Há possibilidade de acordo com a Libra? Bap responde e fala sobre como seria uma liga no Brasil

Há possibilidade de acordo com a Libra? Bap responde e fala sobre como seria uma liga no Brasil
Imagem: Reprodução/UOL

Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo, afirmou em entrevista que o clube continua aberto a um acordo com a Libra, mas que a construção de uma liga forte no futebol brasileiro exige mais do que a discussão sobre dinheiro. A declaração foi feita em entrevista ao “UOL”, em meio ao impasse entre os clubes que integram a Libra.


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O dirigente voltou a destacar que o Flamengo não mudou de posição desde o início das negociações. Segundo ele, o clube tentou durante nove meses buscar uma composição justa para a divisão das receitas de televisão, mas não encontrou reciprocidade. “Essa pergunta devia ser feita aos outros membros da Libra, não a nós. Tentamos o acordo por meses. Disseram que não poderiam abrir mão do dinheiro porque já estava orçado. Então sugerimos: este ano fica como vocês querem e, no próximo, fazemos do jeito que propomos. Não quiseram”, relatou Bap.

O Flamengo não é contra a liga, mas entende que há questões distintas. A parte comercial pode ser debatida de um lado e a parte esportiva e de governança de outro”, explicou o dirigente.

Bap também apontou que a pressa em criar uma liga pode gerar erros estruturais. Segundo ele, montar uma competição do porte do Campeonato Brasileiro é tarefa complexa, que exige tempo e capacitação. “As pessoas acham simples. Não é. Fazer uma tabela de 380 jogos, organizar arbitragem, planejar calendário, tudo isso é difícil. Criticar a CBF é fácil, mas ela tem gente que sabe fazer. Há erros, claro, mas os clubes ainda não têm competência para assumir isso”, reconheceu.

A autocrítica do presidente rubro-negro vai além da autossuficiência dos clubes. Ele afirmou que falta maturidade institucional ao futebol brasileiro para gerir uma liga independente. “Nós, dirigentes, não temos hoje condições de organizar um campeonato sozinhos. Precisamos contratar profissionais qualificados, aprender com a CBF, entender a estrutura e, só depois, pensar em caminhar com as próprias pernas”, disse.

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Apesar disso, Bap não fechou as portas para o diálogo. Defendeu que os clubes sentem à mesa, contratem especialistas e estabeleçam um debate técnico sobre a governança da futura liga. Para ele, o foco deve estar em estruturas profissionais apartadas dos clubes, capazes de evitar conflitos de interesse.

O dirigente também criticou a superficialidade das discussões públicas sobre o tema. Na sua avaliação, boa parte dos debates gira apenas em torno da fatia financeira de cada clube, ignorando temas centrais como a governança, o estatuto e a sustentabilidade da liga. “Toda conversa que começa pelo dinheiro termina mal. É preciso discutir princípios, estrutura, regras. O dinheiro vem depois”, afirmou.

A entrevista de Bap expôs, mais uma vez, a falta de coordenação entre os principais atores do futebol nacional. Enquanto Libra e LFU disputam narrativas e investidores, o impasse jurídico sobre a divisão de receitas mantém o projeto paralisado. Na prática, o Brasil segue sem uma liga unificada, algo que países europeus conseguiram há décadas.

Nos bastidores, há quem reconheça a coerência do Flamengo. Desde 2021, o clube vem defendendo que o modelo ideal de liga deve priorizar transparência e autonomia técnica, sem amarras políticas nem imposições comerciais. Ao conversar com investidores da LFU, como Carlos Gamboa e Edgar Diniz, Bap manteve a mesma linha: o Flamengo aceita debater modelos esportivos e administrativos, mas não abre mão de avaliar separadamente os direitos comerciais.

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Você pode vender a picanha junto, mas o filé separado”, resumiu, em analogia ao modo como clubes poderiam negociar diferentes propriedades de mídia. Segundo ele, nada impede que grupos menores se unam para negociar cotas específicas, desde que isso não comprometa o projeto maior da liga.

Em outro trecho, o presidente do Flamengo elogiou a atual organização da CBF, reconhecendo que a entidade realiza um trabalho mais eficiente do que costuma ser retratado. “É complicado, as limitações de datas são muitas, e ainda assim eles conseguem entregar o campeonato. É melhor do que se imagina”, admitiu.

As declarações de Bap colocam o Flamengo em posição distinta dentro do debate sobre a liga. Ao mesmo tempo em que sustenta sua crítica à divisão desigual de receitas, o clube demonstra disposição para o diálogo e propõe uma visão mais pragmática: construir as bases institucionais antes de discutir cifras.

O tema, no entanto, segue longe de um desfecho. Entre a defesa da profissionalização e a resistência dos clubes a abrir mão de receitas imediatas, a criação de uma liga brasileira continua travada entre o discurso e a prática. Bap, por sua vez, mantém o tom conciliador, mas sem ilusões: “A gente ainda precisa comer muito arroz com feijão antes de organizar algo dessa magnitude.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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