Grupos políticos se posicionam contra a redução do Museu do Flamengo

Grupos políticos se posicionam contra a redução do Museu do Flamengo
Foto: Paula Reis/Flamengo

A discussão sobre o futuro do Museu do Flamengo voltou a movimentar a política interna do clube. A proposta de ceder parte da área originalmente destinada ao acervo para a instalação de uma academia motivou posicionamentos públicos de diferentes grupos políticos, que passaram a alertar para o risco de reduzir um espaço considerado vital para a preservação da memória rubro-negra.


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O debate ganhou força quando o teor do aditivo contratual, que será votado por conselheiros, mostrou uma divergência relevante em relação ao texto divulgado aos associados. Enquanto o comunicado interno assegura a expansão do museu, o documento oficial fala apenas em “possibilidade”. Não há garantia, prazos ou obrigação formal para que os 500 m² previstos sejam realmente construídos.

O grupo FlaFut foi o primeiro a se manifestar de forma direta. Em nota divulgada nas redes, apresentou duas alternativas ao associado: a defesa de um museu maior, com áreas temáticas dedicadas a ídolos e conquistas, ou voto pela academia. O texto criticou a ideia de substituir área histórica por um espaço comercial. “O Flamengo não é marketplace”, escreveu o grupo, antes de pedir que sócios rejeitassem a instalação da academia naquele local.

Um dia depois, foi a vez da Frente Flamengo Maior publicar sua análise. O grupo recorreu a exemplos simbólicos, como o Louvre e o Museu do Boca Juniors, para lembrar que instituições globais fortalecem sua identidade ao proteger seus espaços de memória. Segundo eles, a sede da Gávea deveria seguir um plano diretor unificado, evitando mudanças pontuais que descaracterizam a estrutura e sacrificam ambientes essenciais como o museu.

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O texto trouxe ainda números que ajudam a contextualizar a discussão. O Museu do Flamengo, mesmo incompleto, recebeu cerca de 150 mil visitantes no último ano, aproximando-se do público anual do Museu da FIFA. A previsão de impacto econômico do equipamento, apresentada durante sua criação, era de R$ 300 milhões, somando turismo, consumo, licenciamento e serviços indiretos. “Reduzir esse espaço é comprometer a capacidade do clube de se posicionar ao lado das maiores instituições esportivas do mundo”, alertou o grupo.

A nota também lembrou a trajetória de figuras que dedicaram anos à criação do museu e já não estão presentes, como Eduardo Vinícius, Bruno Lucena e Roberto Diniz. A homenagem reforça o peso emocional do debate, especialmente para quem se deparou com relatos de torcedores que descrevem a visita ao local como uma experiência transformadora.

Um desses depoimentos, que viralizou nos últimos dias, veio de David Fla, torcedor que se emocionou ao tentar explicar o que sentiu ao percorrer o acervo. O vídeo viral sintetiza o impacto cultural daquele espaço. “A gente entende o que é ser Flamengo quando entra no museu”, disse ele, em meio às lágrimas.

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O tema ganhou ainda mais densidade quando registros de um episódio do Mengocast foram resgatados. Nele, a diretora de patrimônio histórico Desiree Reis, o historiador Luiz Antônio Simas e o ex-dirigente Antonio Tabet falam da importância do museu para a economia criativa do Rio e para a identidade do clube. “O museu do Flamengo é um equipamento que vai além do futebol, é história da cidade”, explicou Simas.

Em meio às declarações, uma frase de Ruy Castro, funcionou quase como síntese poética do debate: “Quando eu morrer, não quero ir para o céu, quero ir para o Museu do Flamengo.

A votação no Conselho Deliberativo deve definir se o aditivo será aprovado, se o clube assumirá novos custos, se a academia será instalada no local e se o museu perderá metade do espaço previsto no projeto original. Para os grupos que se manifestaram, a escolha vai muito além da disputa interna. Trata-se, segundo eles, de decidir que tipo de Flamengo permanecerá para as próximas gerações.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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