Conheça as fragilidades do contrato da Libra/Globo assinado por Landim e a luta atual do Flamengo

No dia 8 de abril de 2024, o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou o novo contrato de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para o período entre 2025 e 2029, firmado com a Rede Globo através da Libra. O processo, no entanto, foi marcado por pressa, divergências internas e críticas sobre a forma como a diretoria conduziu as negociações. Em apenas cinco dias, os conselheiros foram convocados a avaliar um documento complexo, que previa impactos diretos nas receitas futuras do clube.
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O contrato havia sido assinado pela Libra no dia 8 de março, com prazo de 30 dias para que os clubes apresentassem alterações. No Flamengo, porém, o Conselho só foi convocado em 3 de abril para deliberar no dia 8, último dia do prazo. Os pareceres das comissões de finanças, jurídica e do conselho fiscal, essenciais para embasar o voto dos conselheiros, chegaram incompletos e em cima da hora. Em alguns casos, como o parecer jurídico, só foram disponibilizados às 17h do próprio dia da reunião, que começaria às 18h30.
A condução atropelada do processo gerou forte reação. Conselheiros produziram tabelas comparativas com o contrato anterior, apontando perdas significativas, especialmente em relação ao pay-per-view. Em 2023, o Flamengo havia recebido quase R$ 180 milhões dessa receita, somando cadastro de assinantes e garantia mínima. No novo acordo, o valor projetado cairia para pouco mais de R$ 21 milhões.
Outro ponto sensível estava nas cláusulas de adesão. O contrato exigia no mínimo nove clubes, incluindo Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Corinthians, para que 65% dos valores fossem pagos. Sem o Corinthians, que já havia sinalizado sua saída da Libra, o percentual caiu para 55%. Além disso, reduções automáticas estavam previstas caso um dos quatro grandes não disputasse a Série A. A Comissão Permanente de Finanças alertou que a projeção feita pela diretoria considerava a presença do Corinthians, distorcendo os valores reais.
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As críticas também atingiram aspectos de marketing. A Globo não assumiu compromissos de inserção na programação, restringiu parcerias com empresas concorrentes e não diferenciou os clubes em função de engajamento ou audiência. Na prática, o Flamengo teria o mesmo peso de clubes de torcida reduzida, como o Mirassol.
Apesar dos alertas, a diretoria mobilizou sua base política para garantir a aprovação. Alterações em pareceres foram registradas, e a votação acabou polarizada entre situação e oposição. Para sustentar o contrato, vice-presidentes como Gustavo Oliveira e Rodrigo Dunshee divulgaram textos defendendo a Globo e atacando críticos internos. Oliveira chamou as perdas de “narrativas”, enquanto Dunshee destacou a diferença entre Flamengo e rivais e criticou experiências alternativas de transmissão que haviam sido testadas.
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A aprovação do contrato abriu espaço para questionamentos que ainda ecoam. De acordo com cálculos da Comissão de Finanças, o Flamengo perderia na ocacião até R$ 366,5 milhões em cinco anos em comparação ao modelo anterior. A pressa na tramitação e as mudanças em documentos oficiais reforçaram a percepção de que a diretoria priorizou o alinhamento político em detrimento da análise técnica.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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