PVC se contradiz ao vivo e evita chamar o Flamengo de melhor time do Brasil
A discussão aconteceu ao vivo em um programa de debate no UOL apresentado por Domitila Becker, e ganhou repercussão imediata nas redes sociais pela contradição explícita de um dos comentaristas mais influentes do país. Paulo Vinícius Coelho, o PVC, afirmou em um primeiro momento que o Flamengo foi o melhor time da temporada, mas minutos depois resistiu a reconhecer o clube como o melhor do Brasil e da América do Sul, mesmo diante de um currículo de títulos quase completo em 2025. A incoerência, exibida no mesmo programa, reacendeu o debate sobre critérios jornalísticos, relativizações excessivas e a dificuldade de admitir uma hegemonia clara.
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O episódio ocorreu após a última rodada decisiva do Campeonato Brasileiro de 2025, quando a bancada discutia o desempenho do Flamengo, campeão nacional com uma rodada de antecedência. Ao ser provocado diretamente sobre o tema, PVC reconheceu os números e o contexto. Disse que o time rubro-negro foi o melhor da temporada, campeão brasileiro e da Libertadores, classificando o título como indiscutível. Destacou ainda a capacidade de resiliência da equipe em momentos críticos do ano, como nas fases mais tensas da campanha continental, citando confrontos difíceis e decisões por pênaltis.
O discurso mudou quando a apresentadora aprofundou a pergunta e mencionou, em sequência, os dados objetivos da temporada. Àquela altura, o Flamengo era o atual campeão brasileiro, da Libertadores, da Copa do Brasil, da Supercopa do Brasil e do Campeonato Carioca. Restava apenas a disputa do Intercontinental para fechar o calendário. A provocação foi direta: diante desse cenário, seria possível dizer que o Flamengo era o melhor time do Brasil e da América do Sul?
A resposta veio com hesitação. PVC passou a usar outra moldura conceitual, afirmando que o Flamengo era “o maior time da temporada”, mas não necessariamente o melhor. O argumento usado para sustentar a mudança foi a comparação com 2019, ano da equipe comandada por Jorge Jesus, considerada por muitos como o time mais avassalador do futebol brasileiro no século. Segundo o comentarista, o Flamengo atual não teria o mesmo encantamento daquele período.
A contradição ficou evidente porque o parâmetro havia sido alterado dentro da mesma análise. Num primeiro momento, o critério foi desempenho e conquistas na temporada corrente. No segundo, a régua passou a ser histórica e comparativa com uma equipe de seis anos atrás, inserida em um contexto esportivo completamente diferente. Em 2019, o Campeonato Brasileiro tinha menor capacidade de investimento, menos jogadores estrangeiros de alto nível e raríssimos técnicos internacionais. O próprio PVC reconheceu isso ao afirmar que, se o nível do torneio fosse o mesmo de hoje, o domínio daquele Flamengo talvez não tivesse sido tão amplo.
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O problema é que esse argumento desmonta a tese seguinte. Se o campeonato atual é mais competitivo, mais qualificado e financeiramente mais robusto, vencer tudo em 2025 carrega peso maior, não menor. O Flamengo conquistou quatro títulos no ano dentro de um calendário inflado, enfrentando adversários mais estruturados e times com capacidade de investimento muito superior à realidade de 2019. Ainda assim, terminou no topo em praticamente todas as frentes.
Os números reforçam essa leitura. O clube ganhou o Campeonato Carioca, a Supercopa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Libertadores. Caiu no Mundial, em um contexto extremamente desfavorável, e ainda tem pela frente a disputa do Intercontinental. Para além do dado cru, há uma regularidade competitiva que atravessou toda a temporada, com desempenho sólido mesmo em jogos de maior pressão.
Ao relativizar esse conjunto, a análise de PVC passou a soar menos técnica e mais retórica. Não houve indicação objetiva de qual equipe teria sido melhor em 2025 nem apresentação de critérios claros que sustentassem a recusa em atribuir ao Flamengo o posto máximo naquele momento. A resposta ficou no campo da impressão subjetiva, o que contrasta com o método analítico que historicamente marcou o trabalho do comentarista.
A incoerência ganha contornos mais evidentes quando se observa o comportamento da mídia em temporadas anteriores. Em anos de domínio paulista, especialmente quando Palmeiras ou Corinthians conquistavam títulos nacionais e continentais, a chancela de “melhor time do país” vinha de forma quase automática. Não se exigia encantamento estético nem comparações com elencos históricos para validar a hegemonia. Bastava vencer.
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Em 2025, o Flamengo reuniu títulos, desempenho, solidez emocional e capacidade de se reinventar ao longo do calendário. Comparar esse time com o de 2019 como mecanismo para negar sua força atual não é apenas um erro de recorte histórico, mas uma forma de deslocar o debate quando os fatos conduzem a uma conclusão inequívoca.
A pergunta feita no programa permanece sem resposta objetiva. Se o atual campeão do Brasileiro, da Libertadores, da Copa do Brasil, da Supercopa e do estadual não é o melhor time do Brasil e da América do Sul, quem é? O silêncio posterior e a mudança de critério sugerem que a dificuldade não está nos números, mas na aceitação deles.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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