Palmeirenses dizem que não ligam, mas até a Mancha Verde chorou pelo vice pro Flamengo
Quem acompanhou a noite da decisão da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras percebeu rapidamente como a narrativa palmeirense desabou. Os torcedores afirmaram logo após o apito final em Lima, que a derrota não trouxe tristeza, que o título de 2021 foi mais importante e que o vice era “só mais um jogo”. O discurso se espalhou pelas redes, ganhou fôlego e virou quase um mantra às avessas para alguns. Só que a própria torcida organizada do clube mostrou o contrário: houve choro, revolta e silêncio pesado, registrada em vídeos que circularam nas redes sociais
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A reação pública já indicava uma dissonância entre o que se dizia e o que se sentia. A tentativa de minimizar o impacto do primeiro tetracampeonato do Flamengo, e, por consequência, o quarto vice do Palmeiras, não resistiu aos relatos de quem esteve em Montevidéu em 2021 e alimentava, desde então, o desejo de revanche. Os dois clubes carregavam um histórico pesado na final. Ambos buscavam o tetra e tentavam abrir vantagem sobre o São Paulo. As circunstâncias tornaram a decisão ainda mais simbólica.
A linha do tempo ajuda a entender a temperatura dessa rivalidade recente. Em 1999, o Flamengo venceu a Mercosul em cima do adversário alviverde, em um ano em que o time paulista tinha elenco forte e conquistou sua primeira Libertadores. A partir dali, cada confronto decisivo ganhou contornos de provocação. Em 2020, os dois duelaram pela Supercopa, novamente com vitória rubro-negra. Em 2021, veio o golpe palmeirense na final continental, que abriu feridas profundas na torcida flamenguista. Em 2023, o Palmeiras deu o troco na Supercopa, mas o placar geral continuava equilibrado. Agora, com a Libertadores novamente nas mãos rubro-negras, o balanço se inclina de vez: três títulos do Flamengo sobre o rival em fases distintas e, do outro lado, dois triunfos palmeirenses mais recentes.
Dentro desse contexto, a dor reprimida começou a aparecer aos poucos. Vídeos de torcedores abraçados, alguns inconformados com o gol decisivo, outros repetindo entre soluços que “não foi nada”, deixaram evidente o que os discursos online insistiam em ocultar. O perfil Avante Palestra, bastante seguido entre torcedores do clube, sintetizou a frustração com um depoimento que viralizou: “Estou desolado, não tenho palavras para dizer o que estou sentindo. A carta do Daverson não serve mais para nada. Além de terem nos rebaixado com o gol do Love, agora têm Libertadores em cima da gente. Meu mundo desabou.”
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A reação dos programas esportivos também entregou o clima. Na TNT Sports, o ambiente era de velório, algo raro para um canal que se propõe a cobrir vários clubes de forma equilibrada. A repórter Monique Danilo até tentou puxar um tom mais leve, mas a mesa seguia arrastada, quase silenciosa. Foi mais um exemplo de como a disputa ultrapassou o campo e contaminou análises.
Se a torcida do Palmeiras realmente acreditasse que não doeu, não haveria motivo para tantos comentários defensivos nas redes. A analogia usada por um torcedor no pós-jogo ilustra bem: é como uma relação que termina de repente. A pessoa diz que está “bem”, que não sentiu nada, mas a realidade aparece nos dias seguintes. Futebol não é diferente. Um tropeço numa rodada qualquer pode ser digerido rápido; perder uma final para o maior rival do momento e assistir o adversário se transformar no maior carrasco da sua história recente é outra coisa.
Os números atuais reforçam essa sensação. O Flamengo venceu três decisões importantes contra o Palmeiras desde o fim dos anos 90. Nos últimos anos, também se tornou o clube que mais castigou o rival. Até no Brasileiro, em que os palmeirenses mantinham hegemonia desde 2017, o incômodo recente cresceu. E esse incômodo vira combustível para as provocações rubro-negras, que se intensificaram desde o apito final da Libertadores.
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Em meio a tudo isso, surgem depoimentos que contrastam com a narrativa do “não sentimos nada”. Robson Santos, torcedor do Flamengo, resumiu a percepção do lado vencedor: “Achei que morreria sem ver um título continental. Em sete anos, vi três. É bom demais.” Essa diferença emocional ajuda a explicar por que a derrota pesa tanto: além do troféu perdido, há a constatação de que o rival vive o seu auge enquanto o próprio clube tenta recomeçar.
O discurso palmeirense de resistência caiu não porque os rivais assim desejaram, mas porque os próprios vídeos, declarações e gestos o desmentiram. A dor ficou evidente. E, como toda derrota grande, ainda vai ecoar por bastante tempo.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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