O Flamengo realizará, no dia 24 de novembro, a reunião que deve decidir o futuro imediato de dois projetos que mobilizam sócios, conselheiros e torcedores: a expansão do Museu do Flamengo e o contrato para instalação de uma academia da Smart Fit no segundo piso da sede da Gávea. O encontro ocorre na própria semana em que circularam, nos grupos internos do clube, mais de vinte perguntas elaboradas por associados preocupados com os rumos do patrimônio histórico e com as consequências estruturais da proposta que será votada. O objetivo das questões é claro: exigir que a diretoria apresente, de forma transparente, o impacto real da escolha e as razões para priorizar um empreendimento comercial no espaço originalmente destinado à ampliação do museu.
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As perguntas enviadas pelos sócios cobrem três eixos: os efeitos diretos da academia no prédio, o futuro do museu e as conexões entre os dois projetos. No primeiro bloco, a preocupação recorrente é o fluxo diário que a Smart Fit geraria. Quantos alunos seriam esperados? Como isso afetaria o hall de entrada, o estacionamento e a circulação de quem vai ao museu ou à loja? Outro ponto envolve o barulho de pesos e equipamentos, que pode comprometer a experiência de visitantes, especialmente aqueles que participam de excursões turísticas. Há ainda dúvidas sobre a carga estrutural do pavimento. Equipamentos pesados exigem reforços, e os associados querem saber quem pagará por essa obra e se o prédio suporta o uso pretendido.
A escolha da empresa também entrou na pauta. O Flamengo realizou recentemente processos licitatórios para outras áreas, entre eles o novo patrocinador máster e a ocupação das salas do Morro da Viúva, o que levou conselheiros a questionarem por que não houve um procedimento semelhante para selecionar a academia. Outra questão relevante é o uso da marca. O contrato prevê que a Smart Fit utilize o nome Flamengo no letreiro voltado para a Lagoa? Torcedores querem entender se o pagamento de royalties está estabelecido e como esse valor foi calculado, já que a visibilidade externa da sede tem peso considerável.
O segundo conjunto de perguntas se concentra no museu. Há quem questione por que o projeto de expansão perdeu prioridade. Se o clube reconhece que o Museu do Flamengo se tornou um ponto turístico consolidado, gerando receita e valorizando a marca, por qual motivo o espaço reservado para sua ampliação vem sendo reduzido? Os sócios também lembram que em campanha, Bap defendia abertamente o crescimento do museu, como consta em seu Plano de Governo. A mudança de rumo, portanto, exige explicações. Para muitos torcedores e estudiosos da história do clube, restringir o avanço do museu é um retrocesso que fere um trabalho de décadas, construído por pesquisadores, jornalistas e colecionadores que preservaram acervos fundamentais para a memória rubro-negra.
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O impacto financeiro também está em jogo. Se as obras da academia exigirem que o museu feche por três a seis meses, o Flamengo terá de indenizar a concessionária responsável pelo espaço? Esse custo, somado à remoção e reinstalação de parte do acervo, pode consumir boa parte do valor pago pela Smart Fit. Da mesma forma, existe o risco de prejuízo para parcerias já firmadas com operadores de turismo e empresas que investiram no museu acreditando em sua expansão.
O terceiro grupo de perguntas trata exatamente da relação entre os dois projetos. A dúvida central é se o Flamengo está colocando o aluguel da academia acima do valor simbólico e financeiro de longo prazo que o museu representa. Há receio de que o movimento intenso de alunos, muitos sem qualquer ligação com o clube, afete a visitação turística, reduza o consumo na loja oficial e comprometa o ambiente de preservação histórica. Outra preocupação é o futuro. Se a academia ocupar o pavimento superior, a expansão do acervo ficará limitada. Quem acompanha museologia sabe que reservar espaço para crescimento é parte estrutural de qualquer projeto de memória.
O ponto comum entre todas essas questões é a cobrança por transparência. Ao longo do ano, a gestão de Bap promoveu reuniões abertas no Conselho Deliberativo para explicar contratos e decisões relevantes. Por isso, os sócios esperam que o mesmo cuidado seja adotado agora, já que o tema envolve a identidade e a história do Flamengo. As perguntas não têm tom de oposição direta à academia. A maioria dos torcedores reconhece a importância de projetos que gerem receita e deem vitalidade à sede. A preocupação é o local escolhido, os impactos práticos e o risco de sacrificar uma área concebida para contar e preservar a memória rubro-negra.
