Presidente rival viraliza ao dizer que “Flamengo é outro mundo” e reconhecer a grandeza Rubro-Negra

Presidente rival viraliza ao dizer que “Flamengo é outro mundo” e reconhecer a grandeza Rubro-Negra

A declaração do presidente do Vitória, Fábio Mota, dada nesta semana no podcast Bar FC, viralizou rapidamente e reacendeu um debate que ultrapassa as fronteiras do clube baiano. Ao comentar o futuro das ligas nacionais e a ruptura recente com a Libra, Mota afirmou que o Flamengo pertence a “outro mundo”. O comentário, espontâneo e feito sem provocação, ganhou tração nas redes porque dialoga diretamente com o impasse que vem marcando as negociações sobre divisão de receitas no futebol brasileiro. O episódio levanta uma pergunta incômoda: por que o reconhecimento público da grandeza rubro-negra não se traduz no momento de definir os critérios de repartição?


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A fala de Fábio Mota não surgiu no vazio. Ele foi um dos dirigentes que se afastaram da Libra logo após o Flamengo mover uma ação judicial para esclarecer a metodologia dos 30% da fatia variável de audiência. A ausência de critérios objetivos criou um ambiente de desconfiança entre clubes de diferentes tamanhos, alimentando disputas que misturam política, mercado e identidade. Ao relembrar essa história recente, o presidente do Vitória trouxe um contraponto curioso, reconhecendo de maneira franca o peso desproporcional do Flamengo no cenário nacional.

Em seu relato, Mota disse que não há parâmetro possível para medir o rubro-negro com outros clubes. Citou vendas anuais de camisas que equivalem, segundo ele, a dois anos de orçamento do Vitória e lembrou que, na Bahia, comemorações por títulos cariocas chegaram a provocar carreatas. Também destacou que, entre os visitantes do Barradão, apenas o Flamengo esgota integralmente os ingressos destinados ao setor da torcida adversária, algo que ele atribuiu à força da marca e ao alcance consolidado no Nordeste.

O contraste entre essa admiração pública e o comportamento nas mesas de negociação foi o ponto central de nossa análise. Soa contraditório que dirigentes reconheçam a influência do Flamengo em episódios informais, mas rejeitem considerar esse peso quando se discute a repartição de direitos. A percepção se agrava quando parte da imprensa questiona indicadores como audiência e engajamento, num esforço que parece mais uma reação política ao protagonismo rubro-negro do que uma divergência metodológica.

Esse movimento ganhou contornos ainda mais nítidos na disputa pela Libra. A ação do Flamengo, pedindo critério claro para mensurar os 30% de audiência, gerou reações inflamadas, embora a maioria dos dirigentes saiba que audiências, assinaturas de pay-per-view, redes sociais e venda de produtos são métricas monitoradas pelo mercado há anos. Alguns comentaristas passaram a relativizar números que, por muito tempo, foram tratados como parâmetros seguros. Em paralelo, dirigentes como Alexandre Mattos, hoje no Cruzeiro, já admitiram publicamente que o Flamengo vende milhões de camisas por ano, reforçando o contraste entre o discurso e a prática na hora de negociar coletivamente.

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A repercussão da entrevista também alimentou discussões antigas sobre a presença do Flamengo fora do eixo Rio–São Paulo. Mota recordou seu próprio interior baiano e o impacto que vitórias rubro-negras tinham na comunidade local. Esse traço cultural, segundo ele, atravessa gerações e explica por que o clube ocupa uma dimensão que vai além das quatro linhas. A coisa vai além quando lembramos como o Rubro-Negro aparece na literatura, na música, na dramaturgia, no cinema e em manifestações populares. O time não é apenas um fenômeno esportivo, mas um elemento da vida cultural brasileira, citado desde os anos 40 por autores como Mário Filho.

Essa universalidade, porém, desaparece quando o debate se torna financeiro. Clubes que reconhecem, em entrevistas, a diferença abissal de orçamento ou alcance, reagem com resistência quando o Flamengo afirma que deveria receber mais por entregar mais. A palavra “soberba” costuma surgir nessas horas, embora a lógica de mercado seja aplicada com naturalidade em qualquer setor que não seja o futebol.

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Na parte final de sua entrevista, Fábio Mota afirmou que o futebol brasileiro se aproxima de um modelo parecido com o europeu, no qual duas ou três marcas dominam o mercado. Para ele, Flamengo e Palmeiras caminham para ocupar esse espaço, com estruturas e investimentos muito acima dos demais. Essa leitura organizacional vai ao encontro de dados recentes sobre faturamento, folha salarial e engajamento digital.

A fala do dirigente, apesar de carregada de sinceridade, expõe exatamente o dilema que move a disputa pela criação de uma liga nacional. Todos reconhecem a assimetria, mas poucos aceitam lidar com ela na hora de definir os números. Enquanto isso, o Flamengo segue no centro da discussão, ora exaltado pela força que mobiliza em todo país, ora criticado por colocar essa mesma força sobre a mesa.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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