Série – #Zico60Anos – O meu avô, o Flamengo e Zico!

Série – #Zico60Anos – O meu avô, o Flamengo e Zico!

Vô, por que o senhor está chorando? – perguntei, preocupada. Nunca tinha visto o meu avô chorar. Ele assistia a uma reportagem na TV. Eu devia ter uns seis ou sete anos e estava ansiosa pela resposta. Ela veio com uma emoção que jamais esqueci.

Minha filha, está vendo aquele rapaz ali? Ele abreviou a carreira de um dos homens que mais me deu alegrias na vida, o Zico! Depois dessa contusão, o Zico sofreu muito para jogar pelo Flamengo. O joelho dele inchava, mas, mesmo assim, ele fazia esforços incríveis para entrar em campo – disse meu avô, com os olhos marejados.

Meu avô adorava reunir os netos para falar sobre o Flamengo, as viagens que fez para acompanhar o clube, e, claro, sobre seus ídolos. Zico sempre era o grande protagonista das histórias. Mas aquele dia foi diferente. Eu era a única espectadora e, entre os netos, talvez a única que o viu chorar.

A partir daquele momento, me tornei uma torcedora fanática do Flamengo e de Zico! Queria entender por que a dor daquele homem era capaz de fazer meu avô chorar. Foi através de Zico que descobri o significado de ídolo, mito, rei…

Meu avô tinha livros, fitas K7, VHS com jogos, gols e documentários sobre o Flamengo e sobre Zico. Toda semana, quando ia à casa dele, me trancava no escritório por horas, lendo livros e assistindo aos jogos. Aos poucos, me tornei uma verdadeira expert no assunto! Não só de Flamengo, mas de futebol em geral. Minha mãe ficava preocupada – ela tinha me criado para ser uma princesa, falar de moda, e não discutir futebol com marmanjos.

Para mim, Zico é muito mais que um ídolo. Jamais haverá outro igual! Nunca o vi jogar ao vivo, mas sinto como se tivesse acompanhado cada jogo daquela geração. Um homem que tirou lágrimas do meu avô não podia ser qualquer homem. Tinha que ser O HOMEM. Tinha que ser ZICO! Como diz meu parceiro de blog, Tulio Rodrigues (@PoetaTulio): “Zico é o símbolo do Flamengo que deu certo!” Não poderia concordar mais!

Meu avô faleceu no dia 20 de dezembro de 2009, aos 89 anos. Ele não acordou de um sono profundo. Mesmo debilitado pela diabetes, quatorze dias antes estávamos no Maracanã assistindo ao Flamengo conquistar o Hexacampeonato Brasileiro. Meu avô vestia sua velha e nostálgica camisa 10 da Adidas, dos anos 80. Ele gritou, vibrou e xingou como nos velhos tempos. Foi um dia inesquecível.

Antes de partir, ele me deixou todo o seu acervo do Flamengo. São incontáveis camisas – algumas verdadeiras raridades –, casacos, livros, VHS, DVDs… Tive que destinar um cômodo inteiro da casa para guardar tudo. Quando sinto saudades dele, vou até lá. É como se estivéssemos juntos novamente.

Eu não poderia falar de Zico sem falar do meu avô. Da única vez que o vi chorar, lágrimas motivadas pelo sofrimento do Galinho de Quintino. Ao longo da minha vida, descobrindo o Flamengo e Arthur Antunes Coimbra, entendi que as lágrimas do meu avô não foram em vão. Assim como as que escorrem dos meus olhos agora, enquanto escrevo este texto.

Obrigada, vô. Obrigada, Zico.

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