Eu tinha esperanças no Mano. Os olhos azuis em plena compenetração, a seriedade ”gauchesca”, o currículo respeitável. Um homem que me passava um ”quê” de autoridade que muito me agradava. Eu tinha esperanças que um bom técnico aliado a uma diretoria pela qual muito torci, pudesse fazer do Flamengo um clube mais sério e o time de futebol ao menos digno. Mas a vida nem sempre é como vislumbramos, e no mundo do futebol não há como passar ileso a lei da bola: a pelota pune. E esse time do Flamengo é uma vergonha imensurável. Não digo pelo fato de não ter estrelas e nem um elenco temível. Refiro-me mesmo ao fato de não haver firmeza alguma nessa equipe. O time é um conjunto de desacreditados da pior espécie. Daquele tipo que apenas finge que acreditam no próprio potencial. E não há quem me convença que acreditam. Pois só um rendido sonha com o que é medíocre. Acredito que Mano soubesse disso, e com razão não o quisesse para sua vida profissional. Penso também que foi muito cedo para jogar a toalha, mas cada um que sabe quando o seu sapato aperta (em palavras menos educadas, arrega).
Não demoraram os clamores de toda pós-queda de treinadores no Fla. ”Chama o Andrade, ele resolve’‘. Será? Olha, eu sou fã do Andrade, da sua humildade e de tudo o que fez pelo Mengão, mas acho demais atribuir a ele a salvação desse timeco. Esse time do Flamengo não me parece se comprometer nem a respirar corretamente. E se o Andrade viesse, será que o seu jeito manso iria vencer a modorra mórbida do Mengão de Cadu e Cia? Não estou dizendo que ele não é o mais indicado para o cargo. Eu mesma iria me contentar com a escolha do Jorge Luís para nosso professor. Apenas uso minhas palavras para reforçar um fato: se não houver força de vontade, não vai haver mudança. E a força de vontade não depende apenas do cara que arma o time. Esse time que repete argumentos surrados nas entrevistas após os jogos, como se as palavras fossem mantras que atraíssem as vitórias, ou que aliviassem a nossa raiva.
Talvez eles se sintam muito bem do jeito que estão. Ganham bem, se divertem. Tem status de jogar no Flamengo. Eles não se preocupam com o que nós aqui, os idiotas, pensamos. Nós que enfrentamos filas, altos custos e engarrafamento para ver um time por diversas vezes apático, e também os que não vão, pois o time que veste o Manto Sagrado não honra a bastilha que veste. Nós que vamos a aeroportos cantar na chegada desses senhores. E que ajudamos a pagar os seus salários. Sócios ou não, cariocas ou não, somos a Nação, queremos respeito. E quando digo respeito, eu digo não ver mais o Fla pagar centenas de milhares de reais a um indivíduo que quase nada produz, a não ser raiva. Nem pagar outros muitos milhares para ter em campo um jogador que, ao contrário de fazer jus ao que foi gasto, em campo foi à personificação do nada. Quando eu digo respeito eu quero dizer ter um time que se não joga o fino da bola, ao menos luta para se aproximar de algo que se chame qualidade.
E hoje vivemos de nome, de história, de status, e principalmente, de esperança. Cada vitória com qualquer dose de energia nos revitaliza e nos faz esquecer por instantes a situação enlameada em que vivemos. E se não fossem esses momentos de alegria, coitados de nós. Em outra oportunidade, desejo contar como há alguns anos atrás o Flamengo me tirou da depressão. Mas sinceramente… Nessa toada ele me leva pra lá novamente.
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