Precisam ser recuperados
Chegar no G4 é uma missão árdua para qualquer time deste Campeonato Brasileiro. Com o Flamengo, não é diferente. De 2003 até hoje, quando o Brasileiro passou a ser disputado em pontos corridos, em apenas duas vezes o Flamengo alcançou o pelotão da frente com autoridade e ali ficou até o fim (2007, para a Libertadores; 2009, pra ser campeão) – em 2011 o time ficou em 4º lugar ao fim do torneio, mas pelo período de quase 2 meses sem vencer, não mereceu a posição.
Para o jogo de hoje, contra o São Paulo em má-fase, Mano montou o time num 4-3-1-2. Em que González voltou à zaga acompanhando Chicão, Luiz Antônio ocupou a vaga de Leonardo Moura na lateral direita, e um trio de ‘volantes’ foi formado com Cáceres na direita, André Santos na esquerda e Elias centralizado. Trio de falsos volantes que Mano criou para que Elias pudesse avançar sem tanta obrigação de marcar o São Paulo, deixando-a para Cáceres e André Santos. Elias ficaria com a função de primeiro armador para auxiliar Gabriel que estava mais à frente, como um digno meia.
Moreno começou no banco, para aos poucos recuperar a posição que foi e está sendo ocupada por Hernane. E viu um Flamengo agressivo durante boa parte do primeiro tempo. Sim, não há time hoje no mundo que consiga manter a pegada e marcação pressão por 90 minutos, mas há estilos distintos. Como times que sufocam o adversário, o fazem recuar e tomar o gol. O Flamengo tenta fazer isso, mesmo que demonstre essa lentidão de alguns jogos, como diante do Goiás, que sofreu quando o time goiano reagiu e se impôs.
Foi um primeiro tempo de vários “Uh” da torcida. João Paulo se aventurava pela esquerda e centralizava em Nixon, que vinha de carrinho e não chegava a tempo. André Santos também arriscava para o gol quando era possível, ou até mesmo quando não era. Ele jogou numa posição que lhe permitia algumas vezes arriscar para o gol e tentar surpreender o São Paulo, mas o fez muito pouco, e não do jeito que queria. Não só André Santos, mas Gabriel e João Paulo alternavam jogadas em busca do gol. Numa delas, bola na cabeça de Nixon, que fez Rogério Ceni se esticar dentro do gol.
São Paulo que teve um gol anulado de Aloísio por toque de mão na bola. Depois de muita discussão, ficou visível.
No segundo tempo a feição do jogo mudou. O São Paulo que foi sufocado – pelo menos com chances criadas – no primeiro tempo, voltou aceso para o segundo. Ridículo não foi o primeiro tempo deles, mas sim, as seguidas vezes que Aloísio caía na área tentando de todas as formas um pênalti.
Há de se destacar a movimentação e ritmo nas trocas de passes deste Flamengo de Mano Menezes. Se vem pecando pela ausência da marcação pressão na saída de bola do adversário, vem conseguindo jogar com calma porém com inteligência. Quando não acha espaços ante a zaga fechada, toca, toca e toca a bola com rapidez, até encontrá-lo.
Com o esquema colocado em prática hoje por Mano, pode-se acontecer uma gradual evolução daqui pra frente. Porém alguns pontos precisam ser corrigidos: Nixon não atuou bem, enfiado no lado direito. Esquemas existem para ser respeitados, mas isso não impede que os jogadores iludam a marcação se deslocando, como forma de abrir espaços e criar novas chances. A bola aérea, sempre temida, é algo que com a presença de um zagueiro firme como Chicão, pode ser melhorada. Para o Flamengo sempre foi um temor esse tipo de jogada, por ter zagueiros lentos que não acompanham a jogada. González não é ruim, mas ainda acho que esqueceu seu futebol na Universidad de Chile – existe a estória dos 3 zagueiros, mas acho pouco provável que ele mostre uma evolução num esquema assim.
Mano ainda colocou Paulinho, Adryan e Moreno no decorrer do segundo tempo. Possivelmente atendendo a pedidos da torcida no “Mané” Garrincha. Enquanto Elias perdia pelo menos 3 chances chutando de longe e irritando Mano, em jogada de Paulinho servindo André Santos quase na marca do pênalti, o lateral que vem jogando como meia, isolou.
O jogo ia chegando ao fim e o São Paulo cada vez mais solto e achando espaços na zaga do Flamengo. O fim de jogo era dramático e angustiante para ambos os lados. O Flamengo roubava a bola em sua defesa e tentava sair em contra-ataque, mas errava um passe e o caminhão São Paulino vinha de novo com tudo, mas perdia as chances.
Numa dessas subidas do São Paulo, Luiz Antônio teria derrubado Lucas Evangelista na área. Pênalti totalmente discutível, pela forma bisonha como caiu o jogador do São Paulo. Na cobrança, Jadson tremeu, bateu mal e Felipe pegou, salvando o Flamengo de mais um resultado negativo.
O Flamengo vem em evolução em seu modo de jogar. Só que, algo fez o time parar, interromper a evolução – de certo ponto, rápida, que vinha mostrando. É um time veloz, que pensa rápido, mas vem se afobando muito na hora de decidir. Hoje foram pelo menos 30 chances durante todo o jogo, sendo muitas delas bem acima da trave.
O próximo compromisso do Flamengo é contra o Cruzeiro, quarta-feira, em Minas Gerais, pelas Oitavas de final da Copa do Brasil. E se quiser ter um 2014 sem tantas dificuldades, terá que lutar pelas duas competições. A raça, a técnica e o espírito Flamengo estão voltando, só que ao mesmo tempo estão sendo enfraquecidos. E precisam ser recuperados o quanto antes.
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