No calor do momento, para o torcedor, é duro analisar o que se ocorre no campo independentemente do resultado. Quando vencemos, a euforia toma conta, e é mais fácil entender o que aconteceu, depois. Quando empatamos ou perdemos, também, pois algo não saiu como planejado/como desejado.
O Flamengo, que hoje recebeu o Grêmio no Maracanã, era um time mais tranquilo por conta da última vitória sobre o Coritiba, por 1-0 no Couto Pereira. Também era um time mais tranquilo por esse fato e pela tal conversa que teve Domènec Torrent com o elenco, para aparar as arestas e tocar o trabalho à frente.
Diego Alves, expulso contra o Atlético-GO e tendo cumprido suspensão diante do Coritiba, retornou ao time titular, hoje, contra o Grêmio. Sofreu gol, é verdade, mas também é verdade que só trabalhou um pouco no segundo tempo, mas só vendo a bola passar, com perigo ou não, rente à sua trave ou por cima. A tensão por esse duelo contra o Grêmio era ainda pela lembrança dos duelos épicos do ano passado, tanto pela Libertadores, como o último, que antecedeu a decisão contra o River lá em Lima, e foi 1-0, dentro da Arena do Grêmio, que deixou o Flamengo a uma vitória do sétimo título brasileiro.
Mas o que se viu em campo foi um jogo morno, tendo alguma emoção apenas na primeira etapa, onde o Flamengo incomodou um pouco em chegadas com Everton Ribeiro(que mais uma vez fez um ótimo jogo), e com João Lucas cruzando rasteiro e achando Bruno Henrique livre dentro da área – o problema é que a bola foi um pouco mais forte do que deveria.
No segundo tempo, as coisas se complicaram um pouco mais quando João Lucas pisou em falso no gramado e teve que sair. Quem entrou foi Renê, para ocupar uma vaga onde poderia deixar muitas brechas em contra-ataques do Grêmio. Renê que já é um lateral esquerdo limitadíssimo, tendo que fazer a lateral direita de maneira improvisada não tinha como dar certo. Em primeira opção, eu teria acreditado no menino Matheuzinho, já que é destro e era a solução mais razoável para a posição e ocasião. Colocar Renê, só por ter mais jogos e sabendo das gritantes limitações dele tanto ofensiva quanto defensivamente foi uma grande forçada de barra(que, repito, é compreensível).
Mas se era para colocar o Renê, que o mandasse para a lateral esquerda e trouxesse Filipe Luís para a direita, tenho certeza que, com o repertório mental absurdo que ele tem, teria quebrado o galho. Improviso do Dome que deu errado, e a gente vai entendendo essas “investidas” mais arriscadas durante os jogos pelo fato de que ele está, aos poucos, conhecendo o seu material humano.
Outro erro do Dome foi ter sacado Everton Ribeiro para colocar Vitinho. Apesar do ponta ter crescido bastante nas mãos de Jorge Jesus, não era essa a saída ideal. Everton Ribeiro tem sido, ao lado de Arrascaeta, o condutor desse time do Flamengo, o motor que faz o Flamengo transitar fluidamente entre o meio e o ataque, muitas vezes indo na defesa buscar bolas.
Mas não foi só ele quem errou, o time também deixou a desejar. Como aos 44 do primeiro tempo, quando Alisson achou Pepê, entre quatro jogadores do Flamengo, e fuzilou, no alto de Diego Alves, não dando a mínima chance para o goleiro rubro-negro. Ali, o Grêmio, que minutos antes havia chegado com extremo perigo com Alisson, num voleio quase na pequena área, deu “chance ao azar” e viu o Grêmio abrir o placar no fim do primeiro tempo.
No retorno ao segundo tempo, o Flamengo veio sem alterações e o Grêmio já tentando ampliar o marcador, apesar de ter “puxado o freio de mão” após os 30 minutos, de seguidas tentativas de furar o gol de Diego Alves. O Grêmio aproveitava-se do que ainda segue sendo um problema grave do rubro-negro, e que talvez seja melhorado com a chegada de Maurício Isla, lateral chileno contratado pelo Flamengo para a vaga deixada por Rafinha.
Tudo se configurava para a vitória do Grêmio, quando Vitinho arriscou de fora da área e Kannemann, na tentativa de cabecear a bola, acabou deixando o braço esquerdo resvalar na mesma. O árbitro foi acionado pelo VAR, foi à telinha à beira do gramado, analisou e confirmou. Na cobrança, Gabigol bateu no meio do gol, com segurança e, além de voltar a marcar, deixou o jogo no seu placar final, em 1-1.
O Flamengo ainda seguiu lutando pela virada, colocando Pedro na vaga de Gerson e tentando afogar o Grêmio no seu campo de defesa, mas o resultado não mudou e somamos apenas um ponto no Maraca.
Muita coisa do trabalho do Dome e do que vem ocorrendo, ainda me remete muito ao Jesus, e é por isso que as crônicas, desde o seu primeiro jogo diante do Atlético Mineiro, apesar de um tanto duras no início, vêm sendo escritas com um mais de entendimento e paciência. Não apenas pelo fato de termos antes vencido o Coritiba fora de casa, mas porque percebe-se nitidamente que o time está com a mesma irritação que nós torcedores estamos. Eles também se acostumaram a ganhar sempre, a tudo o que faziam, dava certo e agora estão enfrentando dificuldades. Particularmente, percebo que eles estão alucinados tentando assimilar o quanto antes o que o Domènec quer passar, e se irritam quando algo não acontece, quando foge ao planejado, ou quando, por uma pequena desatenção(como foi no caso do gol de hoje), se veem obrigados a acelerar o jogo para tentar se manterem vivos na partidas.
O Flamengo não jogou mal, mas não foi coeso. E não por não querer ser, mas porque está tentando a duras penas passar a ser.
Ficha técnica da partida:
Flamengo 1 x 1 Grêmio. Maracanã – Rio de Janeiro.
Flamengo(4-4-2): Diego Alves; João Lucas(Renê), Rodrigo Caio, Léo Pereira e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson(Pedro), Everton Ribeiro(Vitinho) e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabigol. Técnico: Domènec Torrent.
Grêmio(4-3-3): Vanderlei; Orejuela, Pedro Geromel, Kannemann e Cortez; Matheus Henrique(David Braz), Maicon(Lucas Silva) e Jean Pyerre(Thiago Neves); Alisson(Thaciano), Diego Souza(Isaque) e Pepê. Técnico: Renato Gaúcho.
Gol(s): Pepê(aos 44 do 1º tempo, para o Grêmio) e Gabigol(aos 43 do 2º tempo, para o Flamengo).
Cartões amarelos: João Lucas, Filipe Luís e Gabigol(Flamengo); Pedro Geromel, Kannemann e Diego Souza(Grêmio).
Arbitragem: Rafael Traci. Auxiliares: Bruno Boschilia e Alex dos Santos. Árbitro de vídeo: André Luiz de Freitas Castro.
Foto: Fla Resenha
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Por Germano Medeiros (@43Germano)
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