Governador do Rio e Flamengo falam sobre a possível venda do Maracanã: “Na minha gestão…”
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que o Maracanã não será vendido durante sua gestão. A declaração foi feita após o avanço de discussões na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) sobre uma possível proposta de venda do complexo esportivo, que hoje está sob concessão de Flamengo e Fluminense. A fala encerra, ao menos por ora, a especulação que ganhou força nos últimos dias e que, nos bastidores, carregava um claro componente político.
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O debate começou quando deputados estaduais voltaram a discutir a inclusão do Maracanã entre os ativos estaduais que poderiam ser alienados para abater parte das dívidas do Rio com a União. O movimento foi interpretado como uma tentativa de capitalizar eleitoralmente sobre o tema, mirando o nome de Eduardo Paes, prefeito da capital e potencial adversário de Rodrigo Bacellar, deputado e presidente da Alerj, nas eleições de 2026. Segundo interlocutores, havia o desejo de usar o assunto para projetar aliados e colocar o Flamengo no centro da narrativa, especialmente pelo peso político e simbólico que o clube carrega.
Na prática, qualquer proposta de venda dependeria da sanção do governador, o que, com a nova declaração, inviabiliza a operação até o fim de seu mandato, em 2026. O jornalista Rodrigo Matos publicou, em suas redes, trecho de conversa do repórter Igor Siqueira com o governador. “Na minha gestão, o Maracanã não será vendido”, teria dito Castro. A posição é compartilhada por fontes próximas ao Flamengo, que veem a hipótese como distante de se concretizar. O clube, hoje consorciado com o Fluminense, aposta no cumprimento da concessão de 20 anos, e não em uma compra definitiva do estádio.
O Maracanã, tombado pelo patrimônio histórico e reconfigurado para a Copa do Mundo de 2014, representa um desafio logístico e financeiro para qualquer operação de compra. O custo de manutenção é elevado e eventuais intervenções estruturais exigiriam aprovação da Alerj, o que, além de politicamente desgastante, encareceria o projeto. Uma estimativa inicial coloca o valor do complexo, incluindo o entorno e a Aldeia Maracanã, em torno de R$ 2 bilhões. Reformas adicionais fariam o investimento superar essa cifra com folga.
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Mesmo que houvesse o interesse do Flamengo, especialistas avaliam que é economicamente mais viável para o clube construir o estádio próprio no Gasômetro, na região central do Rio. A comparação de custos e a autonomia sobre a operação pesam nesse cálculo. A compra do Maracanã implicaria em concessões legais, como a obrigação de ceder o estádio a outros clubes mediante aluguel, algo que reduziria a liberdade em gerir o espaço de acordo com seus interesses.
Além dos obstáculos financeiros e jurídicos, há ainda a leitura política. No ambiente estadual, a proposta de venda do estádio ganhou contornos de manobra. A articulação teria partido do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que tenta associar sua imagem à ideia de “ajudar o Flamengo”, em um paralelo com o gesto de Eduardo Paes ao viabilizar o terreno para o futuro estádio rubro-negro.
No entanto, o movimento acabou neutralizado pela fala do próprio governador, que deixou claro que o Maracanã não será incluído em nenhum pacote de venda ou privatização durante sua gestão. A declaração esvazia o uso eleitoral do tema e recoloca o debate em seu eixo técnico: o da concessão.
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Enquanto isso, a “venda do Maracanã” segue mais como um instrumento retórico de disputa política do que uma possibilidade real. Com o posicionamento do governador, a discussão volta ao seu ponto de origem: o futuro do estádio depende menos de quem o queira comprar e mais de quem, de fato, tem condições e legitimidade para cuidar dele.
Venda do Maracanã: as questões jurídicas e a necessidade de permitir o uso para outros clubes
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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