O alerta do Palmeiras se confirmou: STJD persegue mira críticos da arbitragem

O alerta do Palmeiras se confirmou: STJD persegue mira críticos da arbitragem

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) voltou ao centro das atenções após a informação de que o diretor técnico do Flamengo, José Boto, será convocado para prestar esclarecimentos sobre declarações feitas após a 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Segundo apuração da ESPN, o dirigente entrou na mira da Procuradoria do tribunal por ter afirmado que “o que acontece em outros campos deixa suspeitas”, numa referência a supostos favorecimentos ao Palmeiras. A convocação ainda não foi oficializada, mas já causa desconforto na diretoria rubro-negra.


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O caso ganhou repercussão após o movimento recente do STJD de abrir processos contra quem questionou publicamente a arbitragem da partida entre São Paulo e Palmeiras, tendência que começou a se desenhar desde a nota divulgada pelo Palmeiras em setembro, quando o clube se e, no texto, chegou a sugerir que o tribunal observasse dirigentes e profissionais que “lançam suspeitas indevidas sobre pessoas e instituições”. A publicação foi vista por analistas e torcedores como uma tentativa de intimidação, o que hoje parece se confirmar.

A fala de José Boto ocorreu após a derrota do Flamengo para o Bahia. Na ocasião, ele lamentou erros da equipe e questionou critérios da arbitragem em partidas paralelas. “Perdemos por culpa nossa, mas o que se passa em outros campos é vergonhoso. Tentamos falar com a CBF e com o presidente da comissão de arbitragem, mas continua tudo igual”, disse o dirigente. O comentário, de tom moderado e sem acusações diretas, foi interpretado como “insinuação de favorecimento”.

Nos bastidores, pessoas próximas à diretoria do Flamengo admitiram surpresa. A demanda do STJD chegou à imprensa antes mesmo de qualquer notificação oficial ao clube. A comparação com outros casos, porém, expõe o que muitos veem como dois pesos e duas medidas. Em 2023, por exemplo, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, criticou abertamente a arbitragem, disse estar “desanimada com o sistema” e chegou a defender o auxiliar João Martins, punido após afirmar que “não é bom para o sistema o Palmeiras vencer duas vezes”. A mandatária não foi chamado para prestar esclarecimentos imediatos.

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A situação também evoca o episódio envolvendo John Textor, dono da SAF do Botafogo, que alegou possuir provas de manipulação de resultados. No caso dele, as acusações resultaram em processos na Justiça comum e ampla repercussão negativa. A diferença é que Boto não apresentou denúncia, apenas externou desconfiança diante de uma sequência de decisões polêmicas, algo corriqueiro no ambiente do futebol.

Outro ponto que gera controvérsia é o tratamento dado a dirigentes e árbitros. Recentemente, o próprio STJD denunciou Ramon Abatti Abel e o árbitro de vídeo Hilbert Estevão da Silva por falhas na partida entre São Paulo e Palmeiras. Ambos podem pegar até 120 dias de suspensão. Já os dirigentes do São Paulo, Carlos Belmonte e Rui Costa, que protestaram contra a arbitragem, podem ser punidos por até 180 dias. Ou seja, quem reclama pode ser penalizado mais severamente do que quem erra em campo.

A sequência de episódios levanta uma questão incômoda: até onde vai o direito à crítica no futebol brasileiro? Quando um tribunal desportivo transforma qualquer desabafo em caso de disciplina, corre o risco de deslegitimar o próprio debate sobre transparência e qualidade da arbitragem. “Instituições não podem ser questionadas”, essa parece ser ser a mensagem.

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Em temporadas recentes, ex-dirigentes do Flamengo, como Bruno Spindel e Marcos Braz, já foram punidos anteriormente por declarações semelhantes. Agora, com o caso de Boto, o cerco parece se fechar de vez. O temor é que o STJD esteja abrindo um precedente perigoso: o de punir não apenas quem acusa, mas também quem suspeita.

Em um cenário onde a CBF tenta fortalecer a imagem da arbitragem e a Libra vive conflitos internos, a nova ofensiva judicial soa mais política do que técnica. O futebol brasileiro, sempre propenso à desconfiança, parece ter encontrado um novo campo de disputa: o da liberdade de expressão.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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