PVC chama contribuição técnica do Flamengo de pressão e distorce debate sobre gramados

PVC chama contribuição técnica do Flamengo de pressão e distorce debate sobre gramados
Imagem: Reprodução/Youtube

Quem acompanha o debate recente sobre gramados no futebol brasileiro percebeu que a discussão deixou rapidamente o campo técnico para se transformar em disputa narrativa. O estopim foi a contribuição formal apresentada pelo Flamengo à CBF, com um estudo detalhado sobre padronização dos campos no país, entregue dentro dos canais institucionais previstos. O que deveria gerar aprofundamento técnico acabou sendo tratado, em parte da imprensa, como gesto político indevido, suposta pressão e até desvio de fórum, interpretação que ganhou força após comentários feitos por Paulo Vinícius Coelho, o PVC.


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O que o Flamengo fez, no entanto, está documentado. O clube protocolou um estudo com parâmetros técnicos, prazos de transição e referências internacionais, propondo que o futebol brasileiro caminhe, de forma gradual, para padrões semelhantes aos adotados nas principais ligas do mundo. A sugestão não previa mudanças imediatas nem imposições unilaterais. Pelo contrário: indicava substituição progressiva dos gramados sintéticos na Série A até 2027 e na Série B até 2028, além da criação de critérios mínimos de qualidade tanto para campos naturais quanto artificiais.

Onde a narrativa começa a se distorcer é na afirmação de que o Flamengo teria levado o tema para a festa de premiação do Brasileirão, tratando o assunto em ambiente inadequado e pressionando a CBF. O registro dos fatos mostra outra coisa. O tema surgiu apenas porque o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, foi questionado por jornalistas durante o evento. Não houve apresentação de estudo, entrega de documento ou tentativa de deliberação naquele momento. Houve resposta a uma pergunta, algo absolutamente comum em eventos públicos do futebol brasileiro.

Ao classificar essa resposta como “pressão”, PVC não apenas atribuiu uma intenção inexistente ao clube, como transformou uma interpretação pessoal em informação. A palavra “pressão”, como o próprio admite, não veio da CBF. Ainda assim, apareceu como manchete e passou a circular como se fosse posição institucional da entidade. Esse deslocamento é central para entender o ruído criado em torno do tema.

A contradição se torna mais evidente quando se observa o histórico recente do próprio comentarista. Em diversas ocasiões, PVC criticou dirigentes por reclamarem de arbitragem sem apresentar soluções. Quando o Flamengo apresenta um estudo técnico, embasado, com referências internacionais e cronograma de adaptação, a iniciativa deixa de ser vista como contribuição e passa a ser enquadrada como incômodo político. O critério, nesse ponto, muda conforme o emissor da proposta.

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O debate sobre gramados, aliás, não é trivial. Em 2026, a Série A poderá ter até seis clubes mandando jogos em campos sintéticos, número recorde na história do campeonato. Palmeiras, Botafogo, Atlético Mineiro, Athletico Paranaense, Chapecoense e, eventualmente, Vasco, compõem esse cenário. Em ligas como a holandesa, situação semelhante levou à definição de um prazo de pouco mais de três anos para a eliminação do sintético. A Inglaterra, referência frequente, sequer admite esse tipo de superfície em suas principais divisões.

O Flamengo, ao propor padrões mínimos de rolagem da bola, absorção de impacto, rigidez do solo, drenagem e manutenção, toca num ponto sensível: a desigualdade estrutural do campeonato. Hoje, o futebol brasileiro convive com extremos. De um lado, campos artificiais de última geração. De outro, gramados naturais em condições precárias, frequentemente chamados de “pastos” por atletas e treinadores. Padronizar não é simplificar o debate, mas qualificá-lo.

Nesse contexto, causa estranheza a tolerância com notas políticas vagas, como as divulgadas por clubes defensores do sintético, e a severidade direcionada a um estudo técnico que propõe transição, e não ruptura. A reação desproporcional revela mais sobre o ambiente do debate do que sobre o conteúdo apresentado.

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A incoerência não está apenas na crítica ao Flamengo, mas na dificuldade de parte da imprensa em separar análise técnica de leitura política enviesada. Ao transformar contribuição em afronta e sugestão em pressão, o debate se empobrece. O futebol brasileiro, que já atrasou décadas em temas estruturais, perde mais uma oportunidade de discutir com seriedade um problema real.

No fim, a questão é simples: ou o país enfrenta de maneira técnica a discussão sobre gramados, ou continuará preso a narrativas convenientes, onde o mensageiro importa mais do que a mensagem. O estudo do Flamengo pode ser aceito, rejeitado ou ajustado. O que não deveria acontecer é ser desqualificado por uma história que não se sustenta nos fatos.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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