VOCÊ SABIA? A ORIGEM E A HISTÓRIA DO CHORORÔ: DA MÚSICA À COMEMORAÇÃO DE SOUZA

VOCÊ SABIA? A ORIGEM E A HISTÓRIA DO CHORORÔ: DA MÚSICA À COMEMORAÇÃO DE SOUZA

Todo mundo lembra da comemoração de Souza fazendo o chororô, certo? Mas você conhece a origem dessa comemoração e da música que ganhou uma paródia eternizada pela torcida do Flamengo em 2008?


Você também pode acompanhar essa e outras análises no formato podcast no Spotify, Deezer, Amazon, iTunesGoogle PodcastsCastbox e Anchor.


Vamos começar pelo fim. No dia 27 de fevereiro de 2008, em jogo válido pela fase de grupos da Libertadores, o Flamengo venceu o Cienciano por 2 a 1. Souza abriu o placar aos 38 minutos e comemorou com o gesto que o eternizaria no Rubro-Negro e no futebol brasileiro: o famoso chororô. Mas o que motivou essa comemoração?

Três dias antes, em 24 de fevereiro, Flamengo e Botafogo decidiam a Taça Guanabara. Wellington Paulista abriu o placar para o alvinegro. Aos 14 minutos do segundo tempo, Ferrero agarrou Fábio Luciano dentro da área e Marcelo de Lima Henrique marcou pênalti. Souza foi buscar a bola na rede de Castillo, arrumou confusão e acabou expulso junto com Zé Carlos, jogador adversário.

Aos 46 minutos, Diego Tardelli fez o gol da vitória e do título para o Flamengo. Na coletiva, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, com todos os jogadores ao seu lado, colocou o cargo à disposição chorando. O volante Túlio, também chorando, pediu que os torcedores não fossem mais aos jogos do Campeonato Carioca.

CASO PREFIRA OUVIR:

A cena, inédita no futebol, rapidamente virou motivo de piada, e a torcida do Flamengo não deixou barato. A paródia da música “Ninguém Cala”, cantada pela torcida do Botafogo, nasceu ali, no calor da rivalidade, e seria eternizada graças à criatividade de um rubro-negro apaixonado: o professor de jiu-jítsu Daniel Hortegas. Integrante da Raça Rubro-Negra, Daniel apresentou a versão a Lula da Raça em uma noite comum, quando os dois se dirigiam a uma boate. Ele insistia que a música precisava ecoar das arquibancadas.

No dia do jogo, Lula resolveu atender ao pedido do amigo e puxou a canção ainda no esquenta da torcida, antes da bola rolar. O ensaio foi bem recebido. Durante a partida, já à frente da Raça Rubro-Negra, Lula não hesitou: levantou a voz e entoou os versos que mudariam a história das provocações — “e ninguém cala esse chororô...”. Daniel estava ao seu lado, testemunha do instante em que a brincadeira virou fenômeno.

O efeito foi imediato. Em poucos minutos, o Maracanã inteiro cantava em uníssono, como uma onda que se espalha e ganha força. “A arquibancada virou um tsunami”, recorda Lula. Nascia, ali, um dos capítulos mais icônicos, irreverente, e histórico da memória da bancada rubro-negra.

A música original “Ninguém Cala” — que deu origem à paródia do chororô — já era a terceira versão da mesma canção. Tudo começou entre 2004 e 2005 com os Ultras Tuff Boys, torcida organizada do Futebol Clube do Marco, fundado em 1927. O time disputava a segunda divisão naquela temporada, e seus torcedores criaram a canção.

A equipe foi extinta em 2008. Em 2009, transformou-se em SAF e hoje se chama Marco 09. Jamais atuou na primeira divisão do futebol português.

LEIA MAIS:

Em 2006, a torcida organizada Super Dragões, do Porto, criou uma adaptação da canção dos Tuff Boys chamada “Ninguém Cala Este Nosso Amor”. A partir do recém-criado YouTube, Leonardo Pereira, torcedor do Botafogo, conheceu o canto português e fez mais uma adaptação, desta vez para o clube alvinegro. A paródia criada por Daniel Hortegas da Raça Rubro-Negra, que inspirou Souza, foi, portanto, a quarta versão dessa música.

O chororô entrou para a história, virou bandeiras na arquibancada e para o folclore do futebol brasileiro, gerando um legado de provocações ao Botafogo, que até hoje sente quando a música é entoada ou quando o gesto é feito. Ao longo dos anos, outros jogadores do Flamengo repetiram a comemoração.

Em 2013, nas quartas de final da Copa do Brasil, Hernane Brocador fez três gols na goleada por 4 a 0 sobre o Botafogo. No segundo, comemorou com o chororô. Cinco anos depois, em 2018, foi a vez de Vinícius Júnior, na vitória por 3 a 1 na semifinal da Taça Guanabara.

No ano seguinte, em 2019, no primeiro turno do Brasileirão, Gabigol fez o gesto na vitória por 3 a 2. No returno, nova vitória rubro-negra por 1 a 0 no Engenhão, e Lincoln, autor do gol salvador, também fez o chororô, deixando os botafoguenses irritados.

A última vez foi em 2023, pelo Campeonato Brasileiro, na vitória por 2 a 1 no Engenhão. Bruno Henrique marcou, fez o gesto e colocou o Botafogo em crise. Além da comemoração já tradicional, o treinador pediu demissão na coletiva, reeditando a cena de 2008.

E aí, qual chororô foi o mais marcante e inesquecível para você? Saudações rubro-negras, e ninguém cala esse chororô!

Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

+ Siga o Blog Ser Flamengo no Instagram, no Facebook, no Twitter, no Youtube e no Dailymotion

Comentários

Descubra mais sobre Ser Flamengo

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Tulio Rodrigues

Deixe uma resposta