O museu é mais que um espaço expositivo. É um elo com gerações que construíram o clube, um registro vivo de títulos, personagens e histórias que moldam a forma como o Flamengo se enxerga e é visto. Perder parte desse projeto por falta de planejamento seria, para muitos, desperdiçar uma oportunidade única de consolidar a memória rubro-negra com estrutura adequada, narrativa coerente e espaço para crescimento futuro.
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A reunião do dia 24 será decisiva. Mais do que aprovar ou rejeitar um contrato, o clube precisará demonstrar que suas escolhas estão sustentadas por informações claras, projeções realistas e respeito ao patrimônio. Em um momento em que o Flamengo discute estádios e novos modelos de negócio, entender como trata sua própria história é um termômetro importante sobre o tipo de instituição que deseja ser.
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CONFIRA AS PERGUNTAS QUE CIRCULAM INTERNAMENTE:
Perguntas exclusivamente sobre a academia e contrato com a Smart Fit
- Quantas pessoas por dia são esperadas na academia? Qual seria o impacto desse fluxo no hall de entrada do clube e no estacionamento
- Quantos alunos a academia precisa ter para viabilizar o valor de aluguel previsto para o Flamengo?
- Qual ticket médio por aluno foi estimado para que o aluguel esteja garantido?
- O fluxo de pessoas da academia, sem relação direta com o Flamengo, pode prejudicar a visitação ao museu e as vendas da loja oficial?
- O barulho e o uso de pesos podem comprometer a experiência dos visitantes no museu?
- O peso dos equipamentos e o fluxo intenso no segundo andar podem colocar em risco a estrutura do prédio?
- Quanto vai custar a obra e o reforço estrutural necessários para suportar a academia no segundo pavimento?
- Houve licitação ou processo competitivo para a escolha da Smart Fit?
Perguntas exclusivamente sobre o Museu, ampliação e operação
- Por que o Flamengo não prioriza a ampliação do Museu e prefere instalar uma academia no segundo piso? O clube entende que o aluguel tem mais valor do que um projeto de legado com grande potencial financeiro a médio e longo prazo?
- Por que o vice-presidente de Patrimônio Histórico optou por uma solução rápida de aluguel, em vez de buscar alternativas financeiras para expandir o Museu e preservar um legado tão importante?
- Em campanha, Bap defendeu a ampliação do Museu. Por que agora a gestão está reduzindo o projeto? Essa é a forma como a direção entende a história do Flamengo?
- O Museu é um sonho construído ao longo de décadas, por nomes como Eduardo Vinicius, Bruno Lucena, Roberto Diniz e tantos rubro-negros. Impedir sua expansão para dar lugar a uma academia não representa um retrocesso histórico e institucional?
- Caso as obras realmente exijam o fechamento do Museu por três a seis meses, caberá ao Flamengo indenizar o concessionário pelo tempo parado? Esse impacto financeiro corresponde a quanto do valor pago pela Smart Fit?
- Se houver obra, o acervo precisará ser removido e parte do Museu desmontada? Quem arca com esses custos — o Flamengo ou a Smart Fit? Esse valor representa quanto do contrato?
- O Museu é um ponto turístico da cidade. Interromper seu funcionamento pode prejudicar parcerias com operadores de turismo?
- Qual seria o impacto dessa interrupção para os patrocinadores que investiram na construção do Museu e aguardam sua expansão?
- O espaço atual do Museu sofrerá alguma redução por causa das obras de reforço estrutural?
Perguntas que conectam os dois temas (Museu e academia)
- O dinheiro da Smart Fit é considerado mais importante do que contar e expandir a história do Flamengo?
- O fluxo intenso de pessoas na academia pode prejudicar a visitação, o conforto dos turistas e o consumo na loja, impactando diretamente o desempenho do Museu?
- O projeto da academia, acima do Museu, afeta o planejamento e o futuro da expansão do acervo e da experiência museológica?
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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