Leila Pereira empresta dinheiro ao Vasco e pode ser acionista de SAF. Já pensou se fosse o Flamengo?

A Crefisa emprestou R$ 80 milhões ao Vasco em operação revelada nesta semana, com contrato firmado em regime DIP — típico de empresas em recuperação judicial. O acordo prevê garantias que podem dar à instituição financeira, comandada por Leila Pereira, presidente do Palmeiras, influência indireta sobre a SAF do clube carioca até junho de 2026. O caso reacendeu o debate sobre integridade esportiva e gerou questionamentos sobre potenciais conflitos de interesse.
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O documento aprovado na Justiça estabelece que a operação está lastreada em 20 mil ações ordinárias da Vasco SAF, equivalentes a 20% do capital social. Além disso, impede qualquer alteração no controle societário do clube até 8 de junho de 2026 sem a anuência da credora. Em caso de inadimplência, a Crefisa poderá executar a garantia e se tornar acionista da equipe cruzmaltina.
A transação foi classificada por especialistas como um empréstimo-ponte, modalidade que antecipa recursos para aliviar o caixa no curto prazo, mas que pode se converter em participação acionária no futuro. O valor liberado, R$ 80 milhões, é próximo ao que a empresa pagava anualmente ao Palmeiras enquanto patrocinadora máster, até 2024.
O acordo cria uma situação inédita no futebol brasileiro: a presidente de um dos principais clubes do país, Leila Pereira, passa a ter ingerência indireta em outro, com quem o Palmeiras disputa as mesmas competições, como Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.
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Repercussões
Apesar de não haver ilegalidade na operação, o contrato evidencia um vácuo regulatório no futebol brasileiro. A CBF e os órgãos de governança esportiva não possuem regras claras para evitar situações de possível conflito de interesse entre investidores que tenham ligação direta com clubes rivais.
Se a transação tivesse ocorrido envolvendo dirigentes ligados ao Flamengo, a repercussão provavelmente seria maior. É o que ironizam críticos, que lembram o rigor com que parte da imprensa costuma tratar qualquer movimento envolvendo o clube da Gávea.
A aproximação entre Crefisa e Vasco não é de hoje. Há relatos de contatos frequentes entre dirigentes cruzmaltinos e o marido de Leila Pereira, José Roberto Lamacchia, também palmeirense. Fontes do mercado afirmam que a operação pode ser apenas um primeiro passo para uma futura aquisição de participação na SAF vascaína.
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O risco à integridade esportiva
A situação expõe um dilema ético: até que ponto é saudável para o futebol brasileiro permitir que uma patrocinadora histórica de um clube, presidida por sua dirigente, tenha direitos sobre a estrutura societária de um rival direto?
Caso o Vasco não consiga quitar a dívida, a Crefisa terá a prerrogativa de executar a garantia e assumir até 20% da SAF. Isso colocaria Leila Pereira em posição de influência sobre dois clubes que podem se enfrentar em campo e disputar títulos simultaneamente.
Enquanto isso, a imprensa esportiva reagiu de maneira tímida, sem dar ao caso a mesma intensidade que costuma dedicar a polêmicas envolvendo o Flamengo. A seletividade na crítica alimenta a percepção de que a narrativa pública é moldada mais por conveniência do que por princípios de transparência.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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