Flamengo desmonta nota dos clubes do gramado sintético e expõe incoerências em debate sobre padronização no Brasil
A reação dos clubes que utilizam gramados artificiais reacendeu um debate que atravessa o futebol brasileiro há anos. A nota conjunta publicada por Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras, na manhã desta quinta-feira (11), buscou defender o uso da superfície sintética em meio às discussões abertas pela proposta técnica enviada pelo Flamengo à CBF. A divergência se tornou pública quando o clube carioca decidiu formalizar um estudo de 25 páginas com sugestões para a padronização nacional dos gramados, mirando parâmetros internacionais e regras utilizadas por FIFA e UEFA. Desde então, o tema passou a ocupar o centro das conversas entre dirigentes, jornalistas e torcedores.
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A nota dos clubes foi divulgada por volta das 9h, em meio às repercussões das declarações de Leila Pereira, críticas ao posicionamento rubro-negro e respostas atravessadas de Bap durante a festa da CBF. No texto, eles afirmam que críticas direcionadas a gramados sintéticos “simplificam um debate complexo” e que a tecnologia atual seria superior, em certas condições, ao que se apresenta em muitos estádios brasileiros. O documento tenta desarmar o argumento de que o piso artificial amplia o risco de lesões, afirmando que não há “estudos conclusivos” nesse sentido. A mensagem, porém, ignora pontos centrais do material protocolado pelo Flamengo, que não reduz a discussão à saúde dos atletas, mas aborda padronização, comportamento da bola, impacto no ritmo de jogo e adequação às práticas de elite.
O estudo rubro-negro descarta qualquer ideia de banimento imediato. Propõe transição de dois anos para clubes da Série A e três para os da Série B, com possibilidade de adoção de gramados híbridos, e define parâmetros mínimos para instalar, monitorar e homologar superfícies. Também sugere que a própria CBF estabeleça protocolos de avaliação antes de liberar estádios para competições nacionais. O clube destaca ainda pesquisas que apontam maior atrito, impacto térmico superior a 60ºC e presença de microplásticos, além de mencionar movimentações recentes de jogadores contrários ao sintético, inclusive atletas que atuam nessas equipes.
A resposta mais direta veio no início da tarde, quando o Flamengo publicou uma sequência de “Fato ou Fake” nas redes sociais. A comunicação rubro-negra rebateu ponto a ponto a nota dos clubes, classificando como falsa a tese de que o estudo trata apenas de banir o sintético. O material reforça que a proposta também exige padrões mínimos para gramados naturais e que o objetivo é elevar o nível dos estádios brasileiros. A publicação cita pesquisas amplamente debatidas no meio médico e aponta tendências globais, como a decisão da União Europeia de restringir microplásticos até 2031. Também questiona a repetição de uma narrativa que, segundo o clube, tenta reduzir o debate a um embate passional quando, na verdade, trata-se de uma discussão técnica e estruturante.
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A disputa de versões rapidamente chegou aos programas esportivos, onde comentaristas tentaram interpretar as reações. Parte da imprensa adotou um tom de “normalização” do sintético, usando argumentos próximos aos da nota conjunta. Outra parte reconheceu o mérito da iniciativa rubro-negra e considerou desproporcional a reação de alguns dirigentes. A insistência em tratar o debate como uma guerra política não dialoga com o que está descrito na proposta, que será analisada pela CBF em reunião.
No pano de fundo, está a tentativa de modernizar a infraestrutura do futebol brasileiro. A discussão ganhou força desde o início da década com as reclamações sobre a qualidade do piso em diversos estádios. A entrada dos gramados artificiais, inicialmente vista como solução para custos e eventos paralelos, abriu uma nova fronteira de divergências, especialmente quando grandes competições internacionais mantêm exigências rígidas para o uso da superfície sintética.
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Com o documento em mãos, a CBF agora precisará conduzir a primeira reunião do grupo de trabalho responsável por avaliar a padronização. Os clubes envolvidos na nota conjunta já se movimentam politicamente, enquanto o Flamengo insiste que o tema não é político, nem esportivo, mas estrutural. Os próximos meses devem definir se o país seguirá o movimento internacional de restringir gramados artificiais em competições de elite ou se buscará adaptar regras para acomodar realidades distintas. Até lá, o ruído continuará forte e, como ficou claro nesta quinta, cada lado tenta construir o terreno onde o debate será jogado.
Flamengo apresenta estudo técnico sobre padronização dos gramados e Leila reage com bravatas
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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