Um mês pra refletir.

Tulio Rodrigues

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Era em ritmo de treino. E mais parecia um treino do que um jogo valendo 3 pontos num campeonato de pontos corridos. Marcação forte, tabelas, infiltrações, toques de primeira e um baile. Dentro de campo o Flamengo perdia por 3 a 0, errava tudo que tentava e ouvia uma imensidão de provocações da torcida do Cruzeiro. Que pareciam não ter fim!

Porém, é um erro dizer que o time tentava algo. Como também é um erro acreditar que o mesmo está sendo bem armado e mandado pro jogo. Mais uma vez Ney Franco usa um covarde 3-5-2 disfarçado de 4-4-2, ou vice-versa. Em que ele coloca 3 zagueiros e mais 3 volantes. Reforçar a marcação é sempre preciso, principalmente num time que sofre muitos gols por falhas individuais e coletivas, além da falta de treinos táticos. Mas hoje, o que se vê no Flamengo é uma bagunça completa, além de uma evidente e irritante falta de preparo físico.

Enquanto o Cruzeiro corria, se doava em campo sem correr muito e fazia um 3 a 0, ainda no primeiro tempo, com ampla facilidade pra jogar e fazer seu resultado, o Flamengo temia. A única chance de gol que teve em todo jogo, foi no início do primeiro tempo com Negueba arriscando de fora de área, uma bola que nem sequer assustou Fábio.

O “respeito” que os Cruzeirenses tiveram com o Flamengo era tão grande que Borges, ao fim do primeiro tempo, em entrevista a um repórter falava em se punir por ter perdido uma chance pouco antes de marcar o terceiro gol, devido à fragilidade de Paulo Victor – que pode ter seus defeitos, mas, se uma zaga, um time em si não ajuda, não há goleiro que salve uma derrota. A falta de respeito do time do Cruzeiro perante o time do Flamengo pode ser uma falha deles, mas longe de ser motivo para isentar qualquer membro do elenco do Flamengo.

Ney Franco tem falhado muito e não tem voz à beira do campo pra contagiar o time a se recuperar num momento difícil. Léo Moura com a faixa de capitão é como colocar um tímido a frente de um protesto. Não tem voz, não tem pulso, há pelo menos 5 anos não tem jogado bem e, se tiver o menor senso de inteligência, sabe que já passou da hora de entregar sua vaga.

A torcida cobra, vaia, xinga, e se irrita ao extremo com razão. À diretoria, cabe saber agir da melhor forma possível, de forma a não comprometer sua filosofia de alívio financeiro e ao mesmo tempo reforçar o time com material humano e psicológico. O Flamengo é grande, muito grande, e não deve permitir falta de empenho de quem o representa. Seja em campo ou fora dele. O Campeonato Brasileiro pára e só volta após a Copa do Mundo. Até lá, diretoria, comissão técnica, jogador, cozinheiro, manobrista, limpador de piscina, segurança, roupeiro, massagista, fisioterapeuta, médico, todo mundo tem que chamar a responsabilidade, mesmo que não saiba como ajudar. Será 1 mês pra refletir, trabalhar duro e voltar dignamente, dispostos a se matar no campo e fora dele pra fazer esse time engrenar  e agir como grande, aliás, gigante como é.

E deixo aqui meus parabéns ao time do basquete, que na realidade é um timaço. Uma taça atrás da outra, com um trabalho sensacional de seus integrantes e há meses de serem campeões mundiais, ante o Maccabi Elektra Tel Aviv. E tudo isso, além de um ótimo time, foi conquistado na raça. Algo que sempre existiu nas conquistas do Clube de Regatas do Flamengo.

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