DESTAQUE: Receitas recorrentes e planejamento estratégico: o que revela o último balanço do Flamengo

DESTAQUE: Receitas recorrentes e planejamento estratégico: o que revela o último balanço do Flamengo

O Flamengo divulgou, no fim de outubro, o balanço financeiro referente ao terceiro trimestre de 2025. O relatório, com 72 páginas, detalha receitas, despesas e projeções para o encerramento do exercício fiscal. Segundo o documento, o clube atingiu R$ 1,56 bilhão de receita até setembro, o que já representa um novo recorde para o futebol brasileiro, restando ainda três meses para o fechamento do ano. A previsão é que o faturamento total chegue a R$ 1,85 bilhão, superando com folga o resultado histórico de 2024, que havia sido de R$ 1,3 bilhão.


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O dado impressiona por si só, mas o que realmente chama atenção está na qualidade dessa arrecadação. Pela primeira vez, o Flamengo ultrapassou a marca de R$ 1,05 bilhão em receitas recorrentes, valores que não dependem de venda de atletas ou prêmios de competições. Esse crescimento de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior reforça a solidez da estrutura financeira do clube e revela o quanto o modelo de gestão se apoia em pilares sustentáveis, como patrocínios, bilheteria, licenciamento e exploração do Maracanã.

Boa parte dessa evolução tem origem em novos contratos comerciais. O acordo com a Betano, por exemplo, foi decisivo: o Flamengo receberá R$ 80 milhões apenas em 2025, o que representa um impacto positivo de R$ 53 milhões sobre o que seria arrecadado se o contrato anterior com a Pixbet tivesse sido mantido. No estádio, a gestão rubro-negra abriu novas frentes de receita, como o estacionamento e a ampliação da margem operacional das partidas do Campeonato Brasileiro.

Mesmo diante da perda estimada de cerca de R$ 100 milhões com a nova divisão de cotas de TV, o clube conseguiu compensar o impacto com ganhos em outras frentes, incluindo a boa campanha na Libertadores, que superou a meta orçamentária inicial. A receita variável com vendas de jogadores também contribuiu, somando R$ 511 milhões, graças às negociações de Gerson e Wesley.

O Flamengo ainda registra um Ebitda recorrente de R$ 278 milhões e uma margem operacional de 27,9%, números que, na prática, medem a saúde financeira e a capacidade de geração de caixa da instituição. São índices que colocam o clube em um patamar de estabilidade raro no futebol sul-americano.

Mas o relatório não se limita ao desempenho recente. Ele também traça o planejamento estratégico para 2025, com metas e diretrizes para manter o crescimento em meio à nova configuração do mercado, que hoje inclui clubes SAF e instituições com mecenas e investidores estrangeiros. A projeção é de receita recorrente superior a R$ 1,3 bilhão e Ebitda acima de R$ 300 milhões, mesmo sem contar com receitas extraordinárias, como as do Mundial de Clubes.

O texto do balanço resume a linha de atuação do Flamengo: “Os contratos já firmados na área comercial superam a perda dessa receita variável, dando tranquilidade para manter uma posição sólida e segura”. Na prática, o clube sinaliza que tem um modelo autossustentável, capaz de competir com SAFs e potências apoiadas por capital externo sem abrir mão de sua natureza associativa.

Outro ponto destacado é a continuidade de investimentos em áreas consideradas estratégicas, como formação de atletas, ações sociais e modernização da estrutura esportiva. O Flamengo reafirma que todo resultado é reinvestido no Brasil e que o foco segue sendo o equilíbrio entre desempenho esportivo e responsabilidade financeira.

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O relatório conclui com uma mensagem de confiança: “O Flamengo encara 2025 como um ano de evolução estratégica, transformando desafios em oportunidades para consolidar nossa posição de liderança na gestão”. Em outras palavras, o clube chega a mais um fim de ciclo com números recordes e um discurso de solidez que reflete a construção de uma base rara no futebol brasileiro, a de quem pode planejar o futuro sem depender do acaso.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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