode reduzir receita do Flamengo

Contrato da Libra com a Globo expõe falhas e pode reduzir receita do Flamengo

O contrato firmado entre a Libra e a Globo para a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro voltou ao centro do debate porque pode gerar perdas financeiras diretas ao Flamengo já a partir da próxima temporada. A possibilidade surgiu com a ampliação do número de clubes da própria Libra na Série A, cenário que, pela redação do acordo assinado, não prevê aumento do bolo financeiro, apenas a diluição do valor entre mais participantes, um desenho que contraria o discurso inicial de fortalecimento coletivo e expõe fragilidades estruturais do modelo aprovado em 2024.


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A negociação foi celebrada como marco de união entre clubes, mas desde sua aprovação carregava alertas importantes. Na época, conselheiros e grupos de oposição do Flamengo apontaram que o contrato estabelecia um valor fixo condicionado a um número mínimo de clubes da Libra na elite, sem cláusula clara que previsse reajuste automático caso esse número fosse superado. O problema, ignorado no calor político da votação, agora se materializa com a confirmação de dez clubes da liga na Série A.

Pela lógica do acordo, a presença mínima de nove equipes garante o valor de referência. Abaixo disso, o contrato prevê redutores que podem chegar a 11% por clube ausente. O ponto crítico é que não existe o movimento inverso: quando há mais de nove clubes, o montante global não cresce. O resultado prático é simples e incômodo. Com mais participantes, cada um recebe menos. O Flamengo, principal gerador de audiência do país, acaba absorvendo parte relevante dessa perda, mesmo sendo o ativo mais valioso do pacote.

A cláusula está expressa no texto contratual, que trata apenas da redução do valor em caso de queda no número mínimo de clubes, sem qualquer menção a incremento financeiro em cenário oposto. O entendimento interno da Libra, segundo apuração do UOL, é de que haveria espaço para uma “interpretação favorável” junto à Globo, algo que permitiria renegociação do valor global. O problema é que interpretação não substitui contrato, e boa vontade não é obrigação comercial.

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A história recente da relação entre clubes e emissoras mostra que negociações desse porte seguem a letra fria do acordo. A Globo, como qualquer empresa, tende a proteger seus interesses e cumprir exatamente o que foi assinado. Sem gatilho contratual para reajuste, não há mecanismo automático que obrigue o pagamento de um valor maior, mesmo com o crescimento do número de clubes ou do produto entregue.

Para o Flamengo, o risco é duplo. Além de receber menos por um contrato que já havia sido reduzido após a saída do Corinthians, o clube vê confirmada uma preocupação antiga: a de que acordos coletivos mal estruturados acabam penalizando quem mais gera receita. A promessa de equilíbrio se transforma, na prática, em socialização das perdas, não dos ganhos.

O episódio também recoloca em perspectiva o discurso de governança e profissionalização que embalou a criação da Libra. Um contrato dessa magnitude, envolvendo cifras bilionárias, não pode depender de interpretações futuras ou apostas em renegociação. A ausência de uma cláusula de crescimento automático revela fragilidade técnica e reforça a sensação de que decisões estratégicas foram tomadas mais por alinhamento político do que por rigor econômico.

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Enquanto a Libra sinaliza conversas com a Globo para tentar recompor valores, o cenário permanece indefinido. Se não houver revisão contratual, o Flamengo e os demais clubes do grupo terão de dividir o mesmo bolo entre mais participantes. O resultado será uma queda individual de receita em um campeonato que, paradoxalmente, cresce em audiência, alcance e relevância internacional.

No fim, o contrato que nasceu como símbolo de união pode se consolidar como exemplo de como um desenho mal feito gera distorções. Para o Flamengo, que sempre defendeu a valorização proporcional à entrega de mercado, o caso serve como alerta: no futebol brasileiro, o problema raramente está apenas em quem transmite, mas em como se negocia.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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