Paparazzo inicia campanha contra vídeos conspiratórios sobre o Ninho do Urubu após distorção de fala de Filipe Luís
O jornalista Gabriel Reis, o Paparazzo Rubro-Negro, iniciou uma campanha pública contra a circulação de vídeos com teorias conspiratórias envolvendo o incêndio no Ninho do Urubu, depois que declarações recentes de Filipe Luís foram distorcidas por criadores de conteúdo. A mobilização ganhou força na última semana, quando um material publicado pelo canal Fatos Desconhecidos, que possui mais de 22 milhões de inscritos, passou a sugerir, sem qualquer evidência, que havia um “pacto” ligado às mortes dos jovens atletas. O vídeo foi denunciado em massa pelos torcedores e acabou privado. A ação de Paparazzo foi motivada pelo avanço desse tipo de conteúdo, que se alimenta de trechos fora de contexto e tenta transformar tragédia em narrativa sensacionalista.
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O caso ganhou dimensão porque não se trata do primeiro vídeo a explorar o tema. Dias antes, o influenciador Raiam Santos havia publicado um material que viralizou ao insinuar teorias semelhantes, sem provas e sem metodologia mínima. Esse vídeo, embora tosco, acabou servindo de ponto de partida para produções mais elaboradas. Criadores como Thiago Lima, por exemplo, reeditaram o tema com estética mais profissional, utilização de trechos de entrevistas, imagens de familiares das vítimas retiradas do documentário da Netflix e, principalmente, uma narrativa que vende mistério e desconfiança onde não há fatos. Nesse processo, a dor das famílias foi instrumentalizada sem autorização, algo que gerou revolta entre torcedores, jornalistas e influenciadores.
A mobilização de Paparazzo tomou forma a partir de um post no X (antigo Twitter), no qual ele chamou de “irresponsabilidade tremenda” o fato de canais grandes darem vazão a acusações sem fundamento. O jornalista publicou inclusive um tutorial mostrando como denunciar esse tipo de conteúdo na plataforma do YouTube. Em poucas horas, sua postagem gerou milhares de interações e desencadeou uma reação em cadeia, com torcedores marcando perfis que produziram vídeos semelhantes. “A nação precisa derrubar os canais vagabundos que estão acusando o Flamengo de fazer sacrifício. Isso é vergonhoso”, publicou.
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A repercussão mostra como certos conteúdos se espalham com velocidade desproporcional, especialmente em momentos de protagonismo do clube. O Flamengo vive uma temporada histórica, e a alta exposição gera audiência para qualquer produção que envolva o nome da instituição. É exatamente nesse cenário que se instala um ambiente ideal para quem busca engajamento fácil. Teorias conspiratórias florescem quando existe público para elas, e algoritmos tendem a privilegiar o que gera emoção, não necessariamente o que é verdadeiro.
A linha do tempo mostra a escalada do problema. Primeiro, Raiam Santos posta o vídeo gravado no carro. Em seguida, o TikTok amplia o alcance. Depois, canais médios replicam a teoria. Logo após, o Fatos Desconhecidos embarca no assunto e distribui a mesma narrativa para 22 milhões de pessoas. E, por fim, produtores como Thiago Lima assumem o papel de “tratadores de conteúdo”, oferecendo versão remixada do mesmo material, com edição profissional e venda de cursos de teorias conspiratórias. A ausência de qualquer critério comprobatório, seja científico, jornalístico ou documental, é total, e justamente por isso a mobilização para denunciar ganhou dimensão.
O incômodo maior entre quem acompanha o tema de perto é que famílias das vítimas nunca alimentaram essas teorias. Pelo contrário: lutam há anos para manter o foco em justiça, reparação e memória. A presença de suas imagens em vídeos que insinuam rituais ou sacrifícios foi vista como desrespeitosa e cruel. A exploração desse sofrimento funciona como gatilho emocional para atrair cliques, mas reforça um ambiente tóxico, no qual especulação se sobrepõe aos fatos.
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O movimento liderado por Paparazzo busca interromper esse ciclo. Seu pedido não foi para “defender o Flamengo”, mas para proteger a integridade da memória dos garotos e de suas famílias, além de impedir que narrativas criminosas continuem ganhando espaço. Embora o vídeo do Fatos Desconhecidos tenha sido retirado do ar, outros materiais seguem ativos. E a denúncia coletiva é, no momento, a ferramenta mais eficaz para impedir que plataformas amplifiquem esse tipo de desinformação.
O debate sobre responsabilidade digital não é novo, mas ressurge com força sempre que casos sensíveis voltam ao centro da discussão pública. Episódios como este mostram que, em um ambiente digital acelerado, vigilância e apuração continuam sendo instrumentos essenciais para impedir que tragédias reais sejam transformadas em espetáculos conspiratórios.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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