1930 a 1939
A década de 1930 foi marcada pelo jejum de títulos do Flamengo no futebol. Ocupado com o início das obras no terreno da Lagoa, o clube passou pelo maior período sem conquistas no esporte mais popular. Após a brilhante vitória de 1927, o Flamengo só voltou ao topo do futebol carioca doze anos depois, em 1939, já com seu estádio construído.
Entre 1936 e 1938, o tricolor conquistou o campeonato carioca, deixando o Flamengo com o vice-campeonato. No entanto, a espera valeu a pena, pois o título de 1939 evitou, pela segunda vez, o tetracampeonato do Fluminense. O rival, que havia contratado quase toda a seleção paulista e vencido o tricampeonato nos anos anteriores, foi superado por um Flamengo que contava com craques como Yustrich, Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Valido e Jarbas. O rubro-negro não perdeu nenhum dos três confrontos contra o tricolor, vencendo dois deles por 2 a 1, e coroou a campanha com uma vitória sobre o Vasco por 4 a 0.
Construção da Gávea
Em 14 de novembro de 1931, através do decreto municipal 3.686, o Flamengo garantiu o direito de cessão e aforamento do terreno da Lagoa por um período de 60 anos. Ali, o clube construiu seu primeiro estádio de futebol, inicialmente cercado por madeira.
No dia 28 de dezembro de 1933, o então presidente José Bastos Padilha pagou uma taxa de 497 contos de réis, permitindo que o Flamengo desse início à construção do estádio da Gávea, o Estádio José Bastos Padilha, com capacidade para 6 mil espectadores.
Durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental, o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto, foi homenageado. Em 10 de janeiro de 1935, sob pressão da prefeitura, o presidente Padilha anunciou a conclusão do muro de alvenaria em volta do terreno, uma exigência do contrato. Além disso, foram instalados quatro portões de madeira, uma pista de atletismo em torno do campo, água para irrigação do gramado e chuveiros nos vestiários, além de luz elétrica e telefone.
Em 14 de março de 1936, o Conselho Deliberativo autorizou o início das obras das arquibancadas do estádio. Foram arrecadados 500 contos de réis para a Comissão de Obras, formada por Mário Rebello de Oliveira, Manuel Joaquim de Almeida, Comandante Alberto Lucena, José Manoel Fernandes, Gustavo de Carvalho e Alejandro Baldassini. A primeira estaca, de um total de 160, foi cravada em 9 de agosto de 1936, numa cerimônia simbólica. O custo inicial da obra foi de 360 contos de réis, e o preço total do estádio foi avaliado em 1 milhão e 100 mil contos de réis, sob a responsabilidade da Construtora Pederneiras S.A.
Para manter o andamento das obras, o Flamengo lançou títulos de sócio proprietário, com aprovação do Conselho Deliberativo em 9 de janeiro de 1937. Foram emitidos 100 títulos a 4 contos de réis cada, e o sucesso foi imediato: todos foram vendidos em 30 dias, arrecadando 400 contos de réis. Mais 100 títulos, agora a 5 contos de réis, também foram rapidamente vendidos, acrescentando 500 contos de réis aos cofres do clube.
As obras avançavam rapidamente quando o presidente Padilha renunciou ao cargo, alegando cansaço após cinco anos lutando pela construção do estádio. Raul Dias Gonçalves assumiu a presidência e concluiu o mandato até 31 de dezembro de 1938.
Durante o mandato de Raul Gonçalves, o conselheiro Oscar Esposel sugeriu que a inauguração do Estádio da Gávea ocorresse em 15 de novembro de 1938, para coincidir com o 43º aniversário do clube. No entanto, a inauguração aconteceu antes, em 4 de setembro de 1938, com um jogo entre Flamengo e Vasco. Embora o Vasco tenha vencido por 2 a 0, a alegria dos rubro-negros foi enorme por finalmente terem sua nova casa concluída.
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