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Ingresso caro: O que devemos saber!

Todos sabem a minha opinião a respeito do preço dos ingressos cobrados pelo Flamengo. Já publiquei diversos textos aqui e no Falando de Flamengo. Quero deixar claro que não quero que o Flamengo cobre R$ 10 ou R$ 20 num ingresso, o que eu quero é que se encontre um equilíbrio no qual o Clube possa ter uma boa fonte de renda e que todo torcedor possa pagar.

BAP diz que não baixará o preço e culpa o Consórcio Maracanã, e a própria FERJ pelos custos com taxas para a entidade e o que cobra a empresa que faz a gestão do estádio. Em seus discursos fica claro também que enquanto não houver mudanças nas políticas de meia-entrada e gratuidade, os demais torcedores vão pagar e caro.

De posse de alguns levantamentos feitos por João Henrique Areias sobre renda de bilheteria, fiquei assustado ao ver que os Clubes do Rio de Janeiro são os que menos ficam com a renda de seus jogos. Areias diz em seu relatório:

No relatório que está à disposição no meu site (www.cursodemarketingesportivo.com), verão que os clubes, no Brasileirão, ficam em média com 72% da renda (Goiás), 68% (Minas) 65% (SP) 66% (RS) enquanto no Rio com 48%”.

Areias mostra em outro relatório que o Flamengo nunca lucrou com as rendas obtidas no Maracanã que mesmo em outras épocas, já se mostrava um estádio de custo elevado por torcedor. Mesmo apresentando alternativas como levar o Flamengo a jogar no Raulino de Oliveira e no Estádio da Cidadania, os números se mostraram pequenos para as dimensões e o poder que o Flamengo teria para obter lucro. Areias concluiu:

“Outro relatório (também à disposição de vocês), desta vez da Arena Petrobras, naming rights do estádio da Portuguesa Carioca que Botafogo e Flamengo usaram para jogar o campeonato brasileiro de 2005 traz uma comparação dos custos por torcedor nos estádios usados pelo Flamengo:

1. Maracanã = R$ 4,42 (Campeonato Brasileiro de 2003)

2. Raulino = R$ 2,12 (Campeonato Brasileiro de 2004)

3. Arena Petrobras = R$ 2,44 (jogos do Flamengo) e R$ 1,90 (jogos do Botafogo) – campeonato Brasileiro de 2005. A diferença se dava pela administração mais eficiente do Botafogo (já tinha seu estádio Caio Martins).

A coragem que me faltou nos anos 90 (não tinha nenhum cargo em entidade esportiva) sobrou em 2004, quando convencemos a diretoria do Flamengo em levar os jogos para o recém re-inaugurado Estádio da Cidadania. Em 2003, na administração Hélio Ferraz, o clube faturou R$ 2,2 milhões no Maracanã e levou apenas 9% da renda pra casa (200 mil). Não preciso dizer que o faturamento subiu exponencialmente em Volta Redonda, mas ainda ridículo para a dimensão do Flamengo”.

Isso mostra que o Flamengo nunca teve a renda dos seus jogos como fonte de receita num valor substancial em que pudesse contar para investir em contratações, por exemplo. Diferente da realidade dos números do Flamengo em 2013 em bilheteria no qual foi o clube que mais arrecadou no futebol Brasileiro, num total de R$ 44 milhões de receita bruta em todas as competições que participou o que equivale a quase 10% de toda a arrecadação do futebol Brasileiro no ano. Acredito que seja a maior arrecadação do Flamengo com bilheteria num ano em toda sua história.

Voltando as análises de João Henrique Areias, ele nos conta um caso inusitado que ocorreu em 2004 quando o Flamengo passou a mandar seus jogos em Volta Redonda. O Clube foi questionado pela CBF sobre a mudança e Areias conta o caso: Por conta desta mudança para Volta Redonda, numa reunião em que participei na CBF com o presidente Márcio Braga, Eurico Miranda (Vasco), David Fischel (Flu), Bebeto de Freitas (Bota) Eduardo Viana (FERJ), o Ricardo Teixeira perguntou-me a razão da mudança. Mostrei a ele os números, onde a CBF e a FERJ, por exemplo, ficaram com mais dinheiro que o próprio Flamengo, ou seja, 10% (R$ 500 mil) no total, assim como a SUDERJ que também arrecadou por volta de R$ 500 mil. No mesmo instante virou-se para o secretário da CBF, Marco Antônio Teixeira e mandou tirar os 5% da CBF das bilheterias da primeira e segunda divisão a partir de 2005. O que aconteceu para minha surpresa? A FERJ passou a cobrar 10%”.

É um absurdo o que expõem Areias acima. A CBF abre mão de 5% da renda para ajudar os Clubes e a nossa Federação pega pra ela esses 5%. Me lembro que quando o Flamengo mandou seus jogos em Brasília ano passado, repassou a Federação brasiliense 5% da renda. Talvez, a nossa Federação seja a única a cobrar 10%. Flamengo, Vasco e Fluminense chegaram a reivindicar um pouco antes da eleição para presidente da FERJ este ano que a taxa fosse de 5%(Em nota oficial, Fla, Flu e Vasco pedem transparência na Ferj e diminuição do Carioca).

Entendo todos esses problemas que os Clubes enfrentam, mas não é o torcedor que deve pagar por isso. A “briga” do Flamengo e dos demais Clubes com a FERJ não deve ficar só em nota oficial. Os Clubes do Rio de Janeiro devem questionar junto ao Governo do Estado uma melhora nos preços cobrados pelo Consórcio que administra o Maracanã. O torcedor que sempre foi tratado com gado todos esses anos continua refém dessa política de divisão de renda bem como do Maracanã ter sido entregue a uma empresa privada que só visa lucro para administrá-lo e que cobra caro por um espaço construído com dinheiro público. O torcedor é a parte mais frágil nisso tudo e é um dever dos Clubes defende-los já que no caso do Flamengo, adoram dizer que o seu maior patrimônio é a Nação Rubro-Negra!

 

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