O meu dia de Hexa – Foi Sinistro!
Bem, só posso dizer que foi sinistro aquele 6 de dezembro de 2009. Lembro que fui dormir absolutamente bem, mesmo com as emoções em alta. Acordei às 12h, na verdade nem acordei nesse horário, só acordei pra valer às 14h(faltavam 2 horas para o jogo começar) e me sentindo pesado. Comi uma fruta, bebi água e decidi ir para casa me fechar e assistir o jogo sozinho – carrego essa superstição comigo desde 2004, quando vi aquela final de Copa do Brasil diante do Santo André com meu primo, e perdemos daquela forma.
Só vieram me buscar às 15h55min, de forma que ficaram andando pela cidade vagarosamente por cerca de 7 minutos até chegar em casa. Até hoje quando vejo vídeos da entrada do Flamengo em campo e a torcida explodindo, me sobe uma raiva sem tamanho por não ter visto aquilo.
Continuando: cheguei em casa e corri pra TV como se fosse final de Libertadores. Liguei e tentei sentar no sofá e me tranquilizar. Não conseguia! E veio o primeiro gol… do Grêmio. Roberson (lembro até hoje o nome dele, não sei por que) desviando aquele escanteio, no primeiro pau e Bruno nem se mexeu. Naquele momento eu não sabia o que pensar. Não me deu vontade de chorar nem nada. Simplesmente não disse uma palavra, nem pensei em nada. Foi muito estranho, confesso. Não fiquei triste, apenas meio abalado e com medo do que estivesse por vir – porque poderia o Flamengo não conseguir virar o jogo como aconteceu.
Escanteio do Pet e bola quicando na área… sobrou para David Braz, que chutou de direita e empatou o jogo. Não comemorei (coisa mais estranha ainda), mas comigo mesmo eu dizia: “Vamos virar esse jogo, pelo amor de Deus!”
No intervalo, lembro-me de só ter bebido um pouco de água e sentado no sofá novamente. Não conseguia me distrair, sair na varanda pra respirar um pouco e me acalmar. Era como se eu fosse Andrade ali, que precisasse vencer pra garantir o emprego. Óbvio, ele não precisava, mas eu me sentia como se fosse ele na situação.
E veio o segundo tempo: Flamengo pressionava, tocava a bola, criava chances e nada, nada, nada. O Maraca aquele dia estava lotado, não com mais de 100 mil pessoas, nem perto disso, infelizmente. Mas eu imaginava: “Se sai o segundo gol, esse negócio vai abaixo e eu desabo aqui em lágrimas (terminei a frase arrepiando o corpo inteiro)”.
Jogada de Adriano e escanteio pro Flamengo. Pet seria substituído, mas uma força não sabe da onde, fez com quem ele não saísse naquele momento. Era como se alguém dissesse: “Não será você, como em 2001, mas você vai ajudar alguém entrar pra história junto contigo; alguém que merece assim como você”.
Bola pra área, escanteio muito bem cobrado por sinal. E a cabeça de Angelim, santa cabeça de Ronaldo Angelim, fez aquele Maraca tremer como nunca, jamais eu havia visto tremer. Lembro-me que gritei, mas, não sei de o porquê, não tive forças suficientes pra gritar como certamente gritaria hoje. Levantei, gritei abafadamente e dei socos no peito, socos que depois doeram muito (risos), mas que na hora eu nem senti. Comemorei timidamente (hoje me arrependo de não ter me soltado ao limite), porém com os socos no peito, e sentei no sofá com os batimentos lá na casa dos 200 por minuto.
A nação começou a cantar com uma voz linda e eufórica. Oitenta mil bocas gritando e cantando, e fazendo o Maraca tremer muito. Arrepiei! Cantei junto e as lágrimas vieram e voltaram (sempre fui difícil de emocionar, mas quando sai é ao mesmo tempo difícil de parar).
O jogo continuou e eu tremia muito e olhava para o relógio a todo instante. Eu era campeão brasileiro pela primeira vez (vendo ao vivo), mas a ficha não caía.
No fim do jogo, fui à varanda e gritei com toda força: “É campeão, porra!” Três pessoas que passavam perto da minha casa, olharam e sorriram sem entender – mas certamente sabiam o motivo.
Saí pra rua na esperança de comemorar muito, de encontrar amigos, ou mesmo apenas torcedores que me abraçassem e compartilhassem do momento. Eu vi o jogo sozinho por opção e sempre o farei enquanto aqui – na Paraíba – estiver. Só verei uma final acompanhada de qualquer pessoa, no dia que eu estiver num bar cheio de rubro-negros ou mesmo no Maraca.
Não comemorei muito, como quis aquele dia, mas é certo que foi o dia mais feliz da minha vida. Como sempre digo a todos: foi o dia que não fiz nenhuma refeição, literalmente, mas meu organismo me deu essa ‘folga’ (risos). O Flamengo alimentou minha alma e fez com que a não passagem de comida fosse suprida pelo amor. É clichê, mas foi o que realmente aconteceu. Tanto que me lembro de só ter comido de fato no dia 7 de dezembro.
Flamengo, a você agradeço por tudo que me proporcionaste desde 2001. Das piores raivas e tristezas que me fizeste passar, até as maiores alegrias que me fizeste ver e presenciar.
Queria encerrar esse texto, esse relato do dia mais feliz da minha vida, da melhor maneira possível, mas sei que passaria anos escrevendo. Por isso, vou escrever a frase mais simples e mais sincera que posso digitar agora e que digo sempre: Flamengo, eu te amo pra caralho!
